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Spider-Man 2 e a gratificação da diversão imediata

Primeiras impressões após 2 horas a jogar.

Marvel’s Spider-Man 2 parece mais do que pronto para repetir a dose do primeiro, diversão e aventura singleplayer de gratificação imediata e com visuais espetaculares. A Insomniac Games já se tornou numa casa bem conhecida e com a reputação para entregar jogos de ação e aventura capazes de diversão imediata. É gratificante pegar num jogo deste estúdio e numa questão de minutos começar a sorrir com o humor das suas narrativas, acessibilidade do gameplay e design da experiência.

É uma casa já conhecida por desenvolver jogos com uma alma doce e capazes de deslumbrar até quem nem sequer habitualmente acompanha videojogos. Numa era de incrível diversidade, apenas posso agradecer a existência de ferramentas que permitem satisfazer a fantasia de nos tornarmos em Spider-Man através de uma forma interativa, e o toque da Insomniac torna tudo mais autêntico.

A convite da PlayStation Portugal, tivemos a oportunidade de jogar aproximadamente duas horas de Marvel’s Spider-Man 2 e é com gosto que posso dizer que senti que este projeto enverga a forte possibilidade para se tornar no meu próximo jogo favorito da PlayStation 5. Se és fã de Peter Parker ou Miles Morales, certamente conheces Marvel’s Spider-Man e Marvel’s Spider-Man: Miles Morales, dois dos mais divertidos jogos que podes jogar na tua PS5, sem esquecer a sua fenomenal qualidade gráfica, uso do DualSense e carregamentos rapidíssimos.

Numa era em que muitos jogos te pedem paciência e longas horas antes de te conquistarem, a Insomniac Games manteve-se próxima dos dois anteriores, mas esforçou-se para conseguir essa tão engenhosa gratificação imediata. A arte de tornar um jogo divertido e capaz de agarrar logo no primeiro minuto poderá parecer simples, mas não acredito que o seja. A demo que jogamos decorria algumas horas após o início do jogo e permitiu descobrir de que formas a Insomniac procura uma narrativa com um tom ligeiramente mais pesado do que as dos anteriores.

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Em termos na narrativa, assisti a uma fase na qual Kraven tenta elevar o Lizard a uma versão superior, para se tornar numa presa ainda mais respeitável e digna do caçador. Como seria de esperar, isto mergulha Nova Iorque no caos, o que significa grandes sarilhos para Peter Parker, Miles Morales e todo o elenco de suporte, agora com um forte contributo de Harry Osborn. A Insomniac conseguiu criar a sua versão original destas personagens e isso foi incrivelmente astuto, pois permite-lhes desfrutar de enorme liberdade criativa. Mais respeito merecem por fazerem o seu trabalho com enorme carinho e compreensão.

Estas são as personagens que conheces, mas na versão Insomniac, significa um abordar original aos acontecimentos. É perceptível que Peter ainda não cumpriu o seu luto e o fato simbionte está a elevar a raiva que tenta controlar. É fácil perceber na forma como fala e reage aos constantes eventos que ocorrem. A demo mostrou uma ascendência na fúria de Peter e sugere que ele eventualmente chocará até com os seus mais queridos. Isto é algo que já vimos nas bandas desenhadas e, mais uma vez, a Insomniac mostra a sua visão própria destes acontecimentos, mas não desvirtua as personagens ou lhes remove a base.

Em termos da narrativa, posso dizer que foi absolutamente divertido assistir aos eventos aqui apresentados. É fácil perceber o porquê desta fatia do jogo ter sido escolhida para um primeiro contacto com Marvel’s Spider-Man 2, e segundo a Insomniac, não terás de esperar muito tempo até a ver pois decorre nas primeiras 5 horas. O jogo do gato e do rato que Kraven inicia com Peter estende-se ao restante elenco, mas o simbionte significará que o caçador não terá a vida fácil ou previsível. Para quem acompanha atualmente as bandas desenhadas, foi curioso descobrir alguns elementos paralelos com o atual arco narrativo, no qual o filho de Kraven tenta caçar Peter, mas dá por si transformado na presa. Isto sem esquecer que o jogo inclui constantes referências a algumas das maiores histórias do Spider-Man nas BDs.

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Spider-Man 2 é uma sequela na qual a base permanece, mas foi elevada para um novo patamar com as melhorias e novidades. Dei por mim a pensar na sensação que tive ao jogar Gears 2 pela primeira vez. A sensação de familiaridade está lá, mas é aquele jogo que tanto adoras numa versão superior. Seja pela existência de duas personagens jogáveis, entre as quais podes alternar no mundo aberto, a mecânica de planar ou o regresso de tudo o que adoraste no anterior numa versão melhorada, Spider-Man 2 tem imenso a seu favor para se tornar num jogo divertido.

Esta fatia do jogo permitiu jogar com Miles e descobrir os seus novos poderes eléctricos, e também com Peter com o fato simbionte. Basicamente, jogámos o segmento partilhado no primeiro vídeo gameplay e podemos dizer que o jogo está melhor do que o trailer. Percorrer Manhattan, Brooklyn e Queens de forma altamente fluída e dinâmica, combater é fácil de aprender e empolgante, com uma enorme imersão alcançada, de uma forma que seguramente não é fácil tendo em conta o que podes fazer.

Este gameplay familiar é expandido com novas habilidades, gadgets, mais movimentos nos combates e os poderes especiais. Peter usa a criatura vinda de Klyntar, ainda sem saber que é um ser vivo, para golpes brutais nos combates e uma vez que o simbionte se consegue esticar para atingir alvos mais distantes, a Insomniac criou novos combos e procurou equilibrar o uso deste fato. Não podem correr o risco de transformar Peter num Mr. Fantastic, mas precisa de maior mobilidade e alcance do que os fatos "normais". Isto significa que tens um enorme dinamismo visual com tentáculos a surgirem pelo ecrã e movimentos de maior brutalidade. É um tema recorrente nesta amostra de Spider-Man 2, a maior violência na qual Peter está a mergulhar.

No meio destas novidades, tens o elemento familiar, como os Takedowns, os diversos inimigos que forçam comportamentos diferentes. Ficou ainda a sensação que Spider-Man 2 é um jogo ligeiramente mais exigente nos teus reflexos. O sistema de combate recebeu críticas pela sua simplicidade e baixa dificuldade, algo ao qual a Insomniac parece reagir, sem prescindir da acessibilidade que permite a um maior conjunto de fãs jogar.

Os novos e mais brutais poderes resultam em combates mais difíceis e intensos. Muitos dos movimentos do primeiro regressam, como pressionar o botão de ataque para levantar o adversário do solo, por exemplo, mas tens novidades como o contra-ataque. Diversos golpes exigem o uso do contra-ataque no momento oportuno e outros forçam-te a desviar pois não é possível bloquear ou contra-atacar. Esta mistura de ataques testa a tua atenção e reflexos, especialmente na luta de duas fases contra Lizard, de formas que não foram testadas no primeiro. Exige hábito e dá gosto quando pareces totalmente coordenado com o jogo a executar as coisas como deve ser.

Fora dos combates, na travessia da ilha que conheces e dos novos bairros, a mecânica de planar é o maior destaque. Isto é especialmente sentido ao passar pelas pontes que levam aos novos locais, pois os túneis de vento tornam altamente dinâmicos momentos que até podiam ser aborrecidos. Podes optar por baloiçar de teia em teia, mas dei por mim a usar a mecânica de planar em sintonia com o saltar de teia em teia. É uma mecânica complementar que também cria novas oportunidades gameplay, como desafios contrarrelógio. Acima de tudo, é divertida.

Planar e saltar entre teias surge em grande sintonia e dei por mim a alternar constantemente entre as duas formas de percorrer a cidade | Image credit: Insomniac Games

Algumas coisas, como os assaltos e tarefas opcionais, estão de volta e com um maior foco no dinamismo visual (curiosamente uma coisa que também vi em Assassin's Creed: Mirage) para que os teus olhos se foquem no mundo do jogo e a imersão seja engrandecida. Isso foi um grande esforço no primeiro e em Miles Morales, colocar-te a olhar para o jogo em si e não para o HUD, mas aqui os elementos visuais que se destacam são mais proeminentes e mais fáceis de visualizar.

Novos e diferentes assaltos, as mesmas perseguições a carros com QTEs modificados e imensas fotos para tirar, são formas de mostrar como a Insomniac Games está à procura de um equilíbrio entre familiar, novidades e ajustes para mostrar uma experiência que conheces, mas elevada para novos patamares de diversão imediata.

Marvel’s Spider-Man 2 está claramente pensado como uma sequela direta, uma experiência familiar que rapidamente colocará um sorriso na face de qualquer jogador. A Insomniac Games parece seguir o lema de “maior, melhor e com muito mais estilo” que marcou algumas das melhores sequelas da indústria. Esta primeira amostra das desventuras bem-humoradas de Peter e Miles deixou-me com um enorme sorriso na face, e vontade de começar a bater palmas quando terminei a demo. É raro sentir isto após o primeiro contacto com um jogo. Enquanto fã de aventuras singleplayer que te divertem de imediato e fã de Spider-Man, não podia estar mais empolgado.

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