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Star Wars Outlaws - um sonho com 10 anos

Primeiras impressões após 4 horas a jogar.

Crédito da imagem: Ubisoft

Após recentes lançamentos como The Crew Motorfest, Assassin's Creed Mirage, Prince of Persia: The Lost Crown, The Rogue Prince of Persia, e Beyond Good & Evil 20th Anniversary Edition, a Ubisoft mostra uma maior disposição para diversificar as suas experiências, procurando ir além do padrão cíclico que durante anos repetiu e atirou para a banalidade a maioria das suas franquias.

Star Wars: Outlaws é um dos próximos projectos da Massive Entertainment, que se inspira em vários outros jogos para criar uma experiência de ação e aventura em mundo aberto ambientada no universo Star Wars. Outlaws parece quase a realização de um sonho que a LucasArts nos ofereceu, mas que depois cruelmente retirou, apresentando Star Wars: 1313 em 2012 e cancelando-o um ano depois.

Star Wars 1313 foi apresentado como um jogo de ação e aventura com um tom mais adulto, centrado em Boba Fett, o que significava uma jogabilidade com armas que disparavam lasers e a utilização de engenhocas em combate e puzzles. Era uma experiência concebida para se diferenciar dos jogos de combate com sabres de luz com os Jedi, o que, tendo em conta os esforços da EA com Star Wars Jedi, curiosamente coloca Outlaws numa posição muito semelhante.

A área aberta é o que esperas do mundo aberto padronizado, mas viajar na mota é divertido e torna tudo dinâmico | Image credit: Ubisoft

O submundo de Star Wars

Ao longo destas 4 horas de Star Wars: Outlaws, tive a oportunidade de jogar o início da jornada de Kay Vess na Lua de Toshara, onde a sua nave cai após a protagonista enfrentar problemas inesperados. Por incrível coincidência, está lá por perto um mecânico que se dispõe de imediato a ajudar Kay, ao apontá-la na direção da cidade Mirogana. Esta é a maior cidade de Toshara, o local onde estão os senhores e senhoras do submundo. Uma vez que Outlaws decorre entre O Império Contra-Ataca e O Regresso do Jedi, assistirás a uma forte presença dos Stormtroopers, seja na campanha ou em atividades opcionais.

Este primeiro contacto com Outlaws mostrou que Kay já está habituada à vida de bandido, a entrar em golpes, a cometer crimes, a lidar com senhores do submundo, mas mostra-a um pouco desconfortável por não saber exatamente o que esperar destes grupos de criminosos. A primeira missão principal desafia-te a entrar na sede de uma das facções e a roubar um item muito importante, o que desencadeia uma série de eventos.

A dada altura, terás de decidir o que fazer com a informação que obtiveste nesse roubo, o que significa cair nas boas graças de uma facção e ficar mal vista perante outra. Isto tem impacto no gameplay, mas podes fazer missões secundárias que prejudicam uma facção “amiga”, se o desejares. A ideia que ficou é que, independentemente das escolhas, não ficarás privado de missões ao favorecer uma facção.

Após as missões em Toshara, a nave foi consertada e tive a oportunidade de passar algum tempo a combater no espaço, jogar uma missão numa estação Imperial no espaço, e terminar com uma missão principal no planeta Kijimi, onde vais percorrer por ruas que viste quando Rey enfrentou Kylo Ren in Rise of Skywalker. Foram três locais totalmente diferentes que tive a oportunidade de conhecer, em momentos nos quais a personalidade de Kay conseguiu conquistar.

A Massive aposta numa personagem que captura a personalidade de nomes como Han Solo ou Nathan Drake, bons bandidos que apesar do seu bom coração, tentam sempre cumprir a missão que mais benefícios lhes trará. Com a companhia do seu fiel e pequeno Nyx, naveguei pelo submundo de Toshara e Kijimi sempre com a sensação que vale a pena acompanhar a história de Kay. Apesar de ser uma bandida, não é má, tem carisma, e não vira a cara a uma boa recompensa.

Podes explorar a grande área aberta com inúmeras situações inesperadas ou vaguear pela cidade, onde se encontram os gangs. | Image credit: Ubisoft

Gameplay stealth com imenso emprestado

Descrito como um jogo de ação e aventura, Star Wars: Outlaws alterna entre as zonas abertas de média escala (onde encontras pequenos postos imperial, pequenas aldeias e grandes cidades) com níveis lineares onde Kay e Nyx efetuam os seus assaltos, mas em praticamente tudo o que fazes, o elemento furtivo é um dos principais alicerces desta experiência. Se pensas que vais jogar Outlaws sempre aos tiros, a Massive tem outra ideia na mente, furtividade para evitar o máximo possível sacar da arma.

Na zona aberta, onde podes rapidamente chamar a moto e sair a pairar pelo mapa (sempre atento a mensagens que podem ativar atividades extra ou chamadas com missões secundárias das facções), a ação reina. Não és tão forçado a aderir ao elemento furtivo, mas nas missões de história em Mirogana, na estação espacial e em Kijimi, a palavra de ordem é “stealth”. Mesmo que em alguns momentos a dificuldade permita, ligeiramente, banalizar a IA, ao correr alguns riscos para seguir em frente, a Massive desenhou Star Wars: Outlaws para incentivar a postura furtiva, algo que na estação espacial e Kijimi é simplesmente obrigatório respeitar.

Kay pode usar a arma para disparar, pode ativar um modo de câmara lenta no qual podes escolher os alvos antes de disparar (sim, é a Dead Eye de Red Dead Redemption), e pode usar diferentes tipos de disparo para derrubar escudos ou eletrocutar inimigos, mas o combate direto deve ser usado somente em último recurso ou quando não há outra hipótese. Estudar os cenários, usar a câmara para seguir as rotas dos guardas e gerir os timings para agir é essencial, e muito mais gratificante.

Star Wars: Outlaws está claramente desenhado para a furtividade, elemento engrandecido com Nyx, que podes enviar para atacar os adversários, causar distrações ou até efetuar ações como desligar alarmes. A pequena adorável criatura é uma grande ajuda e tens de pensar sempre se a podes usar para ajudar Kay, até para chegar a locais onde ela não consegue e abrir portas, por exemplo. Com Kay agachada, podes percorrer os cenários com ela escondida, aproximar de um inimigo para o atacar com um golpe físico que o deixa arrumado. A furtividade é o pilar do gameplay nas missões de história, até para entrar nas zonas controladas pelas facções e roubar itens ou informações.

Em Mirogana, não consegui desativar o segundo escudo que protegia o acesso à porta, fui visto e iniciou-se um combate intenso. Sempre que era visto, perdia rapidamente pois o número de inimigos era muito superior. Somente quando consegui escapar aos guardas (que me perderam de vista e consegui respirar um pouco) é que voltei a ter a oportunidade de os atacar um a um e passar uma parte da missão.

Na estação espacial nem sequer podes disparar e tens de estar constantemente atento para não permitir a ativação do alarme, o que torna a furtividade muito mais do que essencial, torna-a obrigatória. Tanto em Mirogana como em Kijimi, para entrar na zona de uma facção, tive de explorar as áreas envolventes para descobrir como entrar, estudar os locais e seguir as pistas faladas por Kay e o elenco de suporte para perceber por onde ir. Seja para entrar ou sair destas zonas, terás de estudar os cenários, e mesmo que ocasionalmente consigas tirar proveito de falhas na IA, no geral, Star Wars: Outlaws foi uma experiência gameplay empolgante e divertida.

Esta sessão de 4h mostrou um forte foco no gameplay stealth, o que surpreendeu e rapidamente conquistou | Image credit: Ubisoft

Momentos visualmente espetaculares

Esta fatia limitada de Star Wars: Outlaws, a campanha dura entre 25 a 30 horas no jogo completo, permitiu ver diversos locais, como referido anteriormente, todos eles com imensos detalhes gráficos que me conquistaram. Toshara parece inspirada pela savana africana, com um mundo aberto de boa escala que podes percorrer rapidamente com a moto, com diversos momentos “kodak” que motivam a pausar para ativar o modo foto e enquadrar a paisagem para partilhar nas redes sociais. A cidade Mirogana é de uma escala respeitável, com imensos detalhes, bom uso de iluminação e reflexos, capaz de surpreender com relativa facilidade.

O momento de confronto no espaço também conseguiu conquistar, com o gameplay e com os gráficos, a estação espacial está repleta de reflexos e detalhes para capturar a atenção dos maiores fãs de Star Wars, enquanto Kijimi revelou um tom diferente. A ação decorre de noite, por isso não tens o cenário colorido de Toshara, a neve a cair gera uma atmosfera totalmente diferente, mas os detalhes nos cenários e as fontes de luz conquistam de igual forma.

As cutscenes e cenas de história revelam modelos de personagens com grande qualidade gráfica, e com a exceção do cabelo de Kay (fica estranho nestas cenas) Star Wars: Outlaws, nesta versão, está altamente satisfatório. Existem diversos momentos nos quais Nyx te chama para encontrar segredos e a Ubisoft desenhou estes pequenos segmentos para terminarem com um empolgante enquadramento gráfico, que te deixa rendido a admirar as cenas.

Um elemento muito bem conseguido e que mostra a Ubisoft atenta ao feedback é o HUD minimalista. Tens a bússola no topo do ecrã que te indica se estão locais de interesse por perto e a direção das missões ativadas, mas a restante imagem está totalmente limpa, sem HUD, exceto quando entras em combate. Podes ir ao menu para verificar detalhes como o mapa e missões, mas o HUD minimalista mostra uma Ubisoft atenta a áreas para melhorar.

Graficamente, Star Wars: Outlaws está fenomenal, mas não o vimos a correr numa consola | Image credit: Ubisoft

Momentos de diversão

Se tal como eu ficaste fascinado com a proposta de Star Wars 1313, desde 2013 a pensar em como seria esse jogo de ação e aventura não focado em combates de sabre de luz, Outlaws está posicionado como o mais próximo que terás do concretizar desse sonho. Estas primeiras 4 horas mostraram um jogo que usa muitas ideias já existentes, mas com charme, gráficos, história, e banda sonora com potencial para conquistar os fãs de Star Wars.

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