Splinter Cell: Blacklist - Wii U - Análise
Na sombra do inimigo.
Ao lado da Nintendo desde há algumas gerações, a Ubisoft tem sido uma das maiores apoiantes da Wii U. Se esse apoio se manterá no futuro, só poderemos saber depois da época natalícia. No entanto, poucas editoras "third party" apostaram tanto na máquina da Nintendo como a Ubisoft, que continuou a fazê-lo mesmo quando os seus títulos ficaram aquém das expectativas. Zombie U, um inovador jogo de survival que mostrou as possibilidades de interacção com o revolucionário GamePad, em exclusivo, está entre os títulos mais "underrated", apesar de ter tido direito a bundle Wii U. Como uma das manobras mais arrojadas da Ubisoft no lançamento de uma nova consola, a prestação final do jogo esteve longe de surpreender. Apesar do avanço ainda moderado da Wii U, essencialmente a reboque dos jogos first party, a editora francesa nem por isso cessou a aposta na máquina da Nintendo, sendo este Splinter Cell: Blacklist um exemplo de como a parceria é para continuar.
Rayman Legends foi lançado no final do mês de Agosto como título multiplataformas, deixando bons indicadores de vendas sobre a versão Wii U durante as primeiras semanas. Não é difícil descobrir o motivo desse sucesso. A boa adaptação ao GamePad e por ter sido um jogo originalmente pensado para a máquina da Nintendo, levaram a que a versão Wii U se posicionasse num outro patamar. A situação é um pouco diferente quando enquadramos Splinter Cell: Blacklist, a nova aventura do agente secreto Sam Fisher. Isto porque as quotas de mercado das consolas PS3, Xbox 360 e PC são muito superiores à Wii U, e isso remete para uma margem de apoio mais pequena, capaz de não compensar os investimentos realizados no desenvolvimento de uma versão a pensar na exclusividade da experiência na Wii U.
Quando tivemos a oportunidade de testar a versão PS3 de Splinter Cell: Blacklist, ficamos curiosos em saber como se adaptaria todo o arsenal que Sam transporta consigo ao ecrã táctil do GamePad. Num jogo que prima pela quantidade impressionante de acessórios, granadas, câmaras e armas, ficamos curiosos por saber como se organiza tamanha lista de utensílios de combate dentro de uma janela interactiva.
O primeiro ponto a ter em conta nesta versão Blacklist para a Wii U é que nenhuma das funções é exclusiva da Wii U. No conjunto, temos uma adaptação e extensão dos processos interactivos existentes ao GamePad, proporcionando uma interactividade diferente, mais rápida, como quem tem um tablet em mãos e opera uma gestão do combate quase à distância. Se quiserem passar ao lado destas funções podem sempre ligar o comando Wii U Pro e interagir do mesmo modo que faz um utilizador com as outras versões.
Contudo, há razões para tirar proveito do comando. Desde logo porque quando entramos em missão, o arsenal fica imediatamente disposto no ecrã táctil, à distancia de um toque, sem necessidade de recurso ao d-pad. No canto superior direito podem escolher entre equipamento letal e não letal. Esta organização dá-nos imediatamente uma sensação de poder e força, assim como um acesso mais confortável (e seguro), mas é claramente um aproveitamento regular e previsível que a equipa de produção do jogo faz do GamePad.
As soluções mais inventivas, embora não deixem de ser perceptíveis, verificam-se desde logo no drone Tri-rotor. Ao seleccionarmos o equipamento capaz de sobrevoar a área coberta por inimigos, obtemos uma imediata imagem, no ecrã do GamePad, do terreno onde se encontra o adversário. A movimentação adequa-se totalmente ao sensor de movimentos, pelo que podemos rodar o comando na direcção pretendida. Favorece um contexto de espionagem e até de acção, com bons efeitos práticos, sendo uma das funções que ganha reconhecimento imediato.
O mesmo sucede com a snake cam, a perspectiva que permite a Sam observar para lá das portas. Este acesso exclusivo a zonas interiores não foge a uma certa ideia de batotice, mas como engenharia militar, permite que o herói veja pelo ecrã o posicionamento dos inimigos e escute até as suas conversas. Se tiver munições para isso e disponível a opção para executar, poderá seleccionar os inimigos e abatê-los de seguida, bastando para isso tocar no ecrã de modo a escolher os alvos e pressionar de seguida o botão X para executar o ataque automático.
No modo infra-vermelhos, Sam adquire uma perspectiva privilegiada, podendo também seleccionar os alvos recorrendo ao ecrã do GamePad, tocando sobre os inimigos. A adaptação é boa, mas não deixa de ser realizável através da função regular, o que significa que para lá destas adaptações, não existe nenhuma função ou mecânica dentro do modo de actuação de Sam Fisher que só possa ser realizada através do GamePad. Percebe-se que a Ubisoft não quis discriminar as audiências, sem deixar de proporcionar aos titulares da versão Wii U uma adaptação bem conseguida de algumas das mecânicas de jogo, mas sem novidades.
Em termos gráficos, a versão para a Wii U está em sintonia com as restantes versões, embora tenhamos que referir pontos menos agradáveis, que nem têm que ver com o grafismo. A existência de alguns loadings mais demorados do que é habitual é perceptível, e a isso acresce a supressão do modo multiplayer local em ecrã dividido, falha que não se poderá dizer colmatada pela disponibilidade do mutltiplayer online, uma vez que esse modo está disponível nas outras versões.
Resumindo, podemos dizer que a Ubisoft fez o que se esperava numa adaptação de Blacklist para a Wii U. Sem acrescentar funções exclusivas ou novos conteúdos que elevariam o jogo a um novo patamar, optou por manter a experiência semelhante em todas as versões, sendo que a diferença na Wii U passa pela adaptação de algumas mecânicas ao GamePad. Embora previsíveis, funcionam bem e deixam boa impressão, pelo que os titulares de uma Wii U interessados em aventurar-se com Sam Fisher num périplo mundial de acontecimentos explosivos, podem fazê-lo com segurança.