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The Evil Within - Antevisão E3 2013

Shinji Mikami regressa a casa.

Foi com bastante expectativa que aguardamos pelo final do primeiro dia da E3. Na nossa agenda estava marcada uma apresentação à porta fechada da mais recente produção da autoria de Shinji Mikami, um dos mais conceituados produtores japoneses de videojogos e tido por muitos como a referência dentro do género survival. Resident Evil 4 foi o seu último encontro com a série e para a qual contribuiu decisivamente, especialmente no primeiro jogo. Mas nem depois de RE4 a sua actividade abrandou. Presente em funções destacadas noutros jogos, nomeadamente Killer 7, God Hand, Vanquish e Shadows of the Damned, há um traço que perpassa todas as suas produções: a capacidade para surpreender. Mikami não parece mostrar preocupação sobre se os seus jogos serão ou não êxitos comerciais. Acima de tudo, o seu objectivo é realizar o que tem em mente.

E por esta altura, o que lhe tem preenchido absolutamente os dias é The Evil Within, uma das produções da ZeniMax Media, a ser editada pela Bethesda. Há uma aposta clara entre editora e produtora em fazer deste mais um jogo capaz de chegar aos fãs do survival horror. Na verdade, este jogo assinala o regresso do mestre do survival e dos jogos de acção. Mikami não é parco em palavras: "estamos a fazer um jogo de terror, puro survival horror".

Neste novo jogo recuperam-se algumas coordenadas perdidas nas produções mais recentes, nomeadamente a propensão para os sustos, ambientes de sobrevivência e meios limitados de combate. Centrado num patamar oposto ao que pudemos ver em Resident Evil 6, Mikami começa por salientar, antes mesmo de mostrar a demo preparada para a E3, que: "não só jogam como lutam com recursos limitados. É preciso aprender a lutar. O balanço é entre acção e terror."

Assim que a demonstração começa, é-nos apresentada a personagem que iremos comandar. Trata-se de Sebastian Castellanos, um agente da polícia que é convocado para prestar serviço junto do Beacon Mental Hospital, de onde chegam relatos de estranhos acontecimentos. O tom algo cinzento e granulado dos gráficos, sintonizados num efeito série B dos filmes de terror dos anos oitenta, é perfeito para a atmosfera de tensão que vai ganhando forma nos primeiros instantes. Após chegar ao hospital mental, o agente dá conta de inúmeros carros da policia estacionados no exterior. Não há sinais de humanos por perto, chove e a mensagem enviada de origem repete-se indefinidamente. Castellanos descobre que não existem armas nos carros e, quando entra no asilo, os corpos de policias amontoados libertam um cheiro pestilento. Há corpos tombados por todo o lado.

A atmosfera é realmente opressiva e nesta fase da demonstração ainda nos indagámos sobre o que causou aquela chacina no interior do asilo. Pouco depois, Castellanos alcança uma divisão onde existem monitores que dão acesso a câmaras de segurança e é aí que regista a primeira grande adversidade, quando identifica um vulto de alguém que espeta uma seringa no pescoço dos polícias. Pouco depois, é surpreendido e acontece-lhe o mesmo.

Separado do parceiro, Castellanos recupera a consciência numa câmara macabra. Está pendurado pelos pés e há mais corpos ao seu redor. Ainda atordoado dos efeitos causados pelo líquido que lhe foi injectado, o agente apercebe-se de que um carrasco corta o torso de um corpo dependurado mesmo ao seu lado. A sequência é particularmente aterradora, especialmente pelos ângulo de câmara (seguem o olhar do protagonista) e pelas sonoridades atrozes. Apesar da dificuldade em se movimentar, Castellanos consegue cortar a corda que lhe segura os pés com uma faca e é a partir desse momento que entramos na parte jogável da demonstração.

Cercado pelo carrasco coberto de sangue, Castellanos tem de encontrar as chaves que lhe permitem fugir da cela e escapar daquela câmara aterradora onde há corpos mortos pendurados e sangue espalhado. As sonoridades ganham dimensão clássica, o movimento é lento, sempre sob uma perspectiva na terceira pessoa. No entanto, o agente em fuga faz soar o alarme, causando a perseguição do carrasco, que liga um moto serra a fim de cortar a espinha do protagonista. Num momento quase realiza o propósito, mas a perna atingida atrasa ainda mais o passo deste polícia a viver o pesadelo da sua vida. É então que descobre um cacifo onde se isola, temporariamente iludindo o perseguidor. Baixando-se e fugindo para uma zona segura, consegue ganhar o avanço necessário para escapar à fúria desta figura horrenda.

Em termos de combate, o destaque é mesmo a escassez de munições, mas nem por isso deixam de existir outras soluções para lá da pistola e da faca. Usando um candeeiro a óleo, pode verter algum do líquido sobre os inimigos, incendiando-os. Existem assim algumas soluções que podem servir de alternativa aos meios mais usuais. Faltaram os puzzles. Apesar da linearidade da demonstração, a sua progressão ajusta-se ao género; levar o jogador ao longo de áreas onde têm lugar momentos desconfortantes e arrepiantes. Conseguindo chegar ao exterior do hospital, Castellanos descobre algo ainda mais assustador; a cidade está em ruínas e foi engolida literalmente por um buraco que se abriu ao redor do hospital. A demonstração chega ao final.

A demonstração apresentada circunscreve-se ao prólogo e primeiro capítulo, mas já aponta, muito claramente, para a definição do jogo; retomar das velhas tradições do género survival horror, em moldes que os nipónicos tão bem conseguem replicar. Os elementos para assustar estão lá; uma narrativa que inquieta a mente do jogador, inimigos que se servem de moto serras para travar a nossa progressão e uma atmosfera muito tensa e horrenda. Para os fãs de Mikami e do género survival, The Evil Within promete levar longe os desígnios do director em fazer deste um jogo de puro terror. Apesar de lhe faltar uma versão jogável na feira, a demonstração apresentada manteve-me preso à cadeira em cada instante, ao mesmo tempo que alguns elementos da Naughty Dog se recostavam no fundo da sala. Afinal, Mikami é um dos mestres do género survival.

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