Stealth Inc 2: a Game of Clones - Análise

A Curve Studios é um pequeno estúdio britânico independente com alguma história e um naipe de produções sonantes, muitas delas disponíveis em plataformas como PC e Mac mas também nas plataformas virtuais das consolas, sobretudo da anterior geração. Stealth Inc 2: a Game of Clones é uma sequela exclusiva para a Wii U do original Stealth Bastard Deluxe (na passagem para a PSN a editora rebaptizou o jogo como Stealth Inc para não ferir susceptibilidades), disponível para várias plataformas, cumprindo um trajecto quase inverso à maioria de tantos jogos indie que arrancam como exclusivos de determinada plataforma, passando depois a integrar a fileira dos multiplataformas.

Como o próprio nome do título sugere, estamos diante de um jogo de espionagem e actuação furtiva. Nele controlamos uma personagem roliça equipada com um par de óculos de visão noturna à lá Sam Fisher, convocada a superar uma série de puzzles e desafios dentro de pequenas celas ligadas entre si, como se fosse de um percurso único pejado de obstáculos se tratasse. A produtora acrescentou ao desafio e interacção uma pequena narrativa, um substracto que oferece algum sentido às sucessivas campanhas em tons de um "comic": um espião capaz de evadir-se com sucesso de uma instalação de alta tecnologia, onde os movimentos são monitorizados ao pormenor e todas as tentativas de evasão fora dos raios de detecção de movimentos fatalmente neutralizadas.

Nos seus mais de 60 diferenciados e interligados níveis, como se fundissem num único mundo, o jogador vai sendo posto à prova de forma gradual, numa curva de dificuldade apertada, sem no entanto cair em penalizações severas. A ausência de vidas, ou créditos limitados, permite prosseguir a partir de uma posição previamente gravada, embora a rotina dos mecanismos e instrumentos à disposição para superar os testes das diversas câmaras possam expor demasiada complexidade em detrimento de uma saudável e forte riqueza interactiva.

Nos níveis iniciais, sem loadings, paragens forçadas e explicações integradas sobre o funcionamento, somos brindados com uma série de elementos encorajadores. Saltar entre plataformas, arrastar blocos, activar mecanismos, movimentação nas sombras, tudo através de um sistema de desafio e recompensa algo simples mas muito eficaz. No melhor sentido o jogo parece actuar dentro do sistema de Portal. Rapidamente são entregues mais elementos, como um clone companheiro que controlamos à distância para activar elevadores e realizar certas tarefas enquanto mantemos a nossa personagem num ponto do cenário a aguardar pelo desfecho da acção. Uma falha neste processo é suficiente para activar lasers e lâminas, com as quais acabamos numa sopa de sangue.

Controlar os clones para os mais diversos efeitos permite uma ampliação das tarefas e mudança de rotinas, embora com níveis muito próximos em termos de design possa ocorrer uma deriva para cansaço naquelas investidas meticulosas e experimentais. No fundo há aqui muito do típico tentativa e erro e menos a vertente clássica da espionagem. Experimentamos todas as possibilidades até esgotar a única saída viável. Nesse aspecto, parece-me que Ghost Trick, da Capcom e para a NDS, oferece uma execução mais estimulante, enigmática e bem melhor estruturada em termos narrativos. Stealth Inc 2 empurra demasiado o jogador para os procedimentos e acaba por deixar algum amargo de boca. A sensação de omissão de substância concretiza-se ao fim de algum tempo, à medida que o processo de tentativa e erro se acentua. Oportunidade ideal por isso, para juntar um segundo jogador à experiência e colocar dois clones controlados por dois humanos, algo que pode ser mais estimulante na tentativa de superação dos obstáculos. Aos exploradores são oferecidas pequenas recompensas, como chapéus e equipamentos, a conferir um satisfatório grau de personalização.