Passar para o conteúdo principal

Super Smash Bros. 3DS - Antevisão

Quem é o maior brigão do bairro?

Hoje há festa rija no Japão, para lá da meia-noite. Nesta altura voam das prateleiras das lojas cópias da versão 3DS de Super Smash Bros, a edição portátil e a três dimensões da grande empreitada de Masahiro Sakurai. Prevê-se uma nova coroação na tabela de vendas nipónica para a semana. Nós portugueses e europeus temos ainda de aguardar algum tempo, pouco menos de um mês, até encontrarmos na palma da mão os lutadores e modos de jogo das mais frenéticas batalhas criadas pela Sora e Namco Bandai para as consolas da Nintendo.

A estreia de Super Smash Bros na 3DS assinala também uma produção por partes. Primeiro é lançado o jogo para a portátil e só para o final do ano será disponibilizada a segunda parte, o reencontro da série Smash Bros com as consolas domésticas, e que opera também o salto para a alta definição proporcionado pela Nintendo Wii U. Ao ordenar Smash Bros em torno das suas plataformas e com janelas de lançamento diferentes, a Nintendo assegura uma margem de progressão para as diferentes versões. Se a rentrée é ocupada pelas batalhas portáteis, a época natalícia, como alvo da a segunda vaga de combates, deixa antever nova erupção.

Ver no Youtube

Super Smash Bros beneficia de uma longa e segura tradição nas consolas da Nintendo, muito por força da conjugação estonteante de tão diferentes personagens do hemisfério da Nintendo, e ainda de outras produtoras como Sega, Capcom e Namco. O ritmo verdadeiramente insano dos combates, aparentemente desorganizado mas realmente amplo e diversificado, em palcos únicos e de grande riqueza visual, tendo à disposição uma grande variedade de golpes e habilidades especiais das personagens que as ligam a produções recentes mas também reabilitam o seu passado, conferem um brilho incomparável à produção de Sakurai. Super Smash Bros é o "fighting game" da Nintendo, um "crossover" de diferentes séries e uma diferente representação de tão marcantes e novos "power ups". Por certo o frente-a-frente mais emblemático da companhia.

Quadro de opções.

Na passada E3 a Nintendo levou até ao evento norte-americano uma demonstração, onde organizou um torneio que juntou centenas de fãs e filas de jogadores dispostos a jogar um combate e que permitiu a muitos interessados tomarem um primeiro contacto com os estrondosos combates. Esta semana estivemos no "showroom" da Nintendo, em Lisboa, onde pudemos, durante algumas horas, experimentar Super Smash Bros para a 3DS, numa versão muito próxima da que chegará ao mercado no próximo mês e com as principais opções de jogo totalmente disponíveis.

Desde já importa salientar que Super Smash Bros é o primeiro jogo da série a ganhar edição numa consola portátil, o que significa um trabalho especial por parte dos produtores de modo a garantirem apurada fluidez de jogo e visuais graciosos. Sendo natural que a versão para a Wii U promova um outro patamar gráfico, a dúvida sobre a versão para a 3DS incide nos combates entre quatro lutadores numa 3DS de primeira geração. Conhecidos os "zoom out" cuja finalidade é permitir uma captura global da arena, o que torna as personagens menos visíveis, parece ser uma limitação para os proprietários de uma 3DS mais pequena. No entanto e tendo jogado numa dessas consolas, embora seja recomendável jogar numa versão XL da 3DS, o ecrã mais reduzido não é de todo um grande obstáculo. A dimensão frenética das batalhas e a visualização de pequenos items pode causar mais alguma dificuldade em sequências de jogo mais demoradas, mas nada de realmente preocupante.

Brigões lá do bairro

Um dos aspectos catalisadores da experiência prende-se com o volume de personagens disponíveis e panóplia de habilidades que lhes estão associadas. Nisso, a equipa liderada por Sakurai não facilitou e mostra hoje quase quarenta lutadores, com muitas novidades. Entre os clássicos Mario, Luigi, Bowser, Link e Kirby, há novas entradas e começam nos sempre apetecíveis clássicos Mega Man, Pac-Man, passando pelos instrutores do Wii Fit, os Miis, largamente personalizáveis, e o Little Mac, boxeur de destaque em Punch Out (e parece-me que vai haver muita gente a escolher este lutador). Depois, temos ainda o emblemático Villager (ou habitante, na tradução da versão portuguesa) de Animal Crossing: New Leaf, Palutena de Kid Icarus, Lucina de Fire Emblem e mais algumas personagens, como Shulk de Xenoblade. No meio de tantas e tão diferentes características de lutadores é impossível não encontrar um lutador preferido. E ainda falta descobrir que mais surpresas terá reservado Sakurai.

Os lutadores de Super Smash Bros no ecrã de selecção.

A chegada ao ecrã de selecção de personagens deixa-nos quase à beira da indefinição sobre qual eleger para o combate. Sobre o que parece ser um mosaico com imagens dos rostos, deslocamos uma espécie de carica até confirmar a selecção. De seguida entramos no ecrã de selecção do cenário de combate e aqui também somos brindados com um incrível trabalho ao serviço dos fãs das séries da Nintendo, mas também em estreita ligação com as personagens dos anos oitenta da Capcom: Mega Man e Pac Man, com mais cenários fascinantes. Ao seleccionarmos um cenário temos duas versões à disposição: a estática, versão clássica e que não permite transições e uma outra que dá origem a modificações constantes, como o scroll horizontal no cenário de New Super Mario Bros. Um dos mais fascinantes é o Picto Chat, onde os desenhos interferem com o combate através de linhas que se transformam em barreiras. Na arena inspirada em Nintendogs encontramos as peças que tombam sobre o palco, podendo aprisionar um lutador.

Ver no Youtube

O modelo dos combates continua a privilegiar a luta entre quatro lutadores numa mesma arena para onde são atirados items. A opção "Smash" é a via clássica e imediata para entrar num "smash" à moda antiga, através do qual podemos jogar contra o computador, podendo escolher as personagens ou jogar contra mais alguns amigos por ligação "lan". Claro que podem jogar somente contra um adversário, mas o jogo torna-se mais divertido e imprevisível quando está completa a grelha de lutadores. O objectivo continua a ser o mesmo: permanecer na arena durante o maior período de tempo possível e sovar nos adversários, usando habilidades e items à disposição.

Uma das novas opções do jogo tem que ver com a personalização das personagens. Ao nível dos Miis o editor oferece mais algumas opções, mas também podemos mudar o aspecto e as características do lutador que escolhemos, acedendo ao ecrã táctil no ecrã de selecção do lutador. De resto a jogabilidade continua a assentar no modelo tradicional, onde para lá das habilidades podemos aceder a poderes especiais obtidos pela apanha de certas bolas que são atiradas para a arena. Este ganho maximiza as valências da personagem e resulta na realização de um movimento altamente reconhecido. A activação dos poderes especiais é outra das características, resultando numa paragem do jogo, com entrada de uma cena animada, podendo de seguida o jogador que activou esse golpe especial atirar os adversários para fora da arena.

Combates locais multiplayer alucinantes

Quando experimentámos o jogo não foi possível aceder à opção online, ainda que este seja um dos modos que seguramente ocupará mais tempo por parte dos titulares do jogo, num medir de forças mundial. Em alternativa, os combates para vários jogadores através de rede local funcionam muito bem e compatibilizam-se com diversas opções que respeitam aos diferentes modos de jogo como a Aventura Smash e os Extras em grupo.

A Aventura Smash é talvez o melhor ponto de partida para principiantes mas também para os jogadores conhecedores das mecânicas da série. Nesta opção serão convidados a aperfeiçoar as técnicas começando por lutar num vasto labirinto repleto de inimigos de toda a espécie. A exploração desse espaço, cujo mapa se encontra disponível no ecrã táctil está limitada a cinco minutos. Ao vencerem os inimigos estes libertam items que melhoram os atributos da personagem. Claro está que os mais rápidos serão mais beneficiados e poderão até encontrar os adversários e impedir que estes melhorem os atributos. É que no final desta exploração o jogo transita para um combate tradicional com quatro jogadores. Naturalmente, estará em melhor plano quem mais desenvolveu os atributos. De resto, esta Aventura Smash também pode ser jogada individualmente.

Fonoteca.

No entanto, é incomparavelmente melhor jogar através da ligação sem fios. Sabemos que do outro lado não está a inteligência artificial da máquina, mas alguém que como nós quer conquistar o máximo de items. A batalha final torna-se assim mais emotiva.

Super Smash Bros é um jogo bastante rico em extras, para jogos individuais e em grupo. O editor é bom para a personalização das personagens e criação de um lutador totalmente original a partir dos Miis. Quanto aos extras individuais repartem-se pelo clássico, lendas smash (combates com condições predefinidas) e o estádio, onde enfrentam literalmente um exército, destroem certos alvos, efectuam um home run, entre outras proezas. O modo treino é o ideal para praticar as habilidades de cada lutador. As batalhas em grupo organizam-se entre as Lendas Smash e o Smash contra todos.

Em termos gráficos, Super Smash Bros é impressionante e bem feito na 3DS. Com ou sem 3D é sempre fantástico observar as mudanças nos cenários e a modificação dos pontos de batalha, com mudanças ao nível dos efeitos de luz e até da distância relativamente aos lutadores. Os "zoom out", como referimos atrás, causam alguma preocupação numa consola de menores dimensões, mas a fluidez e o ritmo vivo dos combates são marcas. Vão recordar o crepúsculo na casa de madeira do Donkey Kong ou então a nostalgia de Green Hill. Por definição nota-se um efeito cel-shaded mas pode ser alterado no quadro das opções. Não sendo possível usar o acessório "circle pad pro" também não é dada a possibilidade de jogar apenas com o d-pad. O circle pad é opção definitiva. Em termos sonoros assistimos a um regresso dos temas clássicos mas alguns deles regravados e com ritmos mais vivos e empolgantes, bem alinhados com a imagem de confronto que a série revela.

Ver no Youtube

Estamos em condições de assegurar um regresso em grande da série Super Smash Bros. Sakurai e a sua equipa de valentes produtores têm vindo a apurar um trabalho deveras engenhoso e esforçado de molde a lograr as expectativas. Este é um daqueles jogos que chega aqui com um grande potencial, patente não só na segurança e solidez das mecânicas, como na impressão causada pelos novos elementos, modos de jogo e personagens. O melhor "crossover" da Nintendo promete e só nos falta agora a versão final para confirmar se o potencial se transforma num resultado relevante para a companhia de Quioto.

Lê também