The Last of Us da HBO - Episódio 4 colocou-nos onde queríamos tanto chegar
A relação de Joel e Ellie em destaque.
Após o maior afastamento sobre o material original no episódio 3, a série The Last of Us da HBO voltou a aproximar-se do videojogo da Naughty Dog neste episódio 3, e trouxe alguns dos melhores momentos que já vimos nesta primeira metade da adaptação do aclamado videojogo.
Tess foi despachada quase a correr, tivemos um episódio completo dedicado a Frank e Bill, que por mais poético que seja, privou-nos do que tanto desejávamos ver, as interações entre as personagens que de uma forma tão fluida e natural revelam o crescimento de Ellie, sem esquecer o tão importante desenvolvimento de Joel e como isso acabará por afetar eventos que estão para chegar.
O episódio 4 é, de certa forma, o melhor episódio apresentado até agora e tudo porque nos dá esse desejado olhar à relação entre Joel e Ellie, numa versão adaptada que mistura remake do jogo com um olhar diferente a acontecimentos marcantes que preservam a essência da série. Resumindo, servem para surpreender os fãs que conhecem o jogo e para agarrar os que estão a descobrir este apocalipse na série.
Seguem-se spoilers para The Last of Us da HBO Episódio 4.
Os primeiros 20 minutos deste episódio são os meus favoritos desde a estreia da série. Já tivemos momentos espetaculares e de grande intensidade, mas tivemos agora pela primeira vez interações entre Joel e Ellie que são a essência de The Last of Us. Enquanto jogo de ambições cinematográficas, The Last of Us brilhou e diferenciou-se na narrativa explorada de forma natural e interativa. As personagens falavam entre si e não estavas restrito às cutscenes para obter informações sobre o seu passado e como encaram o mundo.
Neste quarto episódio, The Last of Us da HBO mostrou isso em grande estilo. Focado em Joel e Ellie, é a essência The Last of Us e mais uma vez, nem sequer um infetado surgiu, apenas um básico mas muito eficaz teaser de um grande inimigo a caminho. O conflito entre os humanos e como nem sequer no apocalipse conseguimos quebrar o ciclo de violência manteve-se como o foco deste episódio. Através de novas perspectivas, tivemos um explorar deste universo e da violenta realidade fora de Boston.
Ciclos de violência e a capacidade para sentir esperança, até para rir nos momentos mais adversos, permanece a identidade de The Last of Us, este novo episódio destacou isso de forma simples e eficaz. A jornada de Ellie e Joel por partes dos Estados Unidos tem contornos de “road trip” clássica tão explorada noutras produções, quase ao ponto de esquecer que estão no apocalipse, mas também tem lugar para o inevitável choque com a realidade.
Após a recriação de uma das cenas mais cómicas do videojogo, relacionada com Bill, temos uma abordagem quase toda ela diferente a um dos momentos mais espetaculares do jogo. A emboscada na estação de gasolina é diferente, mas igualmente crua e intensa. Não tens aqui aquele grupo que preparava emboscadas de forma tão desumana, viviam como predadores, aqui Joel e Ellie tropeçam num conflito entre duas facções pelo controlo da cidade, após a FEDRA perder a luta. É similar no tom, mas diferente o suficiente para servir como algo quase novo para quem conhece o jogo. Os principais momentos estão aqui, mas o que está à volta é diferente.
Ao apostar nas interações entre Joel e Ellie, ao colocar o foco na dupla e no desenrolar da sua relação, a série chegou finalmente ao seu melhor e seguem-se eventos dramáticos que vão expor a crueldade e violência neste mundo, mas sempre com a dupla em primeiro plano. Este episódio veio também reforçar a sensação de equilíbrio entre recriação fiel de cenas e adaptação, o que serve para deixar quem conhece o jogo a sentir que poderá continuar a ser surpreendido.