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Steel Diver: Sub Wars - Análise

"Lutaremos até ao último projéctil."

O subtítulo escolhido para esta análise corresponde a algumas das últimas palavras do almirante Lutjens, do grande navio de guerra alemão Bismark, que operou no atlântico durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial. O navio foi afundado a 27 de Maio de 1941 pelos cruzadores de batalha King George V e Rodney, escoltados pela 4ª Flotilha de Contratorpedeiros, num ataque com bordadas maciças do seu armamento principal. A luta pelo domínio marítimo foi relevante neste capítulo negro da História da Europa, com alemães e aliados constantemente a medirem forças à superfície e dentro da água. A chegada de Steel Diver: Sub Wars à consola da Nintendo ilustra perfeitamente a dimensão destas batalhas, sempre muito estratégicas e a requerer uma capacidade de manobra e antecipação face ao adversário.

Com o apoio da Nintendo, a produtora VITEI Inc. regressou às profundezas marítimas, depois de Steel Diver (também para a Nintendo 3DS), um jogo que embora sem ir ao fundo deixou entrar alguma água. Mas podendo categorizar-se Sub Wars como sequela, o aspecto mais saliente desta produção é mesmo o seu particular funcionamento dentro dos jogos F2P (free to play), o que significa que o utilizador não paga pelo descarregamento do jogo, podendo fruir das suas funcionalidades online. No entanto se o jogador quiser tirar partido do produto na sua totalidade terá de pagar o custo respectivo.

Controlar o navio através dos botões é muito simples.

Embora não seja um modelo de distribuição novo, é-o para a Nintendo 3DS. Se mais jogos como este ficarão disponíveis, só o futuro dirá. Certo é que para além de integrar o jogo numa nova categoria, a produtora corrigiu alguns problemas que ficaram bem patentes em Steel Diver. A renovação da perspectiva de jogo, agora mais próxima de um "shooter" na primeira pessoa, reforçou a dinâmica dos combates de submarinos dentro da água. O ritmo destas batalhas é particularmente lento - contemplativo - como disse Iwata durante a revelação do jogo na última Nintendo Direct. Só que não existe tempo para apreciar a beleza submarina, não só porque não há muito para ver (tirando o tratamento dado aos submarinos, todo o espaço envolvente está reduzido a um mínimo, embora com realismo), como também a atenção se desloca para o sonar e para a navegação do aparelho.

Na verdade, a passagem para uma perspectiva tridimensional e na primeira pessoa reforça a mecânica de combate, agora que as batalhas através do modo online se encontram disponíveis, permitindo um confronto mais real mas também mais punitivo para os jogadores que optarem pelos dois submarinos da versão gratuita.

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Com o acesso à versão "premium", para além dos 16 submarinos adicionais, o jogador pode percorrer as sete missões individuais, multiplicadas por três níveis de dificuldade. Neste modo o objectivo passa por acumular medalhas em função dos objectivos propostos. Se forem particularmente eficazes podem até obter uma medalha estrela, a mais meritória. No entanto, este é um bom modo para ficar a conhecer o jogo e, sobretudo, aprender a manobrar um submarino com sucesso. Estas missões envolvem diferentes objectivos: eliminar uma base de radar inimiga, encontrar um novo submarino e afundá-lo, transmitir um sinal em código morse para guiar os bombardeiros até ao seu destino, são alguns dos desafios propostos. O tempo até completarem cada missão depende do nível de dificuldade, mas este segmento ainda proporciona perto de duas horas de jogo, com o "tutorial" incluído.

Se até aqui Sub Wars navega em águas calmas, o cenário muda de figura quando passamos a defrontar dois adversários no mesmo espaço (há uma opção para multiplayer local, até 4 jogadores), contando apenas com o apoio de um submarino comandado por um outro elemento da equipa. É o típico "team deathmatch". O objectivo passa por afundar tão depressa quanto possível os nossos inimigos, o que significa proveitosos pontos em direcção a um novo nível. A mudança de classe dá acesso a novos submarinos, configurações, personalização e capacidade para receber tripulação.

Uma das máquinas presentes no jogo.

Porém, o método agregador de jogadores adversários e colegas de equipa, que tanto serve para escolher jogadores do mesmo continente como do mundo inteiro, não separa os com melhor ranking dos principiantes, o que pode causar algum embaraço para quem chega ao jogo nesta altura, por oposição aos que jogam Sub Wars desde há um mês. Pena é que não existam mais modos de jogo e que o objectivo, dentro do modo online, seja sempre o mesmo: esmagar os adversários.

Steel Diver: Sub Wars apresenta um sistema de comando simples mas muito eficaz. Enquanto que através do ecrã 3D podemos observar o movimento do submarino numa perspectiva tridimensional na primeira pessoa, o ecrã táctil está configurado como se fosse uma mesa de comando. Ao meio o sonar, duas alavancas, botões de disparo dos torpedos e mais alguns: periscópio, máscara que torna o submarino temporariamente invisível e código morse para uma troca de sinais rápida com o nosso colega. É possível controlar o aparelho usando apenas o ecrã táctil, mas como é necessário efectuar manobras constantemente, a opção pelos botões é mais prática e confortável.

Mensagem rápida para o colega.

A grande variedade de submarinos aumenta as estratégias a seguir. Um submarino mais veloz pode ser útil para uma perseguição mais acelerada aos inimigos, embora tenha como desvantagem uma menor disponibilidade de torpedos. As batalhas assentam todas numa espécie de jogo do gato e rato. O primeiro jogador a encontrar o adversário através do sonar pode disparar mais depressa, obtendo melhor pontuação se acertar no adversário com disparos longínquos (uma pressão adicional no botão de disparo faz zoom sobre a zona a alvejar). Frieza, estratégia e precisão produzem bons resultados, especialmente quando se joga por antecipação e se envia um torpedo calculando que o submarino inimigo esteja no ponto certo. Mas toda a atenção pode não ser suficiente. Num manobra rápida, um adversário pode ficar invisível e contra-atacar, causando severos danos no aparelho. Até a luz da lanterna vermelha pentear o ecrã, passa algum tempo, ainda que no desespero e numa fuga bem sucedida seja possível alcançar umas caixas reparadoras de danos, em forma de "power-ups" abandonados.

A recolha da tripulação aliada é obrigatória por constituir um papel decisivo na melhoria do submarino. Um tripulante pode ser detectado a partir do sonar, sendo que para a sua recolha se torna necessário emergir temporariamente. Alguns submarinos podem ser utilizados com 4 ou mais tripulantes, pelo que é relevante encontrá-los. Paredes rochosas e alguns corredores metálicos delimitam a zona navegável, mas não há grandes detalhes para lá dos refúgios rochosos. Os submarinos receberam um tratamento visual cuidado, algo que sobressai muito bem durante as repetições, com pequenos detalhes que fazem a diferença entre as 16 máquinas da versão "premium".

Steel Diver: Sub Wars entra bem no formato F2P. Com uma parte do conteúdo gratuita (2 submarinos, um par de missões, 17 tripulantes e modo online disponível) qualquer titular de uma Nintendo 3DS pode refrescar imediatamente a sua consola. Mas a oferta do conteúdo "premium" ainda é significativa e, por mais dez euros, o conteúdo oferecido proporciona valor adicional. Não obstante o design minimalista e poucos modos de jogo, o melhor de Sub Wars reside na natureza estratégica das batalhas e no modo online que faltou a Steel Diver.

7 / 10

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