Jogámos Super Mario Run no iPad e iPhone
A estreia do canalizador nos aparelhos da Apple é uma boa surpresa.
É já na próxima quinta-feira, dia 15 de Dezembro, que Super Mario chega às plataformas portáteis da Apple (iPhone e iPad), com a designação Super Mario Run. Trata-se de um jogo na linha de New Super Mario Bros, um típico side scrooler 2D. A Nintendo planeia lançar o jogo em formato Android, no futuro, estando ainda por anunciar quando o fará. O lançamento de Super Mario Run corresponde a um momento histórico. A Nintendo sempre publicou os seus jogos nas suas plataformas, excepto alguns títulos por ocasião das primeiras plataformas domésticas, na década de oitenta, quando a companhia também desenvolvia jogos em formato arcade.
No entanto, estamos a assistir a um período de viragem, marcado este ano pelo lançamento do aplicativo Pokémon Go, um dos de maior sucesso, que mostrou mais uma vez toda a loucura que é o fenómeno Pokémon, a celebrar este ano 20 anos. Correspondendo a uma exigência dos accionistas da Nintendo que há muito advogavam uma presença dos jogos da Nintendo em plataformas mobile, eis aqui a resposta, pelo menos numa perspectiva imediata.
Sabendo-se como o "mobile" ocupa uma fatia cada vez maior, levando mesmo muitas produtoras de jogos como a Konami, por exemplo, a enveredarem quase exclusivamente pelo mobile, eis que a Nintendo dá os primeiros sinais de adesão ao formato, embora sem prejuízo do desenvolvimento dos jogos para as suas consolas e plataformas. Super Mario Run é um jogo produzido pela Nintendo e fabricado com a qualidade a que a companhia nos habituou, mas também é um jogo desenvolvido especificamente para dispositivos como iPhone e iPad, apresentando por isso mecânicas diferentes.
Hoje, durante um evento de apresentação à porta-fechada na Comic Con em Leça da Palmeira, pudemos finalmente experimentar o jogo de Super Mario neste novo formato. Uma peça de "software" que introduz um momento histórico. Este é o primeiro jogo da série a sair em dispositivos da Apple, o que significa que a Nintendo terá um teste diferente, baseado no mercado dos "smartphones", onde abundam os jogadores casuais, dispostos a dar uma oportunidade ao jogo.
A estética de Super Mario Run é toda ela bastante similar à de New Super Mario Bros. O grafismo 2D é muito semelhante e até nos mundos apresentados encontramos enormes semelhanças. No entanto, está longe de ser visto como um "port" ou como uma versão adaptada. Super Mario Run é um jogo novo e muito diferente das versões disponíveis para as consolas da Nintendo. É quase gritante a diferença. Quando o jogo foi apresentado pudemos ver Super Mario a avançar automaticamente, em ritmo de corrida, galgando inimigos e transpondo pequenas barreiras, plataformas e obstáculos. O único controlo sobre a personagem é através do salto.
Isto faz a diferença toda, mas nem por isso significa um jogo mais fácil ou acessível. Ao permitir que o jogador prima durante algum tempo o ecrã táctil para que Super Mario salte mais alto, ou duas vezes para que da segunda chegue um pouco mais longe, a Nintendo abriu a porta para uma série de desafios secundários, entre os quais a colecção de medalhas distribuídas num nível.
Na verdade, jogar a Super Mario Run implica uma redefinição das regras e uma grande mudança face ao que estamos habituados. Enquanto que nos jogos das consolas Nintendo a jogabilidade está adaptada ao d-pad ou analógico para um controlo total da personagem, aqui o esquema é diferente, muito mais dependente to tempo e do contacto com as paredes ou plataformas para ressaltar, até porque Super Mario só corre para a direita e nunca para a esquerda.
O jogo pode ser bastante simples se pensarmos em chegar apenas à bandeira instalada na meta. Ultrapassar os obstáculos não é complicado e os inimigos são derrotados facilmente. Além disso, basta ter atenção ao salto entre as plataformas. As coisas mudam de figura quando começamos a coleccionar moedas e medalhas. As primeiras são um incentivo à nossa destreza e perícia em obtermos o mais que pudermos. No final, a tabela de pontuação fica a marcar o número de moedas que recolhemos. A juntar a isso estão colocadas em pontos de dificuldade significativa cinco medalhas roxas.
"Como Super Mario Run funciona bem através de um só toque é o elogio que se pode fazer depois de um primeiro contacto bastante positivo"
Esta primeira vaga de medalhas é relativamente simples de alcançar. Obtenham as cinco e podem recomeçar o nível com mais cinco medalhas vermelhas colocadas em pontos diferentes, sendo que ao recomeçar a apresentação do nível é diferente. Nesta fase a dificuldade sobe. As medalhas estão alojadas em pontos distantes, em percursos alternativos e é a partir deste momento que o desafio começa a bater mais forte. De forma bastante simples e acessível, quase sem darmos conta, estamos a entrar num grau de desafio muito alto, através de regras muito diferentes daquelas a que estávamos acostumados. Obter as cinco medalhas vermelhas é bem difícil, mas pior ainda só as cinco medalhas negras, que ficam disponíveis depois de obterem as anteriores. Mas não basta apanhar uma medalha de cada vez. Para mudarem de fase é necessário que obtenham as cinco no mesmo nível, e que o completem. Basta falharem uma para que queiram recomeçar. Isto acabará por levar a uma extrema repetição dos níveis, que adquirem desta forma uma composição especial para o desafio, quer na recolha de moedas, quer na recolha de medalhas.
Em certas partes do nível é possível parar a acção quando Super Mario toca numa casa. É uma opção útil que nos dá tempo para decidir qual o caminho a seguir, já que os percursos alternativos abundam. Importa referir que jogámos apenas uma versão "free to play", composta por 3 níveis do primeiro mundo e um quarto, composto pela fortaleza do "Bowser" mas reduzido a 20 segundos de experimentação. Outro dado relevante respeita às perdas de vida. Apesar de existir um tempo limite até à conclusão do nível, se perdermos uma vida, recuamos em forma de balão, até que ao tocarmos no ecrã táctil a personagem se liberta e volta a correr. Estamos limitados a dois balões por nível. Falhem mais uma vida e terão que recomeçar.
A juntar ao modo "Mundos" existe uma opção designada por "Corrida" que é um desafio conjunto com uma outra personagem npc. Aqui o objectivo passa por conquistar a atenção e o apoio dos Toads, que vão apreciar a vossa prestação, assim como a do rival, até terminar o tempo, enquanto que percorrem o nível em forma de "loop". Os ingressos nas corridas são obtidos depois da recolha de cartões, que por seu turno são entregues quando obtêm as cinco medalhas.
Existem mais desbloqueáveis e uma área do Mushroom Kingdom que podemos personalizar através de uma série de casas, items e elementos típicos dos cenários de jogo, de forma a tornar o espaço mais agradável. Facultando uma versão "Free to play", sem qualquer encargo para o utilizador, a Nintendo abre a porta para a versão completa, que dá acesso a todos os mundos. Uma opção sem as nefastas microtransações. Assim e de uma só vez, por 10 euros, os jogadores compram o jogo completo e têm acesso a tudo.
Se por ocasião da apresentação de Super Mario Run ficamos um pouco apreensivos sobre a qualidade do jogo, parecendo-nos demasiado acessível e limitado em opções, a verdade é que depois de o experimentarmos encontramos um jogo mais mais versátil e recheado de desafios, capaz de singrar nos dispositivos da Apple da mesma forma que é um sucesso nas consolas da Nintendo. É um jogo que vai agradar tanto aos casuais, como aos jogadores que procuram um maior desafio, ao mesmo tempo que difere de todos os jogos da série que a Nintendo editou até hoje.
A apresentação e o design do jogo são impecáveis. No iPad recolhem mais área de jogo, embora no iPhone se mostre perfeito para o ecrã. A Nintendo pode conseguir mais mercado com Super Mario Run, mais receitas e levar muitos jogadores casuais a sentirem-se interessados nas suas plataformas, nomeadamente a Switch, que será lançada em Março, na qual poderão encontrar jogos mais adaptados ao formato do controlo por comandos. Como Super Mario Run funciona bem através de um só toque é o elogio que se pode fazer depois de um primeiro contacto bastante positivo.