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Sony garantiu exclusividade de GTA na PS2 porque tinha medo da Xbox

Estratégia decisiva para o fenómeno PS2.

Crédito da imagem: Take-Two Interactive

No início da década de 2000, o lançamento da Xbox pela Microsoft criou uma nova dinâmica competitiva no mercado das consolas, levando a Sony a adotar estratégias de exclusividade para proteger a sua posição dominante. Chris Deering, antigo presidente da PlayStation Europa, revelou recentemente numa entrevista à GamesIndustry.biz, que a preocupação com a entrada da Microsoft no sector levou a Sony a negociar direitos de lançamento exclusivos para os três títulos mais marcantes da série Grand Theft Auto (GTA) na altura: GTA III, Vice City e San Andreas.

De acordo com Deering, a estratégia foi implementada na véspera do lançamento da Xbox, quando a Sony procurou acordos exclusivos com estúdios de desenvolvimento, incluindo a Take-Two Interactive. Apesar de não terem previsto o sucesso estrondoso que GTA III alcançaria ao revolucionar o género de mundo aberto, a decisão revelou-se acertada. A exclusividade temporária deu à Sony uma vantagem considerável, reforçando a PlayStation 2 como a plataforma mais bem-sucedida da geração, com San Andreas a tornar-se o jogo mais vendido da consola.

Embora estes títulos acabassem por ser lançados na Xbox, o impacto já se tinha feito sentir no mercado, com as vendas na plataforma PlayStation a confirmarem a sua relevância histórica.

Trata-se de um exemplo de como os exclusivos temporários eram ferramentas essenciais na altura, utilizadas pelas empresas para atrair consumidores e reforçar os seus ecossistemas. Também põe em evidência a natureza estratégica das parcerias na indústria dos videojogos, em que as decisões comerciais podem influenciar drasticamente o sucesso de plataformas e franquias.

Atualmente, o tema da exclusividade continua a ser relevante, sobretudo com os recentes acontecimentos entre a Microsoft e a Sony, como o caso da aquisição da Activision Blizzard e os conflitos sobre a presença de Call of Duty no Xbox Game Pass, o que reforça a manutenção de estratégias competitivas entre os gigantes do setor.

"Estávamos preocupados quando soubemos que a Xbox estava a chegar", recorda Deering. "Sabíamos que a exclusividade era o segredo do jogo em muitas áreas, como a Sky TV com o desporto. Quando se aproximava o Natal, altura em que a Xbox seria lançada, alguns de nós contactaram os nossos editores e programadores externos preferidos e perguntámos-lhes: “Gostariam de fazer um acordo especial se mantivessem o vosso jogo da próxima geração exclusivo para a PlayStation durante dois anos? E um dos acordos que fizemos foi com a Take-Two para os próximos três jogos Grand Theft Auto. Na altura, não era claro que o Grand Theft Auto 3 fosse ser tão grande como foi, porque costumava ser um jogo de cima para baixo."

“Foi uma grande sorte para nós. E, na verdade, foi uma sorte para eles, porque tiveram um desconto nos direitos de autor que pagaram. Estes acordos não são invulgares em sectores com plataformas. Incluindo hoje em dia, com coisas como as redes sociais”.

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