Tales of Symphonia Remaster - qualidade eterna
Ainda é um JRPG fenomenal.
Tales of Symphonia comemora 20 anos em 2023 e de uma forma inesperada dou por mim a celebrar ao mesmo tempo dois dos maiores clássicos da Nintendo GameCube. Além de jogar o fascinante Metroid Prime Remastered, também tive o prazer de jogar Tales of Symphonia Remaster e considero que é um prazer, pois a nova versão enverga várias melhorias e a qualidade do produto original conseguiu resistir de forma graciosa ao teste do tempo.
Tales of Symphonia é um clássico de culto e um adorado tesouro para os amantes dos JRPGs em todo o mundo. Podemos até dizer que está para esta série como Final Fantasy 7 está para a sua. Foi o primeiro lançado na Europa e a apresentar gráficos 3D para personagens e cenários, sem esquecer que o sistema de combate é a base para tudo o que veio depois, mas existe um historial de versões diferentes que pode gerar alguma confusão.
Lançado originalmente na GameCube em 2003, Tales of Symphonia foi apresentado a 60fps na consola da Nintendo num lançamento mundial. A versão PS2 chegou em 2004 com diversos novos conteúdos, mas desempenho a 30fps. Em 2013, foi lançada uma versão PS3 (uma edição chamada Tales of Symphonia Chronicles que inclui melhorias visuais e a sequela Dawn of the New World, lançada na Wii em 2008), que em 2014 chegou ao PC e permite o uso de mods para melhorias gráficas.
Agora, quase 10 anos após o port HD para a PS3, tens este Tales of Symphonia Remaster, isto tudo para dizer que a Bandai Namco optou por mais uma vez usar a versão PlayStation como a base do trabalho. Isto significa que não tens os 60fps, mas tens mais fatos, mais ataques, mais Mystic Arts, vozes japonesas e inglesas, masmorras extra, mais missões e ainda melhorias gerais na experiência. Além disto, foram efetuadas mais melhorias na qualidade geral, nos controlos e também melhorias gráficas para este Remaster.
Quando comecei a jogar o Remaster, já estava à torcer o nariz à falta dos 60fps, mas a verdade é que nem dei pela falta deles, em troca tens muito conteúdo extra e as melhorias visuais apanharam-me inesperado. Ao correr em nítida 1080p, Tales of Symphonia Remaster combina o aumento na resolução com melhorias visuais e sem esconder os anos, consegue fazer um louvável esforço para o manter com bom aspecto em 2023. Não é um remake e não existem significativas melhorias nas texturas, mas o aumento na resolução combinado com as melhorias efetuadas ajudam a manter o apelo visual e serve como um atestado ao trabalho feito em 2003.
Foi fácil ficar fascinado com algumas cenas e relembrar o quão adorável ou empolgante é Tales of Symphonia, foi o melhor efeito que este Remaster podia causar. Tales of Symphonia foi criado como um "RPG que nos pudesse emocionar" e o seu elenco ainda hoje tem charme. Loyd Irving, Collete, Genis e restantes integrantes do grupo fazem imenso para relembrar a era de ouro dos JRPGs, é um prazer voltar a jogar 20 anos depois através desta versão.
Neste fascinante mundo de Sylverant, conhecerás um conflito entre raças que imprime regras específicas no comportamento das diferentes sociedades. Os humanos partilham o mundo com os Desians, raça superior com planos misteriosos e prontos para forçar um cenário de conflito social e ideológico. São temáticas que não envelhecem e será fácil ficar agarrado.
A jornada de Collete para regenerar o mundo e restabelecer o equilibro entre todas as criaturas vivas é o ponto de partida para explorar este mundo e participar em eventos épicos. Tales of Symphonia tornou-se na base de tudo o que foi feito na série nos 18 anos seguintes, este Remaster vem mostrar o porquê. Desde o design do mundo e narrativa, personagens, visuais e sistema de batalha, a série Tales of cresceu mundialmente às costas de Symphonia.
Digo isto porque poderás conhecer um ou outro jogo da série ou ser novo fã conquistado por Arise, e tens de ter em conta que é um jogo de 2003, cuja qualidade foi de tal forma transformadora que se tornou num clássico de culto e a referência para tudo o que veio em seguida. Mesmo que jogos como Vesperia tenham conquistado mais jogadores, muito do que o lhe valeu os elogios veio de Symphonia.
Jogar um Tales of feito após Symphonia é conhecer sistemas de combate altamente convincentes, fáceis de aprender, energéticos e dotados de alto ritmo. Todos eles são versões evoluídas e melhoradas do sistema que nasceu aqui em 2003 e que dá pelo nome de Multi-Line Linear Motion Battle System. Na altura foi recebido como algo especial e hoje ainda é um autêntico mimo. Simples, mas divertido.
Os combates decorrem em tempo real e apesar da velocidade frenética, martelar o botão de ataque é um erro. Ao estilo dos jogos da era, Tales of Symphonia Remaster é um jogo difícil, que exige investir tempo a evoluir as personagens, durante os combates tens de gerir os tempos. Atacar, usar artes especiais e defender ou saltar para fora do alcance do ataque inimigo é um ritmo que terás de aprender.
Ao contrário da versão Chronicles para a PS3 em 2013, Tales of Symphonia Remaster não desilude na componente técnica e gráfica. Os 60fps seriam a cereja no topo do bolo, mas existem aqui outros argumentos e melhorias gerais que também merecem atenção. É um clássico de culto dos JRPGs e um filho de uma geração com uma metodologia própria e por isso deve ser celebrado e acarinhado.
Prós: | Contras: |
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