The Division: Underground - Análise
Será que o primeiro DLC é uma boa razão para voltar a jogar?
The Division tinha tudo para triunfar quando foi lançado em Março deste ano. Existia interesse num jogo deste género que pudesse ser desfrutado na companhia de outras pessoas, e os jogadores que se tinham sentido defraudados com Destiny no lançamento depositaram as suas esperanças no trabalho da Massive Entertainment. Depois de um romance inicial com The Divison, os seus problemas tornaram-se evidentes: a estrutura demasiado repetitiva, os poucos conteúdos do end-game (depois do jogador chegar a nível 30) e o grinding exagerado acabaram por tornar um jogo com potencial numa experiência pouco agradável.
Apesar das falhas cometidas no lançamento, a Massive Entertainment continuou a tentar melhorar e a ouvir as opiniões dos jogadores para lentamente transformar The Division na experiência desejada pelos fãs. Depois de duas grandes actualizações com melhorias substanciais, a Massive lançou recentemente o primeiro DLC para The Divison, que mais uma vez tenta encaminhar o jogo na direcção certa. O DLC, chamado Underground, foi lançado para PC e Xbox One no final de Junho. O DLC só chegou no início de Agosto à PS4 devido a um acordo de exclusividade entre a Microsoft e a Ubisoft, e como a versão que testámos em Março foi a da PS4, tivemos que esperar um mês a mais pelo DLC.
O que é o Underground?
Tal como o nome do DLC sugere, vamos visitar o subsolo de Manhattan em Underground. Importa desde já esclarecer que o DLC não inclui novas missões para a história. A melhor forma de descrever Underground é pensar em níveis gerados com base num algoritmo. Basicamente, a Massive construiu várias secções de níveis, e o que o algoritmo faz é juntar algumas dessas secções para criar um nível, como se fosse uma construção de LEGOs. Isto significa que eventualmente vamos passar por secções pelas quais já passámos anteriormente. Além disto, a estrutura dos níveis é semelhante às restantes missões de The Divison: temos que progredir eliminado várias ondas de inimigos e na secção final temos que derrotar um boss.
O DLC é território familiar para quem jogou os conteúdos originais. Aliás, um dos problemas de Underground é não expandir a fórmula já conhecida. Ainda assim, o DLC acaba por adicionar mais variedade às actividades do end-game, que anteriormente se resumiam a passar vezes sem conta um leque limitado de missões com inimigos mais difíceis. À medida que forem complementando os níveis do Underground, vão subir de Rank e desbloquear modificadores. Os modificadores são uma forma de adicionar desafios aos níveis. O modificador Fog of War remove alguns elementos do HUD como o mini-mapa, sendo mais difícil localizar os inimigos. Também existe um modificador chamado Sickness que esvazia constantemente a vossa barra de vida até ao último segmento.
"O DLC é território familiar para quem jogou os conteúdos originais."
O acesso ao Underground é feito por um elevador incluído na base de operações. Esta é uma nova área social e no centro existe uma consola, que serve para personalizar os níveis Underground. Podem escolher a dificuldade - Normal, Hard, Challenge e Heroic (uma nova dificuldade reservada para os jogadores com o melhor equipamento possível), os modificadores, e no final se querem matchmaking ou não. O matchmaking rapidamente coloca-vos num grupo de quatro jogadores, mas estão dependentes da sorte. Tanto podem encontrar um bom grupo, como podem apanhar grupos de jogadores que não sabem o que estão a fazer. Nas dificuldades mais fáceis não é um problema, mas se quiserem concluir níveis em Challenge ou Heroic, é obrigatório ter uma boa equipa.
A quantidade de loot ganha ao completar cada nível do Underground é generosa. Os itens high-end e peças de Gear Sets são abundantes, mas o problema é que na maioria das vezes são piores do que o equipamento que já temos. O progresso da vossa personagem é possível, mas extremamente lento. Portanto, se querem ter uma personagem capaz de enfrentar as dificuldades mais elevadas, terão que investir muitas horas e estarão sempre dependentes da sorte. Este é o maior problema de Underground. Não existe uma forma certa de progresso. Para avançarem para as dificuldades mais elevadas precisam de melhor equipamento, mas este só aparece com maior frequência nessas mesmas dificuldades e acabamos por ficar presos num limbo entre níveis em que o Hard é acessível, mas o Challenge é demasiado difícil.
A Incursion Dragon's Nest é a melhor até agora
Para além dos níveis Underground, o DLC inclui uma nova Incursion chamada Dragon's Nest. Até agora as Incursions de The Division foram uma desilusão, mas Dragon's Nest deu-nos esperança. Esta é sem dúvida a melhor Incursion até agora. Em vez de apostar numa quantidade excessiva de inimigos com caçadeiras na mão (o que era comum nas Incursions anteriores), a Massive colocou mais importância no trabalho de equipa, aumentou a liberdade de movimentação dos jogadores e diminuiu a quantidade de inimigos. A Incursion ainda é desafiante, mas é um tipo de dificuldade mais dependente da cooperação entre o grupo de quatro jogadores.
Nesta Incursion enfrentamos os Cleaners, a facção conhecida pelos seus inimigos com lança-chamas. Em Dragon's Nest os Cleaners têm novos brinquedos, como um carrinho telecomandado que vai atrás de nós e incendeia tudo à volta. O primeiro desafio da Incursion é derrotar quatro inimigos enormes com os nomes dos cavaleiros do Apocalipse: Guerra, Morte, Fome e Pestilência. É nesta parte que surgem bastantes engenheiros que adoram lançar os carros telecomandados, o que dificulta derrotar os quatro bosses. No entanto, se a equipa se mantiver junta, em constante movimento e usar com coordenação habilidades de resistência, é possível concluir esta parte.
A parte final da Incursion deu-nos uma sensação de Déjà Vu. Tal como na primeira Incursion, temos que enfrentar um veículo numa sala fechada. Em Dragon's Nest o boss é um camião que atira bombas de fogo e incendeia a maior parte do cenário. A mecânica é simples: temos que carregar em dois botões ao mesmo tempo para activar um tanque de água. Se repetirmos o processo quatro vezes, derrotamos o boss e chegamos ao fim da Incursion. O desafio aqui é continuar vivo enquanto o chão está a arder. Para avançar para a fase seguinte temos sempre que derrotar os inimigos, mas estes não aparecem em quantidades absurdas como nas outras Incursions.
O único problema da Incursion é o mesmo do que os níveis do Underground. A quantidade de loot até é generosa, mas na maioria das vezes equipamento não é melhor do que aquele que já temos. As Incursions são os maiores desafios de The Division, portanto, no final deveríamos receber garantidamente pelo menos uma peça de equipamento ou arma melhor. Por um lado é compreensível que a Massive queira prolongar a longevidade do jogo, mas por outro, é frustrante completar actividades desafiantes e não ser devidamente recompensado.
Vale a pena voltar a The Division?
O primeiro DLC de The Division é um passo na direcção certa e nota-se que neste momento o jogo está num melhor estado do que há alguns meses. No entanto, The Division precisa de algo mais substancial do que um gerador aleatório de níveis baseados na mesma precisa anterior: disparar contra inimigos cada vez mais resistentes. Os níveis do Underground entretêm inicialmente, mas depois acabam por cair na mesma rotina e ficam aborrecidos. Também não conseguimos ignorar a ausência de história. Para além de uma missão inicial com um pouco de narrativa, Underground não acrescenta nada à história de The Division. Portanto, apesar do jogo estar mais afinado (mas os problemas de loot persistem), este primeiro DLC não vem oferecer nada que já não tenham feito antes. Resta esperar e ver o que a Massive está a preparar para o segundo DLC.