The Artful Escape - review - Hullabaloo
Buracos Negros e Revelações.
Longos anos depois do anúncio, The Artful Escape of Francis Vendetti da australiana Beethoven & Dinosaur está finalmente entre nós e esta é sem dúvida mais uma sensacional amostra de como o lado indie desta indústria pode ser o seu mais criativo. Decididamente o mais imprevisível. Este é um jogo de plataformas no qual basicamente corres, saltas e tocas guitarra, uma proposta de gameplay que é desde logo diferente de praticamente tudo o que já jogaste. No entanto, apesar de tamanha injeção de adrenalina cósmica nas suas veias, The Artful Escape é mais um daqueles casos em que arrisca no conceito de videojogo e que poderá ser mais facilmente visto como uma experiência interativa.
Nascido da mente de Johnny "Galvatron", músico com experiência na animação computadorizada, The Artful Escape é uma mistura das suas duas paixões a música e os videojogos, sendo fácil perceber o porquê deste jogo ostentar um sentido estético tão específico e uma irreverência sonora que se foca na libertação conferida pela música e a sua capacidade para te fazer viajar. Segundo diz, o jogo foi inspirado pelo conceito de imaginar David Bowie a sair de Londres numa nave especial para encontrar a personalidade Ziggy Stardust e a sua sonoridade, criando a partir daí o icónico álbum. Isto é basicamente o que acontece no jogo, um músico desconhecido, chamado Francis Vendetti, que tem em cima de si o peso de carregar o legado Folk da sua família, mas na alma jaz um irreverente espírito de guitarradas cósmicas.
Nas vésperas do seu primeiro concerto, Vendetti recebe a visita de uma criatura cósmica que o chama para embarcar numa jornada memorável pelo cosmos, para encontrar a sua sonoridade, a sua personalidade e tocar para multidões espalhadas pelas galáxias. O teu papel será acompanhar as guitarradas através das quais Vendetti liberta a sua verdadeira personalidade e despoleta no universo a sua hiper música. Pelo meio, enquanto tenta descobrir o seu som e encontrar dentro de si as forças para afirmar a sua personalidade no rock cósmico, Vendetti enfrentará criaturas míticas que somente alguns encontraram pessoalmente e estas boss battles prometem abanar estrelas.
Esta magistral jornada cósmica é realizada através de um gameplay incrivelmente simples, tão simples que poderás colocar The Artful Escape no lote de experiências interativas, se quiseres. O foco foi para a experiência audiovisual e demarca-se precisamente por isso. Este é um jogo de plataformas side-scrolling altamente simples onde durante as pouco mais de 3 horas necessárias para o terminar estarás a correr pelo cenário até chegar ao próximo ponto no qual avança a narrativa. Pelo meio podes saltar e tocar guitarra para transformar o cenário com riffs galácticos e engrandecer a experiência visual.
Mesmo as boss fights, onde tens de repetir os sons tocados pelas criaturas que precisam ser convencidas do teu talento e espírito rebelde, são simples e fáceis. Os padrões dos botões (5 botões) são muito fáceis de repetir e podemos dizer que The Artful Escape é desprovido de qualquer sensação de dificuldade. Não é esse o seu propósito.
Seguir a surreal narrativa, acompanhar a jornada transformadora de um mero humano que percorre o cosmos tentando escapar ao legado Folk da família e encontrar uma sonoridade eletrizante e cósmica, e assistir à transformação dos cenários em tempo real é o que ajuda a diferenciar The Artful Escape. A atmosfera, banda sonora, locais e momentos gameplay revelam um excelente nível de conhecimento sonoro e artístico que te ajudam a manter entretido do primeiro ao último minuto. Além disso, tens temáticas universais, como autodescoberta, tentativa de escapar a um destino pré-determinado e a busca por um maior propósito. Elevado a um nível cósmico.
The Artful Escape é um jogo, uma experiência interativa, se preferires, curto, extremamente simples e sem qualquer dificuldade, mas em troca dá-te uma espetacular jornada audiovisual. Acompanhar a jornada de Francis Vendetti é quase hipnotizante, desde o primeiro ao último minuto. Senti que poucos jogos conseguem ostentar tamanho sentido de estilo e manipulação do som como parte da sua essência para transmitir um tom artístico. Se as boss fights fossem realmente boss fights, poderia ser um título ainda melhor, mas mesmo assim é um jogo que te faz sentir bem, com uma personalidade louca.
Prós: | Contras: |
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