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The Crew: Wild Run - Análise

Uma expansão que tenta reanimar o jogo de corridas da Ubisoft.

Wild Run lima algumas arestas de The Crew e adiciona conteúdos razoáveis, mas não é o suficiente para justificar o preço.

The Crew foi uma das desilusões do ano passado. A promessa deste jogo da Ubisoft era grande e inédita. Desenvolvido pelo Ivory Tower, um estúdio composto por pessoas com experiência em jogos de corridas, The Crew prometia que poderiam explorar um mapa do tamanho dos Estados Unidos. O mapa não tinha uma escala real, mas era gigantesco, muito maior do que a maioria dos jogos de corridas em mundo aberto (o único rival é Fuel). Embora a promessa do mapa tenha sido cumprida, The Crew tinha vários problemas que o impediram de voar mais alto: a condução não estava no ponto, o matchmaking e modo cooperativo nem sempre funcionavam, e visualmente parecia que pertencia à geração anterior.

O que é dito em cima aconteceu no final do ano passado. Entretanto, passou um ano e a Ubisoft lançou recentemente a expansão Wild Run. Graças às maravilhas da Internet e das atualizações, é possível transformar um jogo e corrigir todos ou uma grande maioria dos seus problemas dentro deste período. Por esta razão, estava curioso para regressar a The Crew. Já não lhe pegava há bastante tempo e queria verificar se os mesmos problemas persistiam. Felizmente, o regresso foi uma agradável surpresa. Os problemas que mencionei em cima quase que desapareceram. A condução está melhor (mas ainda longe da perfeição), os gráficos melhoraram e o matchmaking funciona sem os problemas do passado.

Dito isto, posso agora falar à vontade da expansão Wild Run. Esta expansão adiciona três novos tipos de corridas: Drift, Drag Races e Monster Trucks. Diferente do resto das actividades, que estão espalhadas pelo mapa, as novas corridas fazem parte do The Summit, um evento mensal assinalado com um ícone colorido no mapa. Para entrar no evento necessitam de obter um passe, que ganham ao participar nos vários eventos de qualificação que antecedem o evento mensal. Os eventos são formados por várias provas convenientemente agrupadas no HUB de acesso.

"Esta expansão adiciona três novos tipos de corridas: Drift, Drag Races e Monster Trucks"

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As provas destes eventos são várias. Além das corridas de Drift, Drag e Monster Trucks, há provas de corridas para as classes de carros que já existiam antes da expansão, uma prova na qual apenas podem participar como parte de uma Crew, provas de competição multijogador, e vários desafios. Entre os desafios, existem alguns próprios para grupos, chamados FreeDrive Challenges. Ao escolherem participar nos FreeDrive Challenges, o jogo procura automaticamente por outros jogadores. Em alternativa, vocês podem criar os vossos próprios desafios e esperar que outros jogadores se juntem.

Em adição aos FreeDrive Challenges, existem os FreeDrive Stunts. Aqui, em vez de competirem com outras pessoas, têm que cooperar com elas para concluir vários objectivos, como conduzir vários quilómetros sem ter um acidente, fazer "fininhos" aos carros, acumular pontos de drift, entre outras metas. Tanto os FreeDrive Challenges como os FreeDrive Stunts podem ser ativados a qualquer momento, carregando para a esquerda e para a direita no D-Pad, respectivamente. Mesmo jogando com estranhos, estes desafios são muito divertidos e desafiantes, exigindo que cooperem com os outros para atingir as metas propostas.

O HUB que junta todas as provas do The Summit

Voltando ao The Summit, a melhor forma de o descrever é como uma competição entre a comunidade. No final das provas, a vossa pontuação entra para a tabela mundial, sendo assim comparada com as pontuações dos outros jogadores. Conforme a pontuação que alcançarem numa das provas, vão obter uma medalha, que vai de Bronze, Prata, Ouro até Platina. Uma variável é que a vossa pontuação e medalha equivalente varia conforme o número de jogadores a participar no evento. Quanto maior for o número de jogadores, mais difícil é atingir a medalha de Ouro e Platina. Depois de completarem as várias provas do evento, o jogo atribui-vos uma medalha geral, que é uma média das outras medalhas que obtiveram nas provas. No final do evento, dependendo da medalha, serão recompensados com prémios.

As provas dos Monters Trucks não são propriamente corridas. Estas provas atiram-vos para uma arena com obstáculos e rampas onde encontram várias fichas de bronze, prata e ouro. Ao apanharem estas fichas ganham pontos. Também somam pontos ao dar saltos e cambalhotas no ar com o carro. É um tipo de evento diferente de tudo o que existia em The Crew, mas podia estar melhor explorado. Por exemplo, podia haver eventos de grandes saltos com os Monster Trucks, bem como provas para escalar grandes colinas.

As Drag Races são corridas de carros extremamente potentes em linha recta. Para estas novas corridas foram desenvolvidas mecânicas específicas. Antes de arrancarem, terão que aquecer os pneus. Se acertarem no ponto certo, o carro terá um melhor arranque. Após o arranque, não basta carregar no acelerador até ao fim, terão que trocar as mudanças manualmente, e caso o façam atempadamente, maior será a velocidade máxima quando cruzarem a meta. As mecânicas estão bem implementadas e funcionam bem, mas devido à sua natureza de correr em linha recta, estas são as provas menos divertidas da expansão.

Por fim, temos as competições de Drift. Comparativamente às outras novas provas, estas são as mais difíceis de dominar. Controlar o carro enquanto desliza não é fácil em The Crew. Até agora ainda não conseguir dominar a técnica, se é que existe. Embora tenha carros na garagem com os quais consigo deslizar bem nas curvas, os eventos de Drift, tal como os eventos de Monster Trucks e Drag Races, requerem que os carros sejam equipados com kits específicos. Até agora, todos os carros de Drift que experimentei são bastante difíceis de controlar. Ainda assim, parece que há quem os consiga domar. Nas tabelas de pontuações existem jogadores com centenas de milhares de pontos, uma casa decimal acima do que a minha melhor pontuação.

As motas não têm provas específicas, mas são uma das novidades da expansão. Com as devidas modificações instaladas, podem utilizar as motas nos eventos do tipo Dirt, Performance e Circuit. Mais variedade, que é o que traz esta expansão, é sempre bem-vinda, mas a condução das motas, tendo Driveclub Bikes como base de comparação, deixa a desejar. Ainda há trabalho a fazer nas animações e na física, bem como na sensação da condução. A curvar as motas parecem demasiado rígidas, tanto quanto um carro, o que não devia acontecer, já que estes veículos são bem mais leves e ágeis.

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A Ubisoft diz que esta expansão foi desenvolvida a pensar na comunidade, e tem razão no que diz. Apesar de todos os defeitos que The Crew tinha no lançamento, oferecia variedade e muitas coisas para fazer. Ao longo deste primeiro ano do jogo, aqueles que toleraram os erros e continuaram a jogar, completaram tudo ou quase tudo. Wild Run, eventos mensais e as novas classes de veículos e respectivas provas são razões para continuarem a jogar. Ainda assim, é difícil ignorar o preço. O preço de Wild Run é 29.99 euros, um valor desproporcional em relação aos conteúdos oferecidos.

"O preço de Wild Run é 29.99 euros, um valor desproporcional em relação aos conteúdos oferecidos."

O preço elevado não é a única condicionante. O The Summit e as suas provas de qualificação só estão disponíveis temporariamente. O The Summit de novembro começou na segunda-feira e terminará no final da semana. Na semana anterior estiveram disponíveis duas provas de qualificação. Quando o evento de novembro terminar, certamente haverá imediatamente outro a seguir, mas o problema desta estrutura é que não dá liberdade de escolha. Tal como expliquei no início, as novas corridas só existem dentro deste evento, não podem selecioná-las no mapa, o que significa que quando um evento acaba, deixam de ter acesso àquelas provas.

Resta dizer que, embora o matchmaking sirva para encontrar outras pessoas para jogar connosco, não há nada como ter amigos como companhia. The Crew foi desenvolvido a pensar na questão social, e a mesma filosofia continua presente em força nesta expansão. Jogar sozinho ainda é divertido, mas se têm intenções de comprar o jogo, a expansão ou ambos, tentem convencer alguém a fazer o investimento convosco.

Ultimamente, Wild Run oferece novos conteúdos razoáveis para um jogo que conseguiu limar algumas arestas desde o lançamento. Consegue ser divertido em alguns momentos, um memória que substitui a má experiência do ano passado, mas ainda não consegue impressionar. A expansão interessa sobretudo a jogadores veteranos, que já exploraram tudo o que o jogo tinha para oferecer, isto se conseguirem tolerar o preço excessivo.

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