Stranger Things Temporada 3 - O que achamos dos primeiros quatro episódios?
Hormonas aos saltos!
Este artigo contém alguns spoilers ligeiros da Season 3 de Stranger Things - prossegue por tua conta e risco!
Ainda me recordo da primeira vez que assisti a Stranger Things. Foi um daqueles casos - cada vez mais raros, devo acrescentar - em que decidi assistir a uma série sem saber absolutamente nada sobre a mesma e encontrava-me em completa ignorância sobre aquilo que esperar. Nada de trailers, spots, posters ou qualquer tipo de material promocional - apenas o título, Stranger Things.
Bastou o primeiro episódio para rapidamente me apaixonar pelo mundo criado pelos Duffer Brothers - a mistura de terror, sci-fi e comédia adolescente resultou tão bem que devorei os episódios uns atrás dos outros, desejoso de saber como toda aquela aventura iria culminar. Quase como que da noite para o dia, a Netflix ficou com um ícone televisivo nas suas mãos.
Infelizmente, não senti o mesmo quando assisti à segunda temporada da série. Pelo menos, não de forma tão intensa. Seria por, inconscientemente, eu ter colocado a fasquia demasiadamente alta? Seria resultado do meu hype desmesurado? Existem demasiados paralelos entre ambas as temporadas que muito me desagradaram, tornando-as quase uma cópia da outra e não uma continuação lógica da história: Will novamente em perigo, os "vilões" são de certa forma os mesmos, apenas em maior qualidade, a casa voltou a ser usada como uma espécie de comunicador paranormal, entre muitos outros aspectos.
Com a Season 3, a série parece continuar a seguir uma tendência semelhante. Vi apenas 4 episódios, é verdade, o que corresponde exactamente a metade da temporada e torna um bocado difícil estabelecer uma opinião concreta e perceber exactamente para onde a narrativa se dirige. Existem novas conspirações, ameaças e mistérios para desvendar, com a série a seguir um modelo muito similar àquele que foi aplicado na temporada passada, se bem que restrito à cidade de Hawkins.
Passou um ano desde o último episódio de Stranger Things e, como seria de esperar, tudo está mudado: as crianças amadureceram, entrando naquilo que é evidentemente a fase da puberdade (juntamente com tudo aquilo que a mesma acarreta). As hormonas estão a escaldar e, apesar de poder ser ligeiramente desconfortável assistir a cenas mais românticas e "piegas" entras as personagens, não deixa de ser a progressão natural do ser humano e situações pelas quais muitos de nós passamos.
Eleven e Mike tornam-se, efectivamente, um casal - e um dos pilares principais dos primeiros quatro episódios da nova temporada. Lucas e Max continuam a viver a sua paixão adolescente enquanto que, por sua vez, Dustin arranjou uma namorada enquanto frequentou um acampamento de Verão. Até mesmo Joyce, a mãe de Will, e o chefe Hopper da polícia voltam a formar uma parelha, induzindo que algo mais poderá crescer entre ambos à medida que a história se for desenvolvendo.
Existe realmente um ênfase muito grande nestas questões amorosas e como isso poderá afectar os laços de amizade entre as várias personagens que tanto viveram juntos, com especial ênfase para Will, que acaba por se sentir posto de parte e incompreendido.
Todo este panorama de mudança pode também ser extrapolado à própria cidade de Hawkins, com uma nova e grande revolução que tomou conta da população: a abertura do centro comercial Starcourt. Este é agora um dos locais mais populares da cidade e que vai estar estritamente relacionado com o arco narrativo de Dustin e Steve e com a nova ameaça que está a ganhar forma em Hawkins.
Nancy e Jonathan são o outro núcleo de protagonistas que me falta mencionar. Ambos trabalham agora no The Hawkins Post, o jornal local - Jonathan é o responsável pelas fotografias enquanto que Nancy é uma simples assistente em busca do seu grande furo jornalístico, sempre rebaixada e inferiorizada pelos restantes funcionários numa atitude extremamente machista.
Como seria de esperar, apesar de Eleven ter fechado o portal que ligava o nosso mundo ao Upside Down, existem ainda inimigos para combater que, desta feita, surgem de vários ângulos e com formas bem distintas de tudo aquilo que foi apresentado anteriormente. Como esta série já nos tem habituado, a narrativa foi fragmentada e dividida em diversos arcos consoante as parelhas das personagens. Nenhum deles se interceptou ainda mas desconfio que seja apenas uma questão de tempo até que tal aconteça e tenho já fortes palpites daquilo que se avizinha para Hawkins - e se se confirmar, será uma reviravolta interessante na mitologia da série! As peças estão a movimentar-se pelo tabuleiro e resta apenas saber quem irá fazer xeque-mate.
Apesar de tudo isto, o sentimento de urgência, antecipação e até mesmo pavor que foi particularmente predominante na Season 1 parece não estar aqui - pelo menos não nos primeiros quatro episódios. Nesta temporada, a balança parece-me estar bem mais inclinada para a comédia do que propriamente terror/sci-fi; não que seja algo propriamente mau mas achei que as temporadas anteriores fizeram uma melhor gestão de todos os géneros. Para além disso, baseando-me apenas nas informações que sei até ao momento, não sei até que ponto esta temporada vai debruçar-se sobre o passado de Eleven. Conhecemos Oito na temporada passada - algo que dividiu bastante os fãs - mas fiquei com a sensação de que não saberemos muito mais sobre as restantes cobaias do Laboratório de Hawkins.
De qualquer das formas, continua a ser Stranger Things - mesmo com quatro episódios, o ADN que torna a saga apaixonante continua presente e apesar da familiaridade dos eventos que estão a acontecer, admito que estou em pulgas para saber como esta temporada termina e se algo ficará em aberto que será respondido no futuro. A representação dos anos 80 e da América capitalista continua genial e charmosa como sempre, com o guarda-roupa, penteados, acessórios, carros, marcas e respectivos logótipos da época; as performances do elenco são, novamente, fenomenais; os efeitos especiais deverão ser dos melhores que a série nos apresentou até ao momento e não podia deixar de mencionar a banda-sonora que conta com mega-sucessos como Material Girl de Madonna, Hot Blooded dos Foreigner ou Wake Me Up Before You Go-Go, dos Wham!.
Para concluir, a magia ainda está lá, se bem que com um brilho ligeiramente esmorecido. Existe a possibilidade da Netflix não ter antecipado o sucesso monumental da primeira temporada e, por isso mesmo, a história perdeu um pouco o seu rumo, complexificando-se e emaranhando-se de maneiras muitas vezes desnecessárias. Ainda assim, a base desta série é de tal maneira sólida que mesmo os piores episódios conseguem ser melhores que muita televisão que, neste momento, está a ser produzida. E, quanto a isso, ninguém me fará mudar de ideias!
Não te esqueças que a Temporada 3 de Stranger Things ficará disponível na Netflix no dia 4 de Julho!