Passar para o conteúdo principal

Sonic Unleashed

Da noite para o dia!

Com molas, trampolins, embates nos inimigos que propiciam saltos, corridas e derrapagens fortes para escapar entre zonas estreitas, em permanente êxtase, as secções diurnas são suficientemente longas e pejadas de obstáculos para no final das mesmas se encontrar um bom motivo para voltar a percorrer aquelas composições do género montanha russa. É nestas secções, percorridas à luz do dia, que Unleashed consegue expor uma desenvoltura que outros episódios da série em regime 3D pouco alcançaram. Se as secções nocturnas representam uma incursão mais rotineira de pura acção e plataformas, alguns níveis acabam por se tornar exageradamente longos e arrefecem o ritmo vivo e dinâmico dos níveis voltados à claridade solar.

As cidades representam o ponto de partida para os diferentes níveis e muito do argumento desenvolve-se pelas artérias (com muitas a desbloquear à medida que se avança no jogo), tendo o protagonista de conviver com inúmeras pessoas que lançam pistas e detalhes para se progredir na aventura principal. Mas também é possível escolher missões secundárias, assim como coleccionar medalhas da lua e do sol espalhadas por recantos, sendo elas essenciais para garantir uma progressão da personagem.

Chip é o primeiro companheiro de viagem. Uma pequena criatura que perdeu a memória e que encontra em Sonic o perfeito altruísta que, de imediato, se prontifica a ajudá-lo para lhe devolver a identidade. Eggman volta, porém, a estar no centro das atenções como o vilão de sempre, orquestrando um plano que lhe correu na perfeição, desta vez, para lançar uma criatura maléfica capaz de poderes devastadores. Depois de ter aprisionado Sonic e como efeito lateral do uso desmesurado das esmeraldas, o ouriço ficou refém de um efeito nefasto que lhe alarga os dorsais, deixando-o musculado, coberto de pelo e com mandíbulas hediondas a rasgar a fronte. Este é o ponto de partida para um argumento renovado e em permanente convulsão, dentro de uma aventura que destaca-se bem dos episódios anteriores.

Werehog, uma espécie de Hércules capaz de esbofetear hordas de inimigos.

Unleashed tem os seus pontos de interesse também na forma como permite uma progressão da personagem através de diversos parâmetros, como se estivesse num jogo de role play, sendo isso visível na recolha de “orbs” deixadas no cenário cada vez que um inimigo é derrotado. Mais pontos de experiência permitem uma distribuição por segmentos específicos e distintos dos dois heróis. Sonic ganha geralmente mais velocidade e agilidade, enquanto que Werehog desenvolve os golpes para melhor combater. Nas incursões nocturnas e num apelo às plataformas, assim como nos momentos de maior acção, esperava-se que a física da personagem estivesse mais refinada e precisa a fim de facilitar o alcance de áreas superiores, distantes e íngremes. Do mesmo modo, a movimentação da perspectiva ao redor da personagem também poderia estar mais desenvolta.

Aceitando a maior extensão destes níveis, conducente a uma morosidade por vezes desnecessária e com mecanismos algo repetitivos ao fim de um certo período que retardam a vontade de se atingir mais um nível diurno, Unleashed consegue conciliar pontos de interesse suficientes para um jogo atractivo ainda que certos elementos, em comparação com demais jogos existentes no mercado, como o sistema de combate – falta-lhe mais rigor e preciosismo pois muitos poderão fazer vista grossa para as diferentes combinações desbloqueados e preferem premir sequências de botões imediatas – e representação gráfica sejam algo medianos. Por seu turno, as secções diurnas arrecadam uma outra imersão, mais “old school” na concepção, assim como exibem um colorido em permanente dinâmica que a outra parte do jogo não consegue atingir. Não é a experiência mais aguardada para um Sonic tridimensional, mas este capítulo vai deixar os fãs bem satisfeitos e convencidos que a receita para um jogo mais orgânico e completo estará a um quarteirão de distância.

7 / 10

Lê também