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Hands On: Sonic Generations

As certezas do passado, contornos do futuro.

Com a chegada da mais recente demonstração de Sonic Generations ao Xbox Live e à PlayStation Network tive a oportunidade de voltar a ter contacto com o produto de Takashi Iizuka e mais do que um comprovar que finalmente podemos vir a ter um título baseado no ouriço que realmente é merecedor de envergar o seu nome, também me relembrou da doce inocência com que tudo começou. A sensação de pura diversão de uma criança que jogava apenas para conhecer um novo e imensamente colorido mundo e que não se preocupava com a componente de competição em mais um jogo de tiros e respetivos quadros de pontuações. Não, na era do Sonic original o segredo estava na mecânica fácil de assimilar, na grandiosa sensação de velocidade, no adorável personagem e no desafio que nos proponha, que não era tão inocente quanto isso mas sim muito vincado e cheio de personalidade.

O passado é tão importante quanto o futuro e que o diga Sonic Generations mas se for preciso inserir mais frases feitas podemos também dizer que tão importante quanto o sucesso é a sua ausência. A aclamada e prestigiada série da SEGA viveu anos de ouro na era pré-3D mas a sua transição não foi do mais doce que se poderia ter. Passou por grandes amarguras e finalmente, com a comemoração dos seus vinte anos, parece regressar com imenso potencial nascido de uma junção do que consagrou a série com o que melhor foi inserido mesmo nos mais controversos títulos do ouriço. A prova disso mesmo é esta demonstração que recupera os tons clássicos da série assim como recorre a elementos de jogos como Unleashed ou até Black Knight.

Sonic quase que poderia ser associado a um nirvana videojogável. Generations quer recuperar a força da série.

Como diria o mais sábio, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa portanto vamos primeiro por partes. Para ser mais específico, vamos abordar em separado os dois diferentes níveis que compõem a demonstração pois só desta forma faz sentido. A SEGA parece ter construído toda esta experiência em redor de duas experiências de jogo diferentes que consagram o passado e deixam em aberto as portas para o futuro. Mas isso é algo que somente vamos poder desvendar por completo no jogo final e por enquanto apenas temos esta pequena amostra.

Começamos por um dos pontos de maior destaque, pelos seus visuais, pois é o elemento inicial de contacto e mais do que a presença de dois protagonistas diferentes, são as mecânicas e a construção dos níveis que vão permitir criar uma experiência dinâmica com duas faces com energia similar. Enquanto no modo clássico, por assim dizer, temos um re-imaginar dos níveis clássicos, no modo atual temos uma interpretação de alguns dos níveis mais icónicos de Sonic mas com algumas diferenças. Planos de câmara dinâmicos, percursos diversos e alternativos, novos segmentos e toda a velocidade de sempre parecem prontos para marcar este jogo.

Visualmente o jogo demonstra todo um tom distinto e este parece ter sido um dos principais pontos de foco para o esforço da SEGA, mostrar um visual que é facilmente identificável com o personagem e que ao mesmo tempo demonstra porque pode e deve ser diferente dos demais, não cedendo às tentações de procurar imitar outros: Shadow the Hedgehog ainda me faz tremer ao pensar. Na primeira parte temos uma perspetiva em duas dimensões do clássico Green Hill, aqui re-imaginado com um cenário de fundo muito mais detalhado e repleto de "camadas" que lhe conferem impressionante profundidade. A nostalgia tem a porta aberta mas mais do que o jogo do "descobre os pontos nostálgicos", é a nova vida que o nível em si oferece que faz com que se sinta tão fresco 20 anos depois.

Nada de exageros, tudo completamente enquadrado com o personagem e tal pode ser igualmente dito da segunda parte da demonstração. Repleto da mesma vivacidade, velocidade e enorme dinâmica, a segunda parte deixa-nos controlar o personagem numa perspetiva em três dimensões, nas costas de Sonic. A relembrar o que vimos em Sonic Unleashed, Sonic corre de forma veloz e por uma espécie de corredor e permite-nos ter uma perspetiva completamente diferente do nível clássico apresentado à 20 anos.

Mais importante do que o valor dos gráficos, esta demonstração serviu para nos mostrar com clareza o valor dos esforços da SEGA. Se nunca existiram dúvidas quanto à paixão da equipa de desenvolvimento, já quanto à clareza da sua visão e da capacidade em recuperar elementos mais controversos tal já não era tão certo. No entanto, ficamos agora convencidos que os elementos recuperados de jogos Unleashed surgem com belo efeito e livres dos erros que os atormentaram. Basicamente, são experiências divertidas e representam a visão da SEGA, sem transtornos a nível de câmara e jogabilidade, mantendo tudo o que de bom apresentaram.

No primeiro ato da demonstração a experiência conjuga visuais atuais com uma jogabilidade clássica que à primeira impressão pode transparecer como lenta e pesada. Aqui Sonic é um pouco mais lento a executar os movimentos, não tem o "Homing Attack" e o encadear de movimentos como o "Dash" não é tão veloz. É um fino e delicado equilíbrio que a SEGA conseguiu estabelecer ao recuperar os contornos da experiência de jogo do clássico de à 20 anos de jeito a sentir-se na mesma atual pois se por um lado os movimentos parecem mais presos do que temos vindos a associar ao ouriço nos últimos lados, por outro lado recupera um desafio mais ritmado como nos clássicos.

Câmara dinâmica, jogabilidade veloz e sem erros e influências desde a série Adventure até a Unleashed: Generations parece ter tudo o que de bom Sonic teve nestes 20 anos.

No segundo ato da demonstração temos então um Sonic mais atual, com a câmara colocada nas suas costas. Se no passado recente isto tem causado graves problemas à experiência Sonic, aqui a SEGA limou as arestas e a experiência é fluida e livre de aflições. Quer isto dizer que Sonic corre pelo cenário, cuja profundidade não me canso de elogiar, a grande velocidade e não existem quaisquer problemas com os comandos que respondem com satisfação e a câmara está empenhada em ajudar o mundo de jogo a maravilhar o jogador e a lhe dar a melhor perspetiva sobre os acontecimentos.

Não é à toa que a música presente nos jogos Sonic é aclamada pelos fãs e a SEGA também parece ter sabido jogar a favor com o seu próprio trabalho. Recuperando os temas clássicos que há anos são imediatamente reconhecidos pelos fãs, aplicou-lhes uma nova roupagem e recuperou-os para a modernidade. O certo é que ajudam a nostalgia a instalar-se imediatamente e como já visto em vários vídeos, os temas presentes no jogo vão-lhe dar uma grande vida.

Estes dois níveis apenas serviram para manter a curiosidade em crescente mas não consegui evitar a sensação que provavelmente estes foram os dois melhores níveis que joguei num jogo Sonic em cerca de 10 anos. Transpira diversão por cada um dos seus poros e transpira qualidade SEGA de uma forma que parecia ter sido perdida, a de uma companhia que tem clássicos e pérolas no seu baú mas que por algum motivo parecia ter esquecido como as usar.

Sonic Generations chega a 4 de Novembro pronto para finalmente fazer as pazes com os fãs de sempre e espero pelo jogo final para o comprovar. Dois níveis distintos carregados de diversão e com um tom único e singular. Isto é Sonic na sua melhor forma dos últimos anos e parece ser o jogo que todos queriam jogar, uma carta de amor da companhia para os fãs carregada de respeito.

Esta foi uma pequena antevisão, pois já estamos a jogar a versão final, por isso esperem análise em breve.

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