Sniper: Ghost Warrior 3 - Análise
Acertou ao lado.
Sniper: Ghost Warrior 3 é mais um jogo de tiros moderno de temática militar que tenta trazer alguma diversidade para um género já saturado. Depois de dois jogos na geração anterior, em que nenhum dos dois se destacou pela qualidade mas, surpreendentemente, tiveram sucesso nas vendas (o primeiro jogo vendeu mais de 2 milhões de unidades), a CI Games procurou melhorar os aspectos mais criticados dos anteriores.
O terceiro capítulo da saga Sniper: Ghost Warrior destaca-se pela sua estrutura de mundo aberto e pela liberdade que o jogador tem para abordar situações de diferentes formas. Podemos ser um Sniper, ficar num local seguro e abater o nosso alvo com um só tiro a uma longa distância; um Ghost, optando por eliminar os adversários sorrateiramente um por um; ou um Warrior, entrando a matar e sem qualquer intenção de permanecer escondido. Também podem combinar estas três formas de jogar, até porque algumas missões exigem que se infiltrem entre os inimigos, pelo que nem tudo será resolvido com uma bala de sniper.
A história de Sniper: Ghost Warrior 3 é sobre dois irmãos que cresceram a jogar à escondidas no meio do mato e a fazer tiro ao alvo com espingardas. Uns anos mais tarde, ambos estão no exército e são enviados para uma missão na fronteira entre a Rússia e Ucrânia para recuperar armas biológicas que estão prestes a cair nas mãos de terroristas. Inesperadamente, um grupo misterioso rapta um dos irmãos no final da missão (Robert) e deixa o outro inconsciente.
O jogo não decorre na fronteira entre a Rússia e Ucrânia, nem em nenhum dos dois países. Sniper: Ghost Warrior 3 leva-nos para a Geórgia dois anos após os acontecimentos descritos acima. Jonathan North ouve rumores que o seu irmão Robert está na Geórgia e aceita uma missão para causar o caos entre as células separatistas do país, mas com a intenção escondida de encontrar o seu irmão.
Em Sniper: Ghost Warrior 3 somos um lobo solitário, mas temos ajudas para facilitarem as nossas missões. A primeira delas é um drone que podemos comandar à distância para detectar inimigos e elaborar uma estratégia de abordagem. Temos ainda a possibilidade de activar um sentido apurado de audição e visão que nos permite ouvir melhor o barulho dos inimigos e locais do cenário que podemos utilizar para trepar. Em todas as missões existem sempre diversos pontos estratégicos para nos colocarmos de Sniper. Desta forma o jogador tem mais liberdade e não é obrigado e percorrer um caminho específico para terminar a missão com sucesso.
"Sniper: Ghost Warrior 3 é mais um jogo de tiros moderno de temática militar"
Apesar do próprio nome do jogo colocar ênfase no uso da sniper, podemos usar outras armas. Temos acesso a pistolas, espingardas automáticas, facas de atirar e até arco e flechas. Cada arma pode ser modificada com várias peças. A peça mais essencial é um silenciador para que não sejam detectados quando disparam, contudo, não dura para sempre. Depois de alguns disparos, o silenciador deixa de ser eficaz e precisa de ser reparado. A liberdade de usar outras armas é uma mais valia, mas a mecânica mais interessante está na Sniper. Acertar um tiro a uma curta distância (por exemplo, 50 metros) não é difícil, mas quando a distância é maior, não basta simplesmente apontar e disparar.
Para usarmos um sniper eficazmente em Sniper: Ghost Warrior 3 há vários passos a cumprir. Primeiro temos que ajustar a distância na mira e, depois, há que ter em conta a direcção do vento. Por último, convém termos a arma apoiada em algum sítio para reduzir o baloiçar e aumentar a precisão. É uma experiência mais realista de disparar uma sniper e que acrescenta algum desafio. Até podemos trocar o tipo de munição conforme a missão. Se o alvo estiver protegido por armadura ou atrás de um obstáculo, podemos optar por usar um tipo de munição com mais força e capacidade de penetração.
Embora Sniper: Ghost Warrior 3 tente ser um pouco mais realista do que os outros jogos do género, a inteligência artificial é terrível e quebra a imersão. Numa instância estava num prédio, escondido atrás de uma parede à espera que o guarda passasse, quando de repente começa a disparar sem sequer ter posto os olhos em mim. Ainda na mesma situação, vem outro guarda a descer as escadas a disparar para nós e com a arma a atravessar a parede. Noutra instância estou numa casa para abater um alvo. Subo ao último piso onde estou a ouvir vozes, mas quando entro no quarto não está lá ninguém. Desço ao segundo piso e encontro uma mulher a falar sozinha para a parede. No primeiro piso encontro o meu alvo, estático, a apontar com uma espingarda para o tecto.
Quanto à história, falta-lhe drama que seja palpável, o que não é possível com os diálogos terríveis (e actores de voz a condizer) que o jogo tem. A introdução com a infância dos dois irmãos tenta criar alguma empatia com as personagens, mas sem sucesso. As personagens, principalmente as secundárias, parecem ter sido importadas dos filmes da série B, tanto pela forma de agir como pelas suas falas. A história tem surpresas e revira-voltas, mas segue um rumo que seria mais apropriado a um filme da Marvel.
Inicialmente referi que Sniper: Ghost Warrior 3 tem um mundo aberto, mas na realidade, o jogo está separado por várias áreas. Cada tem um espaço razoável, mas não podem percorrer todas as áreas sem primeiro passar por um ecrã de carregamento. Do que toca a jogos em mundo aberto, não há nada de novo, é mais um jogo com muitos conteúdos mas pouca diversidade. O mapa de cada zona tem muitos pontos de interrogação, que podem ser atalhos, um ponto de controlo da facção inimiga ou crimes de guerra. Eventualmente estas actividades tornam-se repetitivas, mas servem para apanhar recursos para o crafting de munições. Em teoria, a longevidade excede a história, mas actividades secundárias são na maioria desinteressastes.
Sniper: Ghost Warrior 3 é um jogo ambicioso, mas sem a capacidade para cumprir o seu sonho e se tornar numa das referências do género. As mecânicas de sniper são interessantes e acrescentam desafio aos tiros longos, já para não falar dos momentos espectaculares da bala a viajar em câmara lenta até à cabeça do alvo, mas a história pouco apelativa e mundo repleto de actividades desinteressantes não abonam a seu favor. O comportamento da inteligência artificial é tão mau que chega a ser cómico e os loadings são tão compridos que a música do menu começa a tocar uma segunda vez.