Song of Iron - review - um esforço de um homem só
Uma produção curiosa, que revela as suas enormes fragilidades.
Song of Iron é o mais recente jogo indie a procurar tornar-se numa bela história de dedicação e conquista. Numa era em que os títulos indie conquistaram o seu próprio espaço na nossa vida, é frequente olharmos para estas experiências para nos dar alento nos intervalos entre as grandes produções. Mais do que isso, as produções independentes conseguiram conquistar o direito a figurar como do mais interessante que poderá surgir no teu trajeto de jogador e é frequente vermos jogos desta categoria a surgir nas nossas listas de favoritos do ano. Desde o efeito que Jonathan Blow alcançou com Braid em 2008, dando pontapé para a revolução indie, até ao recente Hades, que mostra como Greg Kasavin saltou do trabalho num site de videojogos para um papel criativo na indústria, existe imensa maravilha a descobrir quando falamos deste lado dos videojogos.
Existem inúmeras histórias de inesperado sucesso, de produtores independentes que decidiram contrariar todas as probabilidades e desenvolver os seus jogos, contos que certamente vão emocionar e inspirar outros tantos. São situações que levam outros a fazer o mesmo, a tentar criar algo a partir das influências obtidas ao desfrutar de outras experiências e Song of Iron é fascinante por isso mesmo. Este jogo foi desenvolvido por apenas uma pessoa, Joe Winter, que decidiu criar um jogo inspirado pela mitologia nórdica e produções como Inside.
Este indie para Xbox One, Xbox Series (jogamos numa Xbox Series X) e PC deseja tornar-se na mais recente história inspiradora de sucesso no mundo das produções desprovidas de nomes gigantes, mas a verdade é que está longe de alcançar o efeito pretendido. Este jogo de ação e aventura em side-scrolling quase poderia ser apresentado como um God of War em 2.5D com traços de Limbo e existem momentos em que sentirás satisfação por estar a descobrir o que Winter tem para te apresentar, mas é fácil perceber a natureza altamente humilde desta produção e como fica aquém do desejado.
Sendo um jogo de ação que tenta pegar na atmosfera de Limbo ou Inside e adaptá-la para uma temática viking, Song of Iron promete algo diferente na sua experiência de seguir da esquerda para a direita. A movimentação lenta do teu personagem dá uma sensação de gameplay muito "preso" que interfere facilmente com a tua vontade de terminar esta jornada de vingança. O uso de uma barra de stamina para os teus movimentos, como ataque, desviar ou correr, pretende implementar estratégia e diferenciá-lo dos demais sider-scrollers, mas acaba por reforçar a sensação de um jogo preso. Juntas a isto a destruição das armas e escudos e não tens propriamente estratégia ou dinamismo que te convence a constantemente gerir os ataques, tens mais uma desnecessária camada de elementos que reduzem a diversão.
Song of Iron tem uma atmosfera convincente, ocasionais momentos gráficos interessantes e mecânicas que até podiam conquistar, mas a sua fraca execução revela facilmente que é uma produção de um homem só. Por muito apelo que a experiência pudesse alcançar, serão necessárias algumas atualizações e dedicação para lá chegar. Problemas nas animações, ocasionais bugs na interação com os cenários e picos de dificuldade que rapidamente te fazem querer parar de jogar. É mesmo pena que exista uma gritante sensação de falta de polimento em Song of Iron (compreensível sim, mas lamentável). Além da atmosfera e ambiente viking, as secções furtivas, que te desafiam a pausar o ritmo e a escapar aos inimigos sem confronto, ajudam a diferenciá-lo e é mesmo pena que a experiência chegue sem refinamento.
Enquanto produção de um homem só, é fácil ficar a torcer por Song of Iron e desafiar a paciência para jogar mais um bocado e tolerar a falta de polimento que se aplica a praticamente tudo. No entanto, a sensação de um jogo que ainda nem sequer foi terminado e revela uma qualidade abaixo do que desejarias é fácil de ficar na tua cabeça. Se Song of Iron estivesse polido e a funcionar como certamente Joe Winter desejaria, seria mais um indie para celebrar, no entanto, tal como está, é uma oportunidade perdida a lamentar.
Prós: | Contras: |
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