Super Street Fighter IV: Arcade Edition
Gémeos e demónios.
Com o lançamento da Arcade Edition em formato digital e físico (neste caso só no próximo dia 24) a Capcom deverá dar por concluído o ciclo de desenvolvimento da quarta engrenagem da série Street Fighter. A incerteza do futuro e os pedidos constantes dos fãs muitas vezes produzem alterações inesperadas após decisões publicadas como definitivas. Contudo e atendendo a que a Arcade Edition representa o terceiro avanço da quarta série, é provável que a Capcom se concentre doravante em Street Fighter X Tekken cujo lançamento está programado para o próximo ano. Um olhar atento à história da série permite descobrir que a Capcom manteve ao longo dos anos o ideal de aperfeiçoamento do seu produto, respondendo aos fãs, mas também às solicitações provenientes do mercado arcade, cuja importância recebeu alterações nos últimos anos.
Nesta quarta edição também se destaca a ligação com as arcades. SFIV começou por ser exclusivo temporário nos salões de jogos antes de chegar às consolas em Fevereiro de 2009. Depois foi a versão Super SFIV que chegou primeiro aos sistemas domésticos e só mais tarde às arcadas. Por fim a decisão de transpor a Arcade Edition das arcades para as consolas. Uma ligação cuja preponderância se ficou a dever aos mercados japonês e norte-americano, onde ainda acontecem as maiores competições e há uma grande densidade de fãs que competem entre si. Actualmente os lutadores e fervorosos adeptos da série conquistaram uma tal dimensão que a vitalidade emergente nas arcades que ainda resistem dificilmente não seria transportada para os sistemas domésticos.
Apesar de esta ser a terceira revisão da série, é a mais reduzida em alterações e tem nas quatro novas personagens o maior destaque. Há também alterações respeitantes à jogabilidade, embora imperceptíveis por representarem um balanço das personagens, matéria que não é detectada a olho nu mas que acaba melhor compreendida com doses significativas de combates ao ponto de se descobrir que algumas personagens sofreram pequenos ajustamentos em relação aos golpes causados e danos recebidos, tudo operado dentro da grelha de zonas atingíveis no corpo. Mais alterações respeitam aos canais de repetição online, nomenclaturas das salas de espera e com novos modos de visualização da progressão em "battle points".
Não se pode ignorar que a inclusão das quatro personagens vem alargar o leque de lutadores para um máximo de 39, um número recorde de personagens num só jogo da série. Com elas há também novas sequências animadas sobre as suas motivações e momentos finais, assim como novos ícones e imagens.
De resto importa salientar que esta não é uma crítica do jogo SSFIV, mas apenas do DLC, do conteúdo denominado Arcade Edition. Para todos os efeitos, a análise do SSFIV já foi elaborada aquando do lançamento do jogo no ano passado, pelo que não iremos retomar a apreciação global do jogo, mas atender somente ao conteúdo aqui disponível, entre personagens e alterações no online e no que este acrescento valoriza em relação à edição Super.
Yun e Yang são os gémeos que transitam directamente de SFIII Third Strike e cujas técnicas de combate esboçam um arco predominantemente corporal, mas o poço de maior emoção e ênfase reside em Evil Ryu e Oni. Estes dois situam-se como "boss fighters" e estão dotados de amplas transformações, imbuídos numa chama sombria (dark hadou) que lhes consome o espírito e os projecta para um novo patamar de ataque.
Começando por Evil Ryu, é notável a transformação de que a personagem que conhecíamos foi alvo. Há traços característicos que foram mantidos (afinal é o Ryu que ainda ali está, mas totalmente rendido ao Hadou, o mal que acabou por crescer até lhe consumir o espírito), assim como a maioria dos golpes, mas os novos acrescentos implicam uma alteração muito significativa no estilo de combate. É um erro, porém, pensar-se que tanto Evil Ryu como Oni serão demasiado fortes ou imbatíveis. Ambos têm uma propensão para o ataque, sobretudo pela forma como se podem encadear novas combinações, mas são lutadores com reduzida resistência e que também enfrentam algumas dificuldades, pelo que é fundamental não descurar a vertente defensiva pois coisa não são imbatíveis.
Em termos artísticos a transformação para Evil Ryu é fantástica. Recorde-se que o que está por detrás da motivação desta personagem é um interesse em ganhar a todo o custo, nem que tenha de matar os adversários. Chamas de Dark Hadou irradiam do seu corpo, os olhos ardem e toda uma fúria é despoletada em cada golpe. No peito há um núcleo vulcânico, onde cintila o dark hadou. Em termos visuais é evidente a aproximação a Akuma - todo um instinto matador - o golpe super é o "raging demon" e ainda pode atirar "red fireballs" ao adversário, outra cópia dos ataques de Akuma. Através do Hop Kick e Axe Kick (a maior novidade em pontapés) Evil Ryu consegue uma grande aproximação ao adversário e é possível partir para uma série de combinações culminando com o ultra. De resto apresenta uma boa capacidade para manter o adversário à distância, atacando-o usando as "fireballs", punindo com "shoriukens" os ataques aéreos e servindo-se até do "telleport" para evitar ataques.
Os golpes ultra de Evil Ryu podem ser activados com relativa facilidade, na sequência de golpes normais. A conhecida "fireball" (cuja representação está mais sombria) pode ser utilizada em diversas situações, embora o dano completo não seja muito elevado. Já o segundo ultra funciona melhor como um anti-aérea e também pode ser aplicado como golpe final depois de um "shoriuken" ou "EX hurricane kick". De um modo geral Evil Ryu partilha muitos pontos em comum com Akuma e Ryu, embora o Axe Kick seja um golpe original e com base nele poderão partir para uma ampla série de combinações.