Syndicate - Análise
Reboot não tão brilhante como o original.
Uma das vantagens de ter um chip implementado no cérebro são as habilidades que este traz aos que o possuem. Em Syndicate as armas continuam a representar uma grande parte dos combates, mas também há um pouco de guerra cibernética. Kilo consegue hackear os chips dos inimigos e levá-los a fazer ações contra a sua vontade, tais como suicídio ou lutar do seu lado. A mesma habilidade também pode ser utilizada em armas automatizadas que estão programadas para nos abater, pondo-as a combater contra os nossos inimigos.
Estes chips implantados no cérebro estão ligados ao nosso sistema de adrenalina, o que dá a Kilo a habilidade ver tudo em câmara lenta e através das paredes durante alguns segundos. Juntem isto à possibilidade de executar um inimigo simplesmente carregando no R3 (corpo-a-corpo) e Kilo é capaz de lidar com esquadrões de equipas táticas numa questão de segundos.
A jogabilidade é satisfatória, mas nem sempre dá uma sensação de poder ao jogador. Existe um sistema de cobertura e somos obrigados a usá-lo constantemente para evitar a morte. Portanto, apesar das habilidades de Kilo, não podemos avançar e correr contra os inimigos num frenezim de tiros, o que acaba por arruinar a diversão. Para quê ter habilidades especiais se por vezes temos até que fugir para encontrar um sítio para nos protegermos?
Isto acontece porque Syndicate usa "truques baratos", como convenientemente fechar todas as portas de uma área e mandar vagas e mais vagas de inimigos. Esta técnica é usada demasiadas vezes em Syndicate, o que torna o design dos níveis desagradável e repetitivo. Há situações em que Kilo tem que hackear dispositivos para poder continuar a avançar, mas são partes extremamente simples em que basta carregar no LB e está feito. A Starbreeze poderia ter elaborado mais estas partes pois havia potencial para algo interessante.
E depois temos os confrontos com os bosses, que são os melhores momentos que a campanha consegue oferecer e que mostram que Syndicate poderia ser mais um FPS que simplesmente avançamos pelos níveis eliminado as forças inimigos. Dependendo dos bosses, teremos que usar as habilidades de Kilo para reencaminhar misseis e usar o ambiente a nosso favor. No final somos recompensados com uma animação violenta em que inserimos um dispositivo no olho ou ouvido do bosse e retiramos o seu chip, o que nos garante um ponto para melhoramos as nossas habilidades. As habilidades não são nada de extraordinárias, mas ajudam, aumentando a saúde, resistência a explosões, recarregar as armas mais rápido, entre outras melhorias.
A complementar a curta campanha, estão as nove missões cooperativas exclusivamente online para quatro jogadores. Achei as missões bastante semelhantes a Brink, em que trabalhamos em conjunto com os nossos parceiros de equipa para cumprir os objetivos propostos. Estando separadas da campanha, as missões cooperativas têm lugar em sítios completamente novos e deixam-vos usar as vossas habilidades cibernéticas, não só para causar danos nos inimigos como para curar os vossos companheiros. As missões acabam por ser um bom complemento para a campanha, e acrescentam algumas horas extra, mas depois de as completarem, acabou, Syndicate não tem mais nada para oferecer.
Um modo multijogador não estaria em falta se a Starbreeze tivesse investido numa campanha maior e de melhor qualidade. Assim, a juntar às falhas já referidas, Syndicate é também uma experiência não muito longa. O multijogador nos FPS já se tornou num cliché, com quase todos os jogos a oferecerem praticamente os mesmos modos apenas com ligeiras diferenças, mas se Syndicate tivesse um modo multijogador, pelo menos teria mais qualquer coisa para compensar o jogador pelo dinheiro gasto no jogo.
Graficamente não há nada de impressionante, mas há dar mérito pelo visual futurista que a Starbreeze conseguiu criar nos interiores, onde predomina a simplicidade, hologramas e luzes néon. Na verdade, há alguns momentos em que faz lembrar Deux Ex: Human Revolution, é pena é que não tenha havido uma oportunidade para um nível no exterior.
Syndicate é então um título que poderia ser bastante melhor e que tinha tudo para triunfar, inclusive um nome poderoso e um cenário rico com muitas possibilidades de exploração. Não é um jogo mau, mas fica-se pelo razoável. Há propostas bem melhores no mercado se procuram ficção científica.