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Supreme Ruler 2020

A cabra de guerra e o domínio mundial

Em tempos idos, os tutoriais não substituíam, de forma alguma, uma longa passagem pelos gigantescos manuais que acompanhavam os jogos de gestão e estratégia. Isto não era encarado negativamente, o esforço inicial de sequer compreender o que se estava a passar era recompensado quando víamos tudo a funcionar correctamente. Mas hoje em dia os tempos são outros, e a gratificação instantânea é quase que exigida pela maioria dos jogadores, quer porque estão no seu direito, quer por falta de paciência.

Mas a Battlegoat pouco ou nada se importa com esses jogadores; assume que estão preparados para dedicar uma boa parcela de tempo para o compreender. Este é o tipo de jogo que não tem qualquer problema em encher o ecrã de números e informações várias, mas pouca ou nenhuma indicação dar acerca daquilo que estes dados influenciam.

Em 2020, o mundo está em ruína. Não completamente, mas os diferentes países e regiões são agora forçados a guerrear e manter ténues relações diplomáticas, enquanto vislumbram o domínio mundial a longo-prazo. Para o jogador, isto implica fazer trocas com os países vizinhos, equacionar até quando é que dará jeito manter boas relações com eles (afinal, queremos dominar o mundo na integra) e manter a população satisfeita. Além disto, como seria de esperar, não faltam opções militares.

Para ajudar com todas estas decisões, está à disposição uma equipa de ministros - um por área relevante - que permitem, no fundo, deixar áreas da gestão do país nas mãos da inteligência artificial. Isto se assim o desejarem, pois é possível decidir até que ponto os ministros têm rédea solta, o que nos permite ou deixar quase todos os pormenores nas mãos deles, ou praticamente nenhum.

Supreme Ruler 2020 é um jogo lento. Mesmo na velocidade (de passagem do tempo) mais alta, o que significa que é plausível não deixar quase nada nas mãos desta equipa de ajudantes, mas deixar simplifica bastante as coisas.

O grande trunfo deste jogo é mesmo a sua interface, a forma como tudo está organizado e ligado permite, mesmo nos momentos mais apertados de crise, chegar ao menu que pretendemos e tomar decisões ou alterar as instruções dos ministros.

Médio Oriente sempre muito activo...

Além do (simplista) tutorial, existe um modo de campanha, que é aquilo que seria de esperar. Mais interessante é o modo "Eventos" onde somos confrontados com situações pré-definidas e devemos cumprir um objectivo claro. Talvez por não serem tão abrangentes como o modo de campanha, estes pequenos cenários são a melhor forma de ficar a conhecer o jogo e, ao mesmo tempo, interessantes desafios. Além disto, o modo multi-jogador permite jogar contra adversários humanos, mas oferece poucas opções.

Os gráficos não impressionam ninguém, e devem estar ao alcance de máquinas com já alguns anos; mas também eles funcionam a favor do jogo, pois passar de uma imagem do mapa-mundo (extremamente fiel à realidade, foram utilizadas verdadeiras imagens de satélite para os planos mais afastados) para um grande plano das nossas unidades militares ou para as fábricas de uma região ocorre sem loadings ou atrasos do género, o que é muito positivo tendo em conta a frequência com que se afasta e aproxima a câmara das diferentes zonas. Também o som merece uma menção positiva, contribuindo para o ambiente do jogo. Os sons das batalhas, por exemplo, aumentam ou diminuem em volume e complexidade conforme a distância a que estamos dos conflitos.

Um jogo agradavelmente ambicioso que dificilmente se tornará repetitivo, obviamente vocacionado para os entuasiastas do género. Consegue, apesar da sua complexidade, oferecer uma interface extremamente lógica e organizada. Ao mesmo tempo, tem uma curva de aprendizagem muito exigente e requer um investimento de tempo considerável.

7 / 10

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