Sonic Boom: Fire and Ice - Análise
A celebração do 25º aniversário de Sonic merecia melhor.
A celebrar por este ano 25 anos de existência, a mascote mais relevante da Sega é hoje uma pálida imagem daquilo que foi. Resumida a uma conjugação de produções recentes que manifestamente não conseguem projectar a personagem como os fãs de sempre gostariam de ver, a esperança parece mais uma vez residir no regresso ao passado com Sonic Mania. Em 2014, quando a Sega lançou a sequência Sonic Boom (baseada na animação norte-americana), pela mão da californiana Sanzaru Games, temeu-se mais um fracasso. Infelizmente, o resultado global não foi o melhor, longe disso, redundando num conceito de plataformas 2D e meio na portátil 3DS e 3D na Wii U que nunca mostrou o melhor equilíbrio e entusiasmo. Pode suceder que Sonic Mania seja um triunfo e uma espécie de reviravolta, qual Phoenix renascida, então capaz de alcançar grandes voos.
De Sonic Boom: Fire & Ice, a segunda chance concedida pela Sega ao estúdio americano, a sensação é de mais um desenvolvimento do mesmo. Uma produção mais cuidada e com mais alguma elegância convenhamos, mas não pensem que é Fire & Ice que vai salvar Sonic deste estado quebradiço. Há anos a tentar encontrar um modelo que possa triunfar no actual formato, esta sequela do desapontante Shattered Crystal revela mais algum cuidado mas pouco muda num modelo que está longe de ser o melhor. O design algo previsível, ausência de arte cativante e falta de cores contrastantes como encontrámos em Sonic Adventure, são arestas que continuam por limar. O jogo parece mais uma tentativa de prolongar o sucesso da série animada, em especial junto de uma audiência mais juvenil.
O tema proposto para esta aventura é bastante simples; uma espécie de corrida pelo poder. Dr Eggman apoderou-se de elemento que tem vindo a utilizar de modo a desenvolver criaturas robóticas mais poderosas que os nossos heróis. E enquanto dá sequência ao nefasto plano, espalha destruição. Cabe a Sonic e seus camaradas restaurar o equilíbrio. Se acompanharem a série televisiva vão sentir-se em casa e deixar a história rolar, juntamente com os diálogos que ainda são significativos. Caso desconheçam a série, passarão algum tempo a passar à frente os diálogos.
À semelhança de Shattered Crystal, a Sanzaru Games voltou a apostar na jogabilidade 2.5D. Enquanto que a perspectiva de jogo é 2D clássica, o ambiente e personagens estão representados em 3D. Os níveis são longos, contemplam vários pontos intermédios de gravação, antes de estancarem uma espécie de fissura, o ponto que corresponde ao fim do nível. Embora o design e arte dos níveis seja sistematicamente genérico e fique distante do que é habitual encontrarmos noutras séries da Nintendo como Kirby ou Yoshi, que se destacam pelas temáticas, em Fire & Ice a arte é mais previsível e raramente nos deixa uma impressão muito positiva.
O melhor é a velocidade e a fluidez de jogo, que conjugadas com uma série de técnicas e movimentos como o ataque enrolado, o incremento de velocidade e o uso do gelo e fogo para congelar ou abrir plataformas, resultam numa jogabilidade minimamente interessante. Pelo menos é mais notório um equilíbrio entre acção e avanço pelos obstáculos, sem se tornar muito aborrecido em exploração. É um modelo mais directo e orientado para nos proporcionar um desafio moderado mas equilibrado. Alguns níveis contam com molas de lançamento, que atiram Sonic e os amigos para um plano afastado , brincando numa espécie de 3D um pouco como sucede nos episódios recentes de Donkey Kong. Alguns níveis poderão parecer demasiado longos - e são mais longos que os clássicos -, com passagens secretas e caminhos opcionais que validam um regresso num momento posterior.
O ecrã táctil promove uma transição fácil entre personagens e poderes. Se a mudança entre fogo e gelo é previsível quanto à transformação no cenário, a alteração entre personagens é igualmente fácil e até oferece mais diversidade de opções. Por exemplo, Amy utiliza o martelo para levantar e fazer descer plataformas. Pode ser conveniente num dado momento. Outras vezes é isso que sucede com Knuckles, que à custa da sua força bruta consegue chegar a items onde mais nenhuma outra personagem chega. E, por fim, a cauda voadora de Tails que o leva até plataformas distantes. Ainda que muitos destes processos não sejam novidade e a sua utilização acabe por se tornar repetitiva, não se pode negar o esforço no sentido de operar contextos interessantes e válidos em jogabilidade, fomentando a velocidade e fluidez.
Podendo regressar mais tarde aos níveis percorridos, têm à vossa disposição uma série de mini-jogos e desafios, como corridas um contra um, que poderão ser praticadas em sessões lan multiplayer, se quiserem competir com mais alguém. Embora sem deslumbrar visualmente é notória uma melhoria gráfica por comparação com o anterior jogo, em especial um incremento da fluidez e velocidade. A organização dos níveis é melhor e ainda que a breve trecho cause uma sensação de repetição, o equilíbrio é regular. A dificuldade não é muito elevada. As lutas contra os "bosses" poderão oferecer mais algum desafio enquanto não descobrirmos a combinação necessária entre os elementos da equipa de modo a surtir efeito. Se quiserem descobrir tudo, aí sim terão um jogo que vos levará longe. Talvez não seja o Sonic que os fãs gostariam de jogar por ocasião do seu 25º aniversário. Apesar disso Fire & Ice dá mais sinais positivos que o título antecessor e acaba por cumprir dentro do que se espera de um jogo alicerçado numa série televisiva.