Sly Cooper: Thieves in Time - Antevisão PS Vita
O gatuno está de volta também para o vosso bolso.
Passou bastante tempo desde que vimos Sly Cooper e a sua equipa pela última vez, mais precisamente oito anos com Sly 3: Honor Among Thieves na Playstation 2. Este Sly Cooper: Thieves in Time não é apenas o quarto título da série, como é o primeiro para a Playstation 3, algo estranho tendo em conta que caminhamos a passos largos para o final da geração. Será também um título com suporte completo de multi plataforma entre a consola de sala e a Vita, o que sinceramente o torna ainda mais interessante.
Isto na prática significa que vão poder transferir o progresso no jogo da Playstation 3 para a Vita com total liberdade, e assim continuar a aventura de Sly mesmo quando saírem de casa (quem sabe até no trabalho, escondidos claro). Neste sentido os troféus também serão partilhados entre as sessões nas duas plataformas, com a única diferença pratica em termos da experiência ao nível dos controlos, sendo que esta versão de bolso se aproveita das funcionalidades de hardware que a Vita oferece.
O género de plataformas sempre encaixou bem num formato portátil, e por isso parece-me que neste caso, Thieves of Time tem tudo para se tornar numa experiência ainda mais interessante na Vita. Esta versão que tenho estado a jogar parece já praticamente completa e francamente promissora tendo em conta que ainda existe espaço e tempo para algum polimento.
Em termos estéticos as personagens e cenários continuam no estilo cartonesco e cheio da personalidade que sempre caracterizou a série, com as três personagens principais, Sly Cooper, Murray e Bentley de volta para mais uma aventura. Continuando os eventos do último jogo, desta vez os três larápios dedicar-se-ão à busca pelas páginas do livro Thievius Raccoonus, tendo para isso que utilizar uma máquina do tempo construída pelo genial Bentley.
A aventura começa com um segmento estilo tutorial bastante mais pré determinado que o restante jogo, e onde controlamos os três heróis no assalto a um museu. Ficamos desde logo com a exata noção de como o gameplay funciona de forma diferente com cada um deles, Sly continua o guaxinim rápido e esguio que sempre conhecemos, Murray é um hipopótamo gigante que parece a “Popota” e utiliza a força bruta como a sua principal arma, e finalmente Bentley, a tartaruga que se movimente numa cadeira de rodas e cujo intelecto é uma mais-valia fundamental para o grupo. No final deste segmento o jogo abre o esconderijo do grupo, uma espécie de Hub onde o gangue guarda os seus tesouros e os fatos que vai desbloqueando, de onde acede à Gatunet para comprar novas habilidades e onde controla a máquina do tempo inventada por Bentley, e que permite aceder então a vários quadros que contêm as missões que fazem avançar a história do jogo.
Cada um dos quadros é gigante, e vai disponibilizando várias tarefas para completar uma de cada vez, é natural por isso que num primeiro contacto o espaço nos pareça confuso e demasiado complexo. No entanto, à medida que vamos avançando nas tarefas começamos a conhecer as melhores formas de navegar pelo quadro e a perceber que mecânicas, fatos e personagens são necessárias para aceder aos vários objetivos.
Para além do objetivo principal de cada missão existem vários extras, desde tesouros, garrafas, cofres, máscaras ou troféus, sendo que cada um deles requer uma personagem ou mecânica específica. E não se trata apenas do trio de heróis principais, logo muito cedo salvamos Rioichi por exemplo, um membro da família de Sly que afirma ser um ninja mas que na prática é apenas um chefe de sushi dedicado à gatunagem como é costume na família. Outra personagem que surge rapidamente na história é a já conhecida (ex) namorada de Sly Carmelita, inicialmente não a podemos controlar, mas mais para a frente ela torna-se jogável também.
O gameplay com estes diferentes sujeitos consegue ser drasticamente diferente, principalmente quando Bentley é chamado a intervir, isto não se deve apenas ao facto de andar de cadeira de rodas, mas às suas técnicas para quebrar sistemas informáticos. É aqui também que as capacidades da Vita surgem com mais força, para dar alguns exemplos, com a utilização do giroscópio para controlar esferas de eletricidade por zonas íngremes, ou o segundo analógico em partidas de shooter em side-scrolling horizontal estilo R-Type para quem se lembra.
Existe ainda variedade de gameplay dependendo dos fatos que utilizamos com cada uma das personagens, ao contrário da versão de sala, na Vita podemos mudar de fato apenas tocando no ecrã da consola, apenas mais uma das vantagens deste formato. Sly Cooper ganha acesso a um resistente fato de samurai logo desde muito cedo na aventura, e não resisto em partilhar um momento hilariante quando Murray consegue o seu fato de gueisha, ou melhor, o vestido da "madame queixa", e depois tem que impressionar os guardas javalis com uma dança sensual, cuja jogabilidade se assemelha imenso a Guitar Hero.
O tom do jogo é sempre marcado pelo humor, com especial ênfase nos diálogos que já agora, estão completamente no nosso Português de Portugal. Os cenários e a própria ação também acompanham este tom humorístico e caricaturesco, uma particularidade que me ficou a memória foi uma máquina automática de chapadas onde os prisioneiros eram colocados pelos guardas do comandante El Jefe, para uma interminável série de estalos utilizando uma roda de luvas.
"Esta nova incursão na série pretende elevar este nível de variedade a um patamar ainda maior."
A narrativa do próprio comandante é engraçada no mínimo, consta que utilizando o seu conhecimento estratégico superior, conseguiu derrubar países utilizando apenas um exército formado por apenas três ratos, armados com colheres de plástico (what??). Esta figura não é nova na série, mas está de regresso em Thieves of Time como o primeiro grande antagonista e Boss da aventura.
Esta versão para a Playstation Vita não apresenta diferenças em termos de conteúdo para a anterior versão de sala a que já tínhamos tido acesso, no entanto, os controlos utilizando o hardware da Vita possibilitam ainda mais variedade de estilo, com alguns momentos a fazer lembrar os jogos de smartphone e outros umas versões mais retro que encaixam lindamente num registo portátil. Um elemento importante durante a aventura que funciona de modo diferente é a camara fotográfica, que na vita tem outro charme por podermos movimentar a consola para ajustar a sua posição.
Sly Cooper sempre foi um jogo particular, por misturar plataformas com ação furtiva de uma forma única e que lhe atribuía uma personalidade muito própria. Esta nova incursão na série pretende elevar este nível de variedade a um patamar ainda maior, utilizando as capacidades da Playstation Vita e casando-as em “cross play” e "cross buy" com a Playstation 3, cumprindo uma promessa que tarda em ser cumprida na sua totalidade. É pelo que vi até agora um atestado de competência do estúdio Sanzaru Games, que até ver em nada fica a dever aos anteriores títulos da série em termos de qualidade, cá estarei para maiores considerações assim que experienciar o jogo por completo.