Soul Calibur 2 HD Online - Análise
Não é uma colecção, mas é em alta definição.
Desde a explosão de popularidade de Karate Champ nas arcadas, e depois a afirmação de Street Fighter mais para o final dos anos oitenta, que os chamados "Fighting Games" conquistaram milhares de jogadores e se afirmaram como género de pleno direito. Quando a transição do 2D para o 3D aconteceu, o resultado pareceu um natural evoluir da forma. Primeiro apenas visualmente, depois num estilo em que era efectivamente possível rodar sobre o adversário e até atirá-lo fora do ringue.
Claro que olhando para trás, é mais fácil identificar as vantagens e desvantagens de cada modelo, mas isso é conversa para outra ocasião, o que interessa agora é analisar a génese do género, e porque é que tem entrado em declínio neste formato, em que um dos expoentes máximos foi exatamente Soul Calibur 2, agora renovado em alta definição.
A série tem todos os ingredientes que garantem o sucesso de um jogo de luta, bom design de níveis, temas esteticamente diferenciados, lutadores únicos e um conjunto de golpes variado que proporciona um respeitável número de experiências. O problema é que oferecer variedade traz problemas de equilíbrio, algo que sempre foi uma das maiores dores de cabeça no desenvolvimento de "Fighting Games".
Estes jogos são competitivos por natureza, independentemente de enfrentarmos a inteligência artificial ou outra pessoa, iniciamos cada etapa em condições teoricamente semelhantes ao nosso adversário, desde o "Fight", até ao "K.O.". E se o equilíbrio (balance) era já uma questão importante no tempo das arcadas, agora que o espaço competitivo passou completamente para a rede, é ainda mais.
Tudo isto para dizer que no que toca ao sistema de combate, Soul Calibur II HD continua igual a si próprio, um dos melhores "Fighting Games" da geração passada, talvez de sempre considerando o maior impacto da altura. Já quanto ao suporte é muito limitado, o modo online é lento e pobre, e por isso não existem grandes motivos para procurar desenvolver competência com ele.
A história é algo que sempre pareceu forçado nos jogos de luta, independentemente dos motivos que cada personagem tem para a caminhada até ao final. Neste caso a coisa varia de personagem para personagem, tendo em conta as intenções de cada uma para a Soul Edge. A apresentação é que deixa muito a desejar, sempre num formato muito simplista, diria que natural para um jogo com mais de uma década.
Os modos de jogo são basicamente os mesmos que se lembrarão, podem contar com os clássicos Time Attack, Survival, Arcade, Battle, e claro, o Training Mode. A estrela do espetáculo no entanto, continua a ser o Weapon Master Mode, o modo que mistura elementos RPG com Soul Calibur, temos um mapa, vamos combatendo e abrindo novos espaços, cada um com um combate onde existe um objetivo específico a complementá-lo.
Posso dar vários exemplos, arenas em que o chão inflige dano aos lutadores, outras escorregadias para provocar Ring Outs, combates debaixo de um cronómetro, ou até uns em que apenas utilizamos um golpe específico. Temos ainda uma espécie de masmorras labirínticas, onde existem adversários menores e o objetivo está em encontrar o caminho até ao desafio final.
Claro que o sistema de combate é basicamente o mesmo, mas estas nuances permitem diferenciar as batalhas tanto em termos funcionais, como na dificuldade. Outro elemento importante são as armas, não fosse este um Soul Calibur afinal, à medida que avançamos no modo, novas armas vão ficando disponíveis, peças que podemos depois comprar para o nosso lutador preferido. Também existem "skins" para os combatentes, mas essas são extremamente caras e requerem já algum compromisso.
“A série tem todos os ingredientes que garantem o sucesso de um jogo de luta”
Na altura em que o Soul Calibur 2 original foi lançado, estávamos no meio da batalha a três entre PlayStation 2, Xbox e Gamecube. Já que o jogo saiu em todas, para se diferenciarem, cada uma trouxe um personagem exclusivo, Spawn na Xbox, Heiachi na PlayStation 2, e finalmente Link na Gamecube. O primeiro é o grandalhão criado por Todd McFarlane's, o segundo é a personagem de Tekken, que até destoa um pouco das outras personagens. O último é um tal de Link, que infelizmente é o único fora desta versão HD, esqueçam a distribuição indiscriminada de justiça com a Master Sword portanto.
O "feel" do jogo não muda apesar do impecável ampliar de fidelidade garantido pela alta definição, as formas dos menus, os movimentos, até os controlos, tudo nos recorda que estamos a jogar um título da geração passada. Incrível a caminhada percorrida até aqui. Não quero com isto a dizer que tem mau aspeto, longe disso, está exatamente da forma que me lembro dele, com aqueles jogos de luz impressionantes e uma estética distinta, mas dentro da minha exigência visual de hoje.
Soul Calibur 2 HD não é uma coleção, o que seria perfeitamente possível já que a série "Soul" conta com cinco jogos, ignorando os "spin-off" ou o velhinho Soul Edge. Está disponível apenas como um título descarregável, e com um preço proporcionalmente em conta, para que os fãs de jogos de luta de hoje possam conhecer mais um pouco das origens do género que tanto gostam.