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Tales of Symphonia: Chronicles - Análise

Um clássico de culto.

Os combates decorrem em tempo real, controlamos um personagem enquanto a IA se encarrega dos restantes três, e apesar da fachada dar a entender que nos podemos desenrascar martelando os botões, rapidamente aprendemos o erro nisso. Symhponia está longe de ser um jogo fácil, precisa de algum tempo e tal como é normal na série, ganhar dinheiro não é assim tão rápido ou fácil, portanto poderá ser um luxo ter um comportamento desatento nas batalhas. Quando chegamos a um ponto em que pensamos se será recomendado comprar esta arma ou poupar o dinheiro e sofrer mais uns combates na esperança de obter uma ainda melhor por um valor próximo, começam a ter uma ideia de como é duro este eco-sistema. Mais razões para nos viciar.

Os combates são verdadeiramente deliciosos e a forma como a dificuldade, a compra de armas e armaduras, juntamente com a evolução de níveis se combinam com tamanha firmeza para oferecer uma experiência de jogo tão coesa é um atestado à destreza da equipa que desenvolveu este jogo. É realmente um vício este jogo e o problema aqui está no fraco trabalho da conversão em si e não do original. Caso tivesse sido adaptada a versão GameCube, o jogador teria uma experiência mais suave e mais fluída pois estaria a correr a 60fps, nos combates seria um mimo, mas não. Aqui temos a versão PlayStation 2 como base para esta conversão e os seus 30fps acabam por prejudicar o andamento e consequente desfrutar de um componente verdadeiramente delicioso.

Além do corte de 60fps para 30fps, Symphonia HD não é um remake propriamente dito mas antes sim uma conversão o que significa que foram utilizados os bens originais e não novos. Isto traduz-se em visuais melhorados sobre o original, ecrã panorâmico mas de forma alguma temos um escapar à sensação que este não é um jogo recente. Elementos demasiado pixelizados ou recortados principalmente nos cenários indicam um trabalho de conversão aceitável mas longe do prestígio de outros trabalhos similares.

O item raro que é Tales of Symphonia merecia um trabalho à altura mas aparentemente o facto de ser tão raro e cobiçado permitiu à editora relaxar pois conhece a procura que existe para o jogo perante os aficionados. Ao passar de 480p para 720p tivemos um aumento na nitidez, no equilibro de cor e também no brilho mas o uso dos bens originais para texturas, por exemplo, fazem com que cenários belos e coloridos sejam afetados por alta pixelização. Em alguns momentos parece que nem foi feito qualquer esforço para criar uma cortina de ilusão entre o departamento técnico e o jogador.

A sequela, Dawn of a New World, lançada originalmente na Nintendo Wii em 2008, já é outro caso completamente diferente e um produto que consegue afastar-se de alguns dos problemas do primeiro mas que se encontra demasiado afastado da sua qualidade enquanto jogo em si. A correr a 60fps, a sequela consegue apresentar-se nesta edição com uma suavidade e ritmo que desejaria ver na conversão do original mas os seus visuais coloridos não impedem que o estilo artístico não seja tão atraente. Por vezes até se torna difícil acreditar que estamos perante um jogo para uma consola da mesma geração que a que recebe esta colectânea mas esse é um pequeno reparo perante os maiores problemas.

DOAW não tem nem de longe o apelo e encanto do original. O protagonista não lembra a ninguém, o restante elenco igualmente, e vale pela história em si e a tentativa de descobrir mais sobre os heróis do original. Sem brilho e sem apelo, estes personagens transportam-nos par um jogo que de forma alguma ostenta o selo de imprescindível que o original tem para qualquer fã do género que se preze. Deixa alguma curiosidade mas nem o sistema de combate, uma forma evoluída do que nasceu no original e passou por mudanças em Abyss, se mostra tão coeso ou firme.

Aqui podemos capturar monstros para lutar ao nosso lado e existe um claro foco nos diferentes elementos como água ou fogo, que afetam o equilíbrio de poder nos combates, mas infelizmente não temos uma dificuldade tão bem pensada e mais parece que a fórmula foi simplificada e "abonecada' para ir ao encontro do que a equipa aparentemente considerou como público principal da consola da Nintendo. Demasiado superficial, sem a essência fascinante do original, com um tom mais leve, a sequela parece, ao lado do original, um desenho animado de Sábado de manhã.

"O primeiro é um poderoso jogo que cai vítima de más decisões na conversão, a parte técnica a incomodar a excelente criatividade e engenho artístico."

O primeiro é um poderoso jogo que cai vítima de más decisões na conversão, a parte técnica a incomodar a excelente criatividade e engenho artístico. Já a sequela é o oposto, a criatividade e engenho artístico estão num patamar bem inferior mas a qualidade técnica parece ter sido bem favorecida nesta conversão. De qualquer das formas deixará muitos curiosos mas não será um título vital.

Para todos os que jogaram os originais com vozes em Inglês fica aqui todo o meu respeito. Suportar entre 50 a 70 horas de jogo no original e cerca de 40 na sequela com as vozes em Inglês é mesmo dose e só para os bravos. Aqui temos as vozes em Japonês que são bem mais importantes do que pensam, no caso de Dawn é mesmo imperativo. O jogo poderá tornar-se de arrepiar caso contrário.

Tudo resumido, este é um pacote deliciosamente obrigatório para todos os que não jogaram o Tales of Symphonia original e ainda recebem a sequela como bónus, mesmo sendo um jogo menor. Pena não ter a versão superior como fundação mas ainda assim permite que joguem um dos melhores JRPGs de todos os tempos na vossa consola principal, evitando a procura de uma consola usada e sites de leilões. Tales of Symphonia: Chronicles é a oportunidade que aguardei durante 10 anos e por isso só posso agradecer e perdoar os pequenos deslizes cometidos.

8 / 10

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