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The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D

Lenda passa da terceira pessoa para um brilhante 3D.

Estas batalhas épicas obedecem a um certo padrão na abordagem. Primeiro há uma sensação de pânico, especialmente quando se defrontam criaturas mais avançadas e poderosas, capazes de desferir ataques forma bem mais imprevisível. Link procura defender-se ao mesmo tempo que estuda as fraquezas do adversário e as possibilidades para o atingir, interagindo com alguns elementos que detém ou ficam à disposição no palco de jogo para recuperar saúde entretanto perdida. Mas depois de descoberta a fragilidade inverte-se a situação e Link reúne condições que lhe permitem levar de vencida a batalha.

De resto, o sistema de combate permanece bastante solto e de fácil concretização. É uma conquista deste jogo e que permaneceu nas evoluções seguintes da série com a mesma desenvoltura. Assim, Link aprenderá a desferir golpes mais potentes à medida que recebe reconhecimento por ter cumprido exigentes demandas, mas também terá de activar outros objectos à sua disposição, num esquema que vai ganhando complexidade por força da conjugação de certos elementos e objectos, pois só dessa forma conseguirá seguir em frente.

E isso assume nova carga dramática quando forem confrontados com a inevitável passagem do tempo, que propõe um Link adulto, mais forte e capaz de enfrentar novas ameaças resultantes da loucura de Ganondorf. O castelo de Hyrule é controlado por esta criatura que fez irromper uma escuridão permanente que se abate sobre o território. Aquilo que dantes era idílico e o resultado proveniente dos melhores sonhos, logo se transforma num pesadelo por força da destruição emergente. As pessoas estão diferentes, sobram criaturas diletantes pelos escombros e Link é acusado de ser um dos condutores daquela situação. A última fase da aventura é um assomo de batalhas constantes e de escala épica.

No princípio Link terá de percorrer Hyrule pelo seu próprio pé. Não será por muito tempo, porém. Depois de descobrir Epona, uma égua, no rancho Lon Lon, Link irá percorrer as mesmas distancias mas gastando menos tempo. É um incentivo à exploração que penetra no justo momento em que há um compreensível alargamento do mapa mundo. Enquanto que o protagonista começa por actuar num espaço de terreno curto, a breve trecho terá mais distâncias a cobrir. A Ocarina será fundamental para manter por perto a camarada de aventura. Com a música que lhe foi ensinada Link poderá a qualquer altura contar com o apoio da parceira para uns momentos de galope. Este é um instrumento útil que permitirá ao herói abrir novos caminhos e percursos por força das músicas que dela emanam.

Com tanto para explorar até aos momentos finais e para lá dele, esta é uma aventura que se prolonga no tempo por várias dezenas de horas. A extensão do jogo dependerá muito do interesse do jogador e na disposição para percorrer "missões" secundárias ou aprender outros mini-jogos. A única coisa que poderá travar o andamento é a luz vermelha da 3DS começar a piscar ao fim de algumas horas. Por vezes nem nos apercebemos que já passou tanto tempo.

De resto a adaptação de Ocarina of Time para a 3DS implicou uma transformação para melhor em termos gráficos. Em grande medida o jogo ganhou uma espantosa agilidade em termos de gestão de menus. Assim, com o ecrã "wide" superior apontado para a aventura, para o ecrã inferior o táctil foram relegadas as opções respeitantes aos objectos disponíveis, quadro de selecção, mapa e equipamento. Desta forma é possível efectuar uma rápida gestão dos bens que pretendemos ter à mão, sem interromper a acção no ecrã superior.

A utilização da stylus é opcional, pelo que poderão muito bem usar o dedo para seleccionar e efectuar todo o tipo de operações disponíveis, até para tocar música na Ocarina. Será ainda no ecrã inferior que poderão ver por onde andam nas masmorras depois de obterem a bússula. Esta opção facilita sobremaneira o desenrolar da acção, sem necessidade de interrupções e paragens que de outra forma quebram o ritmo.

No que respeita à visualização em 3D, a utilização do efeito no máximo nunca causou problemas em termos de cansaço de vista, desde que também não se percorram períodos demasiado prolongados. É preferível fazer uma paragem periodicamente, suspendendo o jogo, sem desligar a consola. Mas ver este jogo em 3D é sempre mais agradável. O efeito está lá, é como se as personagens deambulassem dentro de uma caixa, enquanto que se optarem por desligar o efeito sente-se logo a falta de profundidade.

Poderá haver um ou outro momento em que o ângulo de câmara e a visão em 3D se incompatibilizam, mas é muito raro isso suceder. Poderão ter algumas dificuldades se optarem por colocar a perspectiva na primeira pessoa e movimentarem a consola de modo a descobrir o espaço que envolve Link. Apesar disso a utilização do sensor giroscópio é agradável, torna a experiência algo divertida e compensa se quisermos apontar na direcção dos inimigos a fisga ou outro objecto de tiro.

Para os jogadores que enfrentarem dificuldades na superação do jogo, os produtores foram generosos ao ponto de conceder uma compilação de vídeos com dicas e soluções respeitantes ao segmento em que estejam envolvidos. Uma opção que só em caso extremo deverá ser acedida, já que o fascínio de Zelda reside precisamente na exploração e sentido de descoberta. Depois de concluírem o jogo poderão dar uso ao modo Master Quest, uma versão mais exigente, que propõe um enquadramento diferente dos inimigos ao longo do cenário com novas soluções para os puzzles. O modo "Boss Challenge" é um extra que permite voltar a enfrentar todos os "bosses" derrotados de forma individual ou consecutiva.

Legend of Zelda Ocarina of Time é uma obra genial. É um fulgor que perdura depois destes anos e que se revalida como se fosse a primeira vez. Descobrir Ocarina of Time, totalmente melhorado, num glorioso 3D, e sob a forma exclusiva de jogo portátil é ir ao encontro de uma obra fascinante, ainda surpreendente e única, cuja magnitude ganha força quando se investe na descoberta e no conhecimento dos sucessivos enigmas.

10 / 10

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