Sports Champions 2 - Análise
Desportos que sabem a pouco.
A franquia Sports Champions emergiu em 2010 como compilação de várias modalidades desportivas adaptadas aos comandos Move, o inovador sistema de controlo por movimentos. A Sony quis responder ao Wii Sports lançado pela Nintendo para a Nintendo Wii e aproveitou a oportunidade para distinguir o seu jogo, apostando num realismo das personagens e cenários e conseguindo mais alguma profundidade em termos de opções de movimentos por cada modalidade. Houve alguma relevância nessa entrada, mas se então o jogo foi uma novidade parcial, nesta altura, receber uma nova dose já não causa o mesmo efeito, ainda que fosse legítimo pensar em algo mais, algo que pudesse transcender as fronteiras do jogo anterior.
Infelizmente não é o caso e depressa Sports Champions 2 acaba por frustrar as expectativas de quem pensa encontrar aqui qualquer grande novidade. Na verdade, é toda uma rotina demasiado previsível que regressa. Apesar de ampliada devido à inclusão de algumas modalidades, poucas são suficientemente atraentes e até o modo single player se torna aborrecido devido a uma grande sensação de repetição que se apodera. Acrescem algumas falhas em termos de captação dos movimentos, que embora sendo residuais, fazem a diferença quando nos preparámos para obter um resultado mais relevante e digo isto quando penso nas partidas de ténis e de esqui.
Indo directamente ao cerne do jogo, Sports Champions 2 é constituído por seis modalidades desportivas (golfe, ténis, arco, bowling, esqui e boxe) e para cada uma terão de recorrer ao Move (o comando que deteta os vossos movimentos) para reproduzirem os movimentos adequados à modalidade. Para quem vem dos jogos anteriores, ou passou pelos Wii Sports, a sensação de familiaridade é enorme. E muito embora o aspeto gráfico seja apelativo, também se esperava que o mesmo pudesse estar muito à frente. Basta lembrarmo-nos o que fizeram outras produtoras por jogos que se serviram do Move para proporcionar um sistema de comando alternativo. Grand Slam Tennis 2 foi bastante longe nesse desiderato, ao proporcionar bons comandos, seja pelo comando tradicional, seja pelo Move.
No ténis, é-vos solicitado apenas a oportunidade da pancada. A personagem move-se automaticamente para a zona do campo onde o adversário tenha endossado a bola. Infelizmente o tempo para desferir a pancada certeira é deveras limitado e não são raras as vezes que acabamos por acertar somente no vento, aumentando a frustração. Além disso, os serviços fazem-se com alguma estranheza de movimentos. Depois falta ritmo à partida e ficámos sempre muito aquém de um relativamente apetecível Virtua Tennis.
O esqui na neve começa por ser aliciante. Uma personagem que desce a montanha em velocidades vertiginosas, com todo o cenário em transformação, gera sempre uma boa sensação visual. Contudo, o esquema de comandos é algo desolador. Temos de virar o Move para a esquerda e direita a fim de inclinarmos a personagem, levantando-o para saltar e descendo-o para ganhar mais velocidade. Nalgumas provas mais competitivas é um modelo interessante, mas que rapidamente se torna previsível.
No boxe, ter dois comandos Move faz toda a diferença. Um para cada mão e podem apontar os socos à cabeça e aos abdominais sem grande dificuldade. Se tiverem apenas um Move, então terão de recorrer aos botões do comando para aplicarem outros golpes. O esquema é normalmente apelativo e obriga a antecipar os ataques dos adversários (bloqueando a cara ou o estômago), mas sendo possível fazer quase sempre "block" basta ter paciência até ao fim de algum tempo derrotarmos o adversário. Além disso os golpes mais baixos não saem como queríamos e acabámos por deixar um flanco à mercê do adversário.
Nos relvados de golfe, a modalidade pratica-se com grande facilidade e o impacto positivo das pancadas tona as partidas mais agradáveis. Há sempre uma margem de erro que queremos ultrapassar. O vento e a intensidade da pancada são variáveis que temos de anular. Pondo firmeza e a dose de intensidade certa no comando conseguimos resultados interessantes e o deslize da bola sobre o relvado parece autêntico. Gostei também das partidas de arco. Aqui há uma permanente luta contra o tempo; quantos mais disparos fizermos, maiores serão as possibilidades para pontuar. Puxar até ao ombro o Move para retirar a flecha e depois apontá-lo à televisão, fazendo mira para o centro. Contando com a inclinação do alvo e com a margem de queda da seta, podemos acertar no centro para a pontuação máxima.
Por fim, o bowling. Do melhor, juntamente com o arco. Não é por acaso que no Wii Sports o bowling era do mais interessante, justamente por reproduzir bem o jogo real. O lançamento e colocação da bola, alinhada com os mecos, são essenciais para um bom resultado. Depois podem fazer truques para colocar a bola a girar, aumentando-lhe a velocidade, o que acaba por ser ótimo, sobretudo nas partidas com vários jogadores.
Sports Champions 2 está claramente orientado para o multi player, para partidas até quatro jogadores. Jogado individualmente depressa se torna repetitivo e previsível. Há sempre alguns modos de jogo através das taças, onde podem lutar por objetivos e medalhas contra outros adversários comandados pelo computador. Outros pontos que dificultam a margem de progressão do jogo são os elevados tempos de carregamento e uma dimensão gráfica que fica aquém do potencial. A entrada para os jogos e saída dos mesmos é excessivamente morosa e para um jogo algo parco em conteúdos não se percebe como os produtores não conseguiram agilizar as transições. E depois o grafismo fica muito aquém do esperado. Jogos dedicados de outras modalidades são bem mais cuidados. É certo que Sports Champions 2 cobre várias modalidades, mas nunca chega a deslumbrar em qualquer uma delas.
Assim, valerá ter em conta o seu preço especial no momento da aquisição, especialmente se quiserem investir num jogo composto por várias modalidades desportivas e especialmente apontado ao convívio entre amigos, já que de outra forma correm o risco de darem sequencia a uma experiência pouco original, previsível, ainda que satisfatória.