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Tekken 7 - Análise

Altamente divertido e familiar.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Modos offline de boa qualidade e um netcode robusto tornam-no poderoso. É altamente familiar, mas as novas mecânicas são valiosas.

A espera foi longa, mas Tekken 7 está finalmente a caminho dos formatos caseiros. Tekken 6 foi lançado há quase 10 anos atrás e o inacreditável Tekken Tag Tournament 2 comemora 6 anos de existência. As coisas não foram fáceis para os fãs desta série Japonesa. Os longos períodos sem jogos novos nesta série de fighting games deixa os fãs impacientes e com expectativas mais elevadas, algo que a Bandai Namco tenta cumprir com a chegada deste novo jogo.

Tekken 7 tem a tarefa de apresentar os mesmos padrões de qualidade pelos quais a série ficou célebre enquanto se adapta à nova era do género. Mais do que um gameplay viciante ou visuais de topo, os fighting games precisam de apresentar novas ideias, de desafiar os jogadores com personagens interessantes ou mecânicas inovadoras, acima de tudo, precisam de modos de jogo que o tornem numa proposta robusta. Tekken 7 consegue?

"Os fighting games precisam de apresentar novas ideias"

Seis anos depois de Tekken Tag Tournament 2, que joguei até à exaustão e permanece o meu fighting game favorito da anterior geração, é bom ver que a Bandai Namco continua igual a si mesma e que Tekken 7 ostenta todos os valores que definem a série. No entanto, poderá estar demasiado igual ao que já veio antes para se afirmar como uma evolução de peso. É por isso que olho para Tekken 7 como um caso curioso: por um lado apresenta muitas novidades contextualizadas nesta actualidade, mas pelo outro parece familiar. A Bandai Namco parece ter apostado nos visuais para Tekken 7 e deixar as revoluções no gameplay para mais tarde.

Tekken 7 é uma curiosa combinação de passado e presente, que pretende introduzir as bases do futuro. É um jogo repleto de bons modos de jogo e com toda a excentricidade que adoramos cujo gameplay ou mecânicas mostram uma qualidade robusta receber escassas novidades. Tekken 7 parece evoluir a vertente técnica enquanto afina e ajusta o gameplay, sem grandes evoluções. Essa parece ser a principal sensação com que ficamos, mas para a comunidade dedicada a Tekken, deverá ser o suficiente. Não é algo propriamente mau, especialmente quando o pacote é tão robusto quanto este, apenas nos deixa a pensar se não era possível mais evoluções no gameplay.

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Tekken 7 cumpre com praticamente todas as actuais expectativas da maioria dos fãs de fighting games, especialmente os desta série da Bandai Namco. O modo Arcade está presente e com direito a boss final, mas o grande destaque é o Story Mode cinematográfico que, ao longo de mais de duas horas, encerra a eterna luta entre a Heihachi e Kazuya Mishima. Logo após os eventos de Tekken 6 (onde Jin derrota Azazel), Heihachi e Kazuya ameaçam destruir o mundo enquanto procuram ajustar contas. Como bem deves saber, pelo meio surge Akuma que ajuda a revelar mais informações importantes sobre o passado da série. A equipa liderada por Katsuhiro Harada conseguiu entregar um modo Story que a todos os instantes sugere que estás a ver a sequela de Tekken: Blood Vengeance. mas os combates são travados por ti. Acredita que existem aqui momentos verdadeiramente épicos.

Após terminares o modo Story centrado nos Mishima, podes jogar episódios para cada uma das restantes personagens, mas é somente uma luta seguida de uma cutscene in-engine. Nada é nada mais e e parece-nos uma das graves falhas de Tekken 7. Assim que terminado o modo Story, é o modo Treasure que reúne a total atenção de quem investir o seu tempo offline. Neste modo, enfrentas adversário após adversário para subir de rank offline (o rank online é separado) para obter dinheiro para comprar músicas, filmes e arte de todos os jogos da série, tal como itens para personalizar os lutadores. Os itens ganhos são aleatórios e quanto mais vitórias consecutivas conseguires, maior será a probabilidade de conseguir itens melhores.

Tudo isto enquanto entras em arenas com um elenco composto por 35 lutadores, entre eles Akuma de Street Fighter. O icónico Gouki, o demónio do Dark Hadou, foi recriado para um fighting game 3D com grande qualidade, e apesar de manter todos os seus golpes característicos, move-se e comporta-se como um personagem de Tekken. Além de Akuma, existem várias novidades de relevo, como a Brasileira Katarina Alves pela qual ficamos apaixonados, Master Raven ou Claudio, que introduzem estilos e possibilidades diferentes em Tekken. Apesar das novidades, predomina a sensação de familiaridade. Num ponto de viragem para a série, a Bandai Namco recuperou praticamente todos os grandes nomes que vimos ao longo dos anos em Tekken e quase todos eles regressam com uma movelist altamente familiar.

Quero dizer com isto que Tekken 7 jamais esconde que é um Tekken, e isso é encorajador para os fãs de longa data. Ao mesmo tempo pode revelar que o gameplay está a estagnar. O maior valor de Tekken 7 são os juggles, como é normal na série, e se apostares nesse aspecto dos combates, conseguirás resultados poderosos. Se combinares uma parede com juggles, poderás destruir o teu adversário sem que ele consiga ripostar. Tekken 7 mantém todos os valores base da série e praticamente todos os comportamentos que te permitiam ganhar nos anteriores, podem ser recriados aqui. É uma forma da Bandai Namco manter a série familiar para os fãs de sempre, enquanto tenta explorar novos desafios com a introdução dos estreantes.

Tekken sempre foi uma série bastante acessível. Qualquer um podia pegar em Steve e martelar os botões até à vitória. Claro que isto enfurecia qualquer um que adorava pegar em Jin, um exemplo, e vencer de forma pausada e pensada os combates com recurso a movimentos que antecipadamente planeava na sua mente. Tekken sempre foi um caso muito próprio, um clube de combate onde o ritmo e tom dos combates podiam variar loucamente (furioso num instante e logo no seguinte muito calmo enquanto os jogadores se recompunham das ousadias). A elevada acessibilidade permite ir até certo ponto, permite despoletar combos visualmente estrondosos, mas apenas permite arranhar a superfície. Se quiseres jogar com diferentes personagens, explorar os diferenças estilos de luta, terás de saber como engatar as diferentes velocidades existentes neste gameplay.

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Tekken pode ser dos fighters mais acessíveis e, apesar da elevada familiaridade, existem mecânicas novas e uma profundidade à espera de ser explorada. Os dash cancels é uma mecânica apenas ao alcance dos melhores jogadores e pode destruir qualquer adversário, especialmente porque de certa forma manipulas o ritmo dos combos. No entanto, a grande maioria dos jogadores sentirá que Tekken 7 significa Rage Arts e Power Crush. São as duas grandes novidades. As Rage Arts são ataques especiais (disponíveis quando tens pouca vida) que tiram muito dano ao adversário. Podem mudar por completo o desfecho dos combates. Os Power Crush são movimentos que podes executar a qualquer momento, mas se executares quando estás prestes a ser atacado, a animação não pára e causas mais dano do que aquele que sofres. São duas mecânicas que acrescentam intensidade e profundidade à familiar fórmula de Tekken.

Graficamente, a Bandai Namco consegue um resultado que, no geral, é impressionante, apesar de alguns elementos deixarem a desejar. As sequências do Story Mode são verdadeiramente espectaculares, especialmente nas cutscenes que usam o motor de jogo. Os combates conseguem tornar-se em momentos espantosos tanto pela graciosidade dos movimentos dos personagens, a 60fps, como pelos cenários. Em alguns cenários existem várias partes que se movimentam, enquanto outros apostam em adereços altamente coloridos. Há também aqueles que se transformam com os efeitos climatéricos. A Bandai Namco mostra, mais uma vez, todo o seu talento que te fez apaixonar pela série Tekken. Este novo jogo cumpre em pleno neste requisito. O uso do Unreal Engine 4 permite uma iluminação incrível e personagens altamente detalhados para um jogo de bela qualidade visual cujo único problema em termos gráficos são os elementos mais simples no chão e nas paredes de alguns cenários (geralmente os que podem ser quebrados).

"Tekken 7 é sem dúvida um fighting game muito divertido e competente"

Tekken 7 é um jogo que vai encantar qualquer adepto desta prestigiada série de fighting games. Por um lado mostra que é um filho da actual indústria dos videojogos, especialmente um que nasceu depois de Street Fighter V e de Mortal Kombat de 2011 . A controvérsia em torno do jogo da Capcom ditou parâmetros muito precisos para a forma como os fãs encaram a chegada de um novo título: vários modos de jogo para um jogador e uma forte vertente online, Já a NetherRealm Studios demonstrou o quão importante é um modo história competente e cinematográfico. A Bandai Namco entrega um pacote repleto de conteúdos, onde vais encontrar diversos modos de jogo, um netcode muito firme que não nos deu qualquer problema, e um modo história repleto de momentos que vão deixar qualquer fã de Tekken de boca aberta. Pelo outro lado, Tekken regressa talvez demasiado familiar e isso será o factor que decidirá o quanto gostas do jogo.

Tekken 7 é sem dúvida um fighting game muito divertido e competente, mas não faz nada de propriamente novo, mesmo dentro da série. Apesar da presença de vários personagens novos neste elenco superior a 30 lutadores, o gameplay poderá parecer demasiado familiar. Para muitos é um bom sinal, visto que poderão pegar nas suas personagens favoritos e jogar quase de olhos fechados. Para outros, poderá ser o sinal mais evidente que Tekken precisa de renovar-se e que jogar Tekken 7 não é assim tão diferente de jogar os anteriores. No entanto, é um jogo que nos agarrou e não vamos conseguir largá-lo tão cedo, principalmente porque somos fãs da série desde o primeiro jogo.

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