Sleeping Dogs - Análise ao polícia infiltrado
O bom e o vilão.
Já poderão ler o nosso Sleeping Dogs - Guia completo, truques, dicas, missões, troféus e achievements.
Inicialmente apresentado ao mundo pela mão da Activision como True Crime: Hong Kong, o jogo foi abandonado no princípio deste ano pela gigante americana, tendo a editora alegado que pretendia organizar a produção de jogos em torno das suas franquias mais populares. Não deixando de ser uma decisão que apanhou de surpresa a equipa de produção, a Square Enix agarrou então na versão dourada que se encontrava praticamente completa, jogável e pronta para entrar no ciclo de desenvolvimento final e alterou-lhe o nome para Sleeping Dogs. Oriundo dos estúdios canadianos da United Front Games, a partir do momento que entrou para a alçada de distribuição da Square Enix, foi dada luz verde aos os seus estúdios londrinos para auxiliarem a produtora a fim de ainda ser possível o lançamento do jogo no corrente ano. Superadas as formalidades e algumas barreiras, é a Square Enix que recolhe os trunfos agora que Sleeping Dogs chega, por fim, ao mercado.
Quando a Activision anunciou True Crime: Hong Kong, o objetivo era publicar um título que pudesse ombrear com a série GTA, propondo missões em mundo aberto, numa cidade gigantesca e onde o nosso protagonista poderia atuar enquanto defensor da lei, disfarçando-se de "gangster" dentro de grupos de atividade criminosa. Deste tema resulta uma dualidade de finalidades que proporcionam uma aproximação diferente e passível de evolução para diferentes caminhos. Enquanto que noutras propostas patrocinadas pelo estilo "sandbox" existe uma opção pelo bom ou pelo vilão, aqui encontramos um agente que desenvolve uma dupla atividade, atuação que lhe permitirá evoluir em dois campos distintos mas que a seu tempo mais se estreitarão, implicando sérias decisões.
Com efeito, em Sleeping Dogs o jogador assume o papel do polícia infiltrado Wei Shen. À partida são inevitáveis comparações com outras propostas e nesse termo não há como negar. A aproximação é por demais evidente através do gigantesco mapa de Hong Kong e da possibilidade de exploração em aberto, recorrendo a todo um tipo de atrações e missões. Estas também se dividem entre as missões secundárias e as que fazem parte do arco narrativo, estando interligadas numa série de eventos que fazem parte da história e que obedecem a um enquadramento cinematográfico.
Aliás, o ponto mais forte do jogo é a combinação eficaz que existe entre jogo de ação em mundo aberto interligado com os filmes da máfia asiática. Yakuza dá-nos uma perspetiva japonesa envolta num sentimento quase patriarcal do nosso protagonista, enquanto que em Hong Kong, não obstante encontrarmos grupos e células do crime em constante crispação e sobre as quais Wei Shen protagonista mergulha, há uma dimensão de lealdade e traição muito mais premente. De aproximação às forças policiais na ajuda ao combate do crime e das estruturas mais perigosas, mas a verdade é que o envolvimento de Wei Shen com os grupos violentos e a sua progressão cada vez maior "por dentro" conduz a sentimentos de ligação e afetividade que condicionam a investigação e despertam mais conflitos.
O começo do jogo dá alguns sinais de previsibilidade. Um pouco cliché, assim que vamos penetrando no âmago das estruturas em conflito e percebendo melhor as motivações de Wei Shen e o enredo em que se vê envolvido, descobrimos que este jogo tem fundações que nos levam bem longe e que entrega uma história empolgante, com situações imprevisíveis e "plots" que apontam para algo bem diferente daquilo que chegamos a supor e como sucede com outras propostas em que a nossa personagem não passa de um "bad ass". Apesar da boa construção do argumento e da sua adaptação às cinematográficas, sente-se que falta substrato nalgumas sequências, que às vezes padecem de alguma adaptação. No entanto e no principal, a trama revela-nos uma gigantesca Hong Kong onde a violência e crimes abundam no controlo de certos pontos da cidade.
Wei Shen é um agente da polícia de raízes asiáticas, mas teve uma vasta experiência de serviço nos Estados Unidos, algo que lhe acrescenta um toque especial à medida que penetra no desenvolvimento de relações com outras personagens. Tudo começa quando Wei Shen se desloca a uma das docas de Hong Kong para tentar pôr cobro a mais uma situação de tráfico de droga. Supostamente seria mais um dia normal de trabalho de um agente disfarçado, mas acontece que o "encontro" corre mal e Wei juntamente com outro colega são levados para a prisão onde acaba por encontrar um antigo amigo que o leva a aproximar-se de uma das mais perigosas organizações do crime. O contacto com a Triad chamada "Sun on Yee" é esclarecido com as altas chefias da policia que conduzem a investigação secretamente. O objetivo para Thomas Pendrew e Raymond Mak é servirem-se de Shen para desmantelar as redes criminosas a partir do seu interior.
Para além disso existe uma questão pessoal latente em Shen que urge resolver. Dentro da estrutura do jogo Shen é uma personagem fundamental e o risco que resulta da sua deslocação para o sub mundo do crime torna esta experiência mais policial e sobretudo com mais motivos para segui-la de perto. Há um lume que arde permanentemente nesta história. Shen não parte para a luta nas ruas obedecendo a Winston Chu só para promover confrontos físicos e se tornar num pistoleiro de respeito. A realidade crua e dura do sub mundo converge necessariamente para grandes doses de violência e confronto. Para alimentar uma organização é preciso dinheiro. E para o obter há que controlar as ruas e bairros urbanos decadentes, de onde os comerciantes devem respeitar a origem do poder e contribuir para a manutenção da segurança.