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The Legend of Zelda: Hyrule Historia - Análise

A bíblia de Hyrule.

Datas especiais merecem comemorações apropriadas. Seja através de eventos para os fãs, seja por via de lançamentos de edições comemorativas, os adeptos de uma das mais importantes e míticas séries da Nintendo - The Legend of Zelda - foram brindados com diferentes iniciativas ao longo dos dois últimos anos. Sob os vinte e cinco anos da série Zelda, entre as ofertas mais destacadas contou-se o lançamento do jogo Skyward Sword para a Nintendo Wii, mas também aconteceram outras iniciativas, como concertos orquestrados constituídos por músicas que representaram e preencheram o hemisfério de uma lenda que se reescreve a cada novo título.

A mais recente iniciativa em torno da celebração dos 25 anos da série é o livro Hyrule Historia, que chegou à Europa e continente americano no princípio deste ano, numa edição traduzida para inglês pela Dark Horse. Constituído por 274 páginas que conduzem o leitor por vinte e cinco anos de informações, ilustrações e abundante arte dos jogos integrantes da série Zelda, uma passagem rápida pelo seu conteúdo é suficiente para perceber que estamos perante uma obra imprescindível para os fãs, sobretudo se pretendem uma engrenagem a fundo sobre este universo delicadamente desenvolvido pela Nintendo.

Com grande destaque para ilustrações e trabalhos de produção a nível artístico, terá tão ou mais importância, a tentativa de organização cronológica da série, naquela que é uma linha temporal possível mediante a articulação de determinadas evidências. Mesmo não sendo uma organização temporal que se pretende imperativa, pelo menos oferece ao leitor uma interpretação possível, bastante detalhada e concretizadora, com páginas dedicadas a cada um dos jogos lançados. Por último, o leitor tem ainda à sua disposição um episódio manga do jogo Skyward Sword, que se posiciona como prequela dos eventos do jogo.

O aspecto físico do livro prima pelo tamanho e peso, destacando-se na sua capa a tri-force, o título The Legend of Zelda na parte superior e, numa zona inferior, o subtítulo Hyrule Historia, em letras douradas sobre um fundo verde, num imponente trabalho artístico. A capa e contra capa são duras, e as suas grandes dimensões afastam a hipótese de pensar em transportar este livro como uma edição de bolso. Na melhor das hipóteses qualquer fã e coleccionador dos respectivos jogos quererá tê-lo ao lado dos respectivos jogos. As folhas são macias e espelhadas, o que é óptimo em termos de exibição a fim de garantir uma imagem muito precisa e colorida dos trabalhos artísticos. Além disso, são suficientemente grossas para não ganharem vincos nem marcas. De um modo geral, o aspecto e produção exteriores mostram-nos que a produção foi dedicada a fim de alcançar um patamar de grande qualidade.

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Preservando escritos exclusivos de Miyamoto e Eiji Aonuma, criador e recente director da série respectivamente, encontramos nas cartas de ambos, entre pormenores e dados desconhecidos sobre o processo de criação da série, um transversal sentido de produção com qualidade em cada jogo, assente no equilíbrio das mecânicas de jogo, numa narrativa cuidada enquanto espaço de movimentação das personagens e nas inovações técnicas enquanto espaço de adaptação à plataforma de desenvolvimento. Não sendo de todo grandes novidades para os acompanhantes de longa data (eles já percebem o cuidado existente na produção de um novo jogo), há pequenos detalhes e informações até hoje não conhecidos, como é a origem e o porquê do nome Zelda dado à princesa e mais algumas explicações sobre o aparecimento do jogo.

Uma larga porção de páginas é dedicada ao jogo Skyward Sword, num trabalho de exposição de personagens, territórios, inimigos, objectos, sempre em termos artísticos. Trata-se de uma parte com escasso texto, mas abundante em arte. Para cada segmento existe uma explicação escrita pelos produtores, na qual percebemos a intenção e a motivação por detrás daquele resultado. Sendo precioso por habilitar o leitor com detalhes que habitualmente escapam, como as cores das penas dos pássaros gigantes ou detalhes sobre a sua constituição, várias vezes o leitor que também se confunde com jogador e que terminou a mais recente aventura, acaba por descobrir algo mais. Esta parte demonstra igualmente como a Nintendo trabalhou a fundo a fim de tornar credível esse território flutuante que é Skyloft. Desde os esboços iniciais das personagens, ao resultado final, muitos trabalhos encontram-se traduzidos e devidamente legendados.

Findo este capítulo, o leitor é remetido para a tão badalada organização cronológica da série Zelda. Nela os jogos até hoje editados estão organizados em torno de uma linha cronológica, que vai desde a criação do céu e da terra, seguindo-se o jogo Skyward Sword, que tende a ser enquadrado como a origem da série. A partir de Ocarina of Time acontece uma divisão de linhas temporais, com vista a resultados diferentes, enquadrados em três linhas temporais que se sucedem. Cumpre lembrar que este é um assunto de grande controvérsia, ponto de discussão que causou até alguma publicidade ao próprio livro quando se anunciou no final de 2012 que o livro Hyrule Historia haveria de apresentar a linha cronológica oficial por parte da Nintendo.

Sucede que a explicação cronológica que aqui é apresentada não é oficial, nem se assume como definitiva. Dificilmente algum dia será apresentada. Muitos fãs apressaram-se a traduzir e até a corrigir a edição nipónica e só isso ilustra bem quão difícil será, um dia, alguém apresentar um ordenamento dos factos isento de discordância. Cumprida a advertência, destacada pelos escritores do livro, o que esta parte proporciona ao leitor é tão somente uma leitura plausível e ordenada dos factos da série Zelda, a partir de determinadas evidências.

Neste segmento é abundante a quantidade de informação e detalhes relevantes para quem pretende ficar por dentro da lenda. Todos os jogos da série Zelda criados pela Nintendo e também os da Capcom, são alvo de descrições relevantes e abundantes. A grelha de leitura fornece indicações sobre a organização das caixas de texto, as quais funcionam como breves apontamentos sobre personagens e sobre pontos de viragem dentro da narrativa.

Uma das páginas da secção arte reservada para o jogo Twilight Princess. Podemos ver como os produtores criaram diferentes expressões para Link. Os sketches de produção prévia são abundantes.

Finda a exposição da linha cronológica da série, o leitor é convidado a visitar os vinte e cinco anos da série através de uma abundantes trabalhos artísticos, com orientação e referência aos jogos da série. Nesta parte são divulgados trabalhos nunca antes vistos, nomeadamente trabalhos iniciais desenvolvidos por Miyamoto, como uma grelha de monstros possíveis a incluir no primeiro jogo (The Legend of Zelda). Sobre Miyamoto é conhecido o seu trajecto enquanto director e criativo da Nintendo, mas raramente vemos o seu trabalho de lápis e tela. Ora, esta parte inicial da secção revela muitos desses esboços iniciais dos primeiros jogos e sobre como uma visão para a série se materializou em algo cada vez mais seguro e definido. Em A Link to The Past a Nintendo consolidou a imagem definitiva do heróis de Hyrule, naquele jogo, que ao encontro da opinião de alguns fãs, ainda é o melhor jogo da série.

Ocarina of Time, Majora's Mask, Wind Waker, entre outros como Spirit Tracks, prossegue o trabalho de divulgação de gravuras, desenhos e quadros finais nunca antes vistos. É um desenvolvimento relevante que permite ao leitor ganhar uma clara e imediata percepção do sentido de projecção das personagens, territórios e outros pormenores relevantes.

O derradeiro segmento do livro é constituído por um episódio manga de 32 páginas, ilustrado predominantemente a preto e branco, no qual Akira Himekawa cria um enquadramento narrativo que funciona como prequela aos acontecimentos de Skyward Sword. Para os amantes do género, é seguramente mais um conteúdo de valor, que não só acaba por satisfazer plenamente, como também funciona como também valoriza o livro em termos de conteúdos.

Em jeito de comemoração dos 25 anos de Legend of Zelda, Hyrule Historia é um livro essencial para os fãs. Atendendo à produção limitada do mesmo e que os grandes retalhistas da Europa e Estados Unidos o comercializam desde o começo do ano, se estão interessados em adquirir um destes exemplares é bom que diligenciem com a maior brevidade possível, caso contrario terão de abrir os bolsos. Eu consegui comprá-lo em meados de Fevereiro por 14 euros (uma verdadeira pechincha) a partir da loja Amazon para os Estados Unidos, acrescido de 6 euros de portes de envio, mas certos retalhistas já estão a vendê-lo por valores bem mais elevados. De qualquer modo, estamos perante uma boa leitura, fortemente ancorada na reprodução de trabalhos artísticos, muitos deles até hoje nunca divulgados. E sabendo-se como a Nintendo mantém as portas fechadas dos seus estúdios de produção, esta abertura que é dada à série Zelda equivale a uma ida ao encontro dos desejos dos fãs. Assim, ao lado dos vossos jogos favoritos, podem juntar um precioso livro, essencial para o conhecimento e compreensão de uma das séries mais relevantes da Nintendo.

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