Passar para o conteúdo principal

Skydrift Infinity - Review - Um recreio nos céus

Pronto para descolar.

Um remaster eficiente no tratamento arcade, ao acrescentar novas manobras e aviões, mas parco em conteúdos e com visuais algo datados.

Por estes dias é a versão Xbox Series X/S de Microsoft Flight Simulator que opera as delícias dos fãs de simuladores de aviação. Com o tráfego aéreo em alta, é provável que muitos não tenham reparado na passagem de Skydrift Infinity, um remaster do original produzido pela Digital Reality, para PC, Xbox 360 e PS3, no já distante ano de 2011. Por contraste com o simulador da Microsoft, esta é uma experiência do tipo arcade, na qual manobramos aparelhos aéreos em ambientes demarcados do globo, em acesos despiques. Controlam-se aviões como quem conduz um kart numa pista. Corta a meta em primeiro aquele que não é apenas o mais rápido nas manobras, mas quem também tira partido dos power ups disponíveis e é mais rápido e certeiro no botão dos disparos, porque aqui também pode haver combate quando sai um power up que permite enviar um míssil ao adversário.

Skydrift Infinity é um remaster de um jogo com quase dez anos. Infelizmente, não se apresenta melhorado graficamente, o que começa por ser algo datado à priori, mas acrescenta outros melhoramentos, nomeadamente uma pista nova, um conjunto de manobras inéditas e ecrã para 4 jogadores ao nível multiplayer local. Não obstante o bom trabalho da HandyGames (o jogo é publicado pela THQ), percebe-se que é um título com alguma idade, de há duas gerações de consolas. No entanto, é no ritmo arcade e na consistência das suas corridas que podemos encontrar a maior valia do jogo. A partir de aeronaves de recreio, acessíveis de tripular e leves, o que permite manobras de grande agilidade e uma agradável sensação ao comando, entramos em divertidas e desafiantes "dog fights". É um pouco "old school", verdade, já que não é o típico jogo de combate e também está longe de uma simulação como a apresentada pela Microsoft.

Percorrido o tutorial depressa nos apercebemos que o registo destas corridas aéreas é sobretudo o arcade. Contornar obstáculos, passar por aberturas estreitas entre as montanhas, fazer voos rasantes e pelo meio coleccionar power ups, lançando o caos nas corridas derrubando os adversários, são algumas das tarefas a executar do primeiro ao último instante de cada prova. Os 30 fps da versão Switch, plataforma que serviu de análise, não contemplam grandes veleidades, mas o ritmo e fluidez são aceitáveis se jogarmos com a consola em modo "docked".

As manobras são eficazes em contexto de combate mas é muito difícil evitar os disparos pelos rivais.

A solo ou em multiplayer

O principal modo de jogo, a solo, é a campanha. Esta reveste-se de várias fases, cada uma com seis corridas em ambientes diversos. Para passarmos à fase seguinte temos de completar todos os eventos da fase anterior. Além disso, há regras específicas dentro de uma prova, o que significa que nunca repetem os desafios numa mesma fase da campanha. Os percursos, ou pistas se quisermos usar o termo, apresentam vários ambientes. Da ilha paradisíaca ao porto onde os barcos são desmantelados, passando pela montanha, por tundras e um vulcão, parece que vamos viajando por diferentes zonas do globo. Aqui não andamos muito alto. Quase sempre voamos junto ao solo, passamos rasantes na água do oceano e até atravessamos cascatas. O périplo é muito extenso e o desenho dos circuitos obedece ao de uma montanha russa.

O confronto com rivais controlado pelo computador é significativo. Há atalhos que podem ser explorados, facultando pequenas vantagens, mas a luta começa com o acesso aos power ups. A IA faz um óptimo trabalho e por vezes é árdua de acompanhar, ao ponto de perdermos várias posições ao mínimo erro e ser difícil voltar a conquistar a posição dianteira. Os primeiros têm a vantagem de poder apanhar algum power up mais proveitoso, enquanto que os últimos ficam com o que sobra. No entanto, há múltiplas formas de ganhar posições. Tirar partido das manobras como o voo rasante que faz aumentar o "boost", dá uma pequena vantagem. A escolha da aeronave em função da pista também pode fazer diferença, com oito novos aparelhos para um total de 16. A personalização é incentivada graças às múltiplas "skins", embora o efeito disto seja mais relevante ao nível do multiplayer.

As aeronaves variam de características; velocidade, condução, equipamento, desenho etc. Nem todas estão disponíveis de início. São desbloqueadas à medida que avançamos pelas diferentes fases da campanha. Maioritariamente são máquinas de recreio, embora com uma boa dose de imaginação. Dos clássicos biplanos aos futuristas, há imensas opções para descobrir e explorar, tanto no contexto da condução como na perseguição aos rivais, lançando a metralhadora e os projécteis como forma de ataque. A condução é bastante arcade e simples, generosa ao ponto de permitir que pequenos embates ou toques em paredes não bloqueiem o avanço. Mas embates em cheio não são tolerados e acabam numa bola de chamas, com respawn imediato do aparelho e a perda de preciosos segundos.

Junto ao solo, em voo rasante, aumenta o boost.

Um Mario Kart sobre asas

Com tantos "power ups" disponíveis, diferentes regras de objectivos por corrida e pistas em forma de circuito, a sensação que dá ao voar é uma espécie de kart sobre asas. Por vezes a gestão dos power ups é tão frenética que nos sentimos entre o caos, a perder sucessivas posições em carambolas de fogo ou acções que nos retardam o avanço. Mesmo a obtenção da posição dianteira não permite grandes vantagens, somos mais um alvo à mercê de um míssil ou de uma bomba do avião que segue no encalço, quando escutamos o barulhinho do míssil na nossa direcção e tentamos aquelas manobras de evasão ao estilo Top Gun.

Ver no Youtube

A condução e todos os momentos de acção são interessantes. A jogabilidade é desafiante e as diferentes aeronaves proporcionam corridas com alguma indefinição. Tanto podemos partir na última volta em último e vencer, como entrar na derradeira volta à frente para perder, logo adiante, preciosas posições. Paira a incerteza sobre o vencedor e o grau de dificuldade é bastante aceitável. Mas este é um jogo que depressa conhece os seus limites. Os modos de jogo não são extensos, os layouts das pistas são escassos e nem a opção de correr no sentido oposto chega para obviar a uma clara limitação dos percursos, que se estende também às aeronaves, para além de um design algo datado no tempo.

Skydrift Infinity é um daqueles jogos do tipo arcade que resulta bem para umas corridas breves e um modo campanha com alguma longevidade, mas conta com limitações nas consolas, ao correr a 30fps, com visuais algo datados e poucos modos de jogo. E, por último, os melhoramentos deste remaster não chegam para levar a cabo uma boa distinção perante o original. É pena que seja praticamente o mesmo jogo de 2011, pois de outro modo, com mais algumas mexidas e conteúdo suplementar capaz de fazer a diferença, poderia destacar-se, dez anos depois. Não é o caso, ainda que para quem não jogou o original e queira disputar umas corridas aéreas sem a complexidade de um simulador ou de um Ace Combat, encontra aqui uma proposta com alguma asa.

Prós: Contras:
  • Corridas rápidas e desafiantes
  • Manobras das aeronaves
  • Esquema de power ups
  • Modo campanha
  • Diferentes tipos de corridas
  • 4 jogadores em multiplayer local
  • Limitado a 30fps nas consolas
  • Visuais sem grandes melhorias
  • Poucos conteúdos face ao original

Lê também