The Legend of Zelda: Breath of the Wild Master Trials - primeira parte do DLC
Abrimos a arca do tesouro.
Até há uns anos, os jogos desenvolvidos pela Nintendo não eram contemplados com DLC's, vulgo expansões ou conteúdos adicionais pagos. Era política da Nintendo apresentar e publicar um jogo completo, sem custos adicionais para o jogador. A versão original era definitiva e contemplava na íntegra a visão dos criadores para aquele projecto. Mas com o passar do tempo, também a Nintendo (a mais resistente das editoras) acabou por aderir ao modelo que há muito está implementado, como forma de rentabilizar e dar mais visibilidade a produtos já lançados. Muitas vezes o simples anúncio e disponibilidade de um novo conteúdo traz consigo novos utilizadores e isso é sempre vantajoso, para além de manter os jogadores por mais tempo em contacto com o jogo, proporcionando mais horas de exploração e desafios.
Sem contar com as duas remasterizações de Wind Waker e Twilight Princess, ambas para a Wii U, a derradeira produção "doméstica" da série Zelda não recebeu qualquer conteúdo adicional. Skyward Sword permanecerá por isso como o último produto resultado de uma política que a Nintendo prosseguiu até tornar claro que em Breath of the Wild, os conteúdos suplementares teriam aplicação.
Denominado Expansion Pass, é constituído por dois segmentos, facultados em momentos distintos. O primeiro segmento - The Master Trials -, disponível desde o final da semana passada, acrescenta os novos modos de jogo Master e Hero Path, juntamente com o Travel Medallion, máscaras e uma nova área (The Trial of the Sword). O segundo segmento será disponibilizado no final do ano. The Champions Ballad facultará uma nova masmorra, desenvolvimentos no arco narrativo e desafios adicionais. Ambos os conteúdos não podem ser adquiridos em separado e o seu valor unitário é de 19,99 euros.
Comprado o conteúdo e depois de descarregado, acedem a uma página composta pelos tópicos e descrições da primeira parte da expansão, mas assim que mergulham em Hyrule, depois de activado o último save, no qual conservam a vossa actual posição, não existe um sinal ou indicador a apontar para o próximo desafio. Se optarem por começar um jogo novo, justamente com um novo sistema de gravação, então poderão escolher o modo Master e perceber, logo desde o primeiro instante, como a dificuldade aumentou e os adversários estão agora bem mais fortes e resistentes.
Desde o primeiro instante que se percebe que esta é uma expansão para jogadores veteranos da nova incursão da série Zelda, que tenham já concluído a aventura e acumulado para cima de uma ou duas centenas de horas. Breath of the Wild é a maior aventura realizada pela Nintendo, uma produção gigantesca, repleta de segredos e pequenas coisas que não ficam para trás mesmo quando se dá por terminada a campanha.
Estes Master Trials adensam a procura, aprofundam algumas missões e como que diabolizam a estrutura do jogo, especialmente no modo Master, um incremento de dificuldade que vai exigir um esforço e entrega maiores. Não receiem, contudo, perder o ponto de gravação da vossa actual campanha. O modo Master é sempre independente, acedido através de uma opção no ecrã inicial, gerando assim o seu próprio sistema de gravação.
Essencialmente vão encontrar mais patrulhas de inimigos (muitos formando quase pontes aéreas, numa forma de bloquear os percursos realizados através de pára-quedas), quase todos mais fortes graças a uma maior resistência. É um modo endereçado para quem pretende um desafio mais exigente, a prova derradeira das habilidades de combate do herói Link.
A opção Hero Path, ou caminho do herói, funciona como um lembrete dos percursos realizados em Hyrule. Atendendo à vastidão do território, facilmente deixamos para trás áreas cuja relevância não nos pareceu determinante, numa primeira passagem. Voltar a espaços não percorridos pode ser crucial, se queremos encontrar um tesouro ou aquele "item" que nos falta. O mais impressionante é que a opção faz um registo dos nossos percursos até 200 horas de jogo...simplesmente aterrador. A opção pode ser activada desde o início e será imprescindível para os jogadores que pretendem completar tudo.
Trial of the Sword é outro desafio que porá à prova os jogadores mais destemidos. Como sabem, a Master Sword está "escondida" em Hyrule. Contudo, neste DLC, há um "upgrade" da mítica espada, e para a utilizar na plenitude do seu poderes terão que cumprir um desafio composto por 45 etapas. Começam despidos, sem armaduras e armas, apenas com os boxers colados ao corpo, tendo logo que lidar com adversários na fase inicial. Aos poucos começam a construir o arsenal, a cozinhar refeições e a produzir poções mágicas. É um processo de avanço gradual, sustentado na perícia em lidar perante situações desvantajosas, ao mesmo tempo que é posta à prova as habilidades de "stealth".
Para além disso, terão que investir mais tempo (basicamente procurar) na obtenção de uma série de itens como a máscara Korok (essencial para obter as 900 sementes) e o "travel medallion", um objecto que vos deixa teletransportar para qualquer destino, no mapa. Existem mais máscaras, como a de Midna (Twilight Princess) ou a Majora's Mask, bem como o fato Tingle, adequado para contornar aquelas sempre aborrecidas patrulhas. Apesar de menos relevantes do ponto de vista do contributo ou da alteração que levam a cabo, adicionam algum interesse. Se quiserem chegar a todas as máscaras terão que dar um uso suplementar ao Sheika Sensor.
Embora concedendo que este possa ser o segmento da expansão menos essencial, nem por isso deixa de conter alguns méritos. O novo grau de dificuldade poderia integrar o conteúdo original, é verdade, bem como o registo do nosso percurso, já a Master Trial e os novos items, providenciam um regresso ao território palmilhado pelos conquistadores, na tentativa de não ficar nenhum espaço em branco. Acresce mais vitalidade a uma produção já de si enorme. Veremos como funciona em conjunto com a segunda parte da expansão, mas sendo esta diferente é provável que Breath of the Wild ganhe um novo impulso, tendo como maior aliciante os avanços em termos de história. Só que por essa parte, ainda teremos que aguardar mais alguns meses.