The Lord of the Rings: War in the North - Análise
A desconhecida irmandade do norte.
O elemento RPG por assim dizer está muito mais concentrado nas peças de equipamento que vamos adquirindo durante a aventura. Como em qualquer jogo deste género, melhor equipamento significa mais poder. Estas peças estão disponíveis no "loot" que os inimigos deixam na hora da morte, mas principalmente em baús de tesouro escondidos pelo mapa, alguns deles apenas acessíveis por determinada personagem. Importa ainda referir que algumas peças são específicas para determinado membro da irmandade, e por isso podemos dar as peças que apanhamos aos nossos companheiros.
O combate funciona num frenesim de matança de montes com montes de inimigos para amputar (literalmente). Temos poucas habilidades especiais para utilizar, e sinceramente não existe muita variedade de adversários. Joguei com um amigo em modo cooperativo em ecrã dividido, apenas com a Elf controlada pela AI. Acabei por me divertir, afinal, tudo é mais divertido em co-op. Ainda assim, não senti a prometida necessidade de cooperação, passamos todo o tempo a competir para ver quem conseguia matar mais orcs, podemos fazer revive a um dos companheiros, mas pouco mais. Felizmente alguns bosses constituem um desafio interessante, alguns dos melhores momentos que passei em War in the North foram durante as batalhas com estes grandalhões.
A parte mais engraçada das habilidades está na possibilidade em invocar Beleram, a águia gigante que libertamos logo no início do jogo, e que por isso se encontra em dívida connosco. Durante o jogo vamos apanhando umas penas que podem ser utilizadas para pedir socorro à grande águia, com o objetivo de eliminar inimigos de uma torre, ou apenas para oferecer suporte aéreo quando "a situação aperta" com demasiados inimigos em redor. Confesso que esperava algo mais destruidor, estilo Golden Axe para quem se lembra, com um elemento externo (Belaram neste caso) a destruir todos os inimigos presentes no ecrã com uma cena de belo efeito.
O problema de apresentar protagonistas completamente novos, é que não temos qualquer empatia com eles à partida. Sinceramente até prefiro assim, mas a responsabilidade passa para as mãos do jogo. É preciso fazer com que o jogador vá construindo empatia com a personagem à medida que vai jogando com ela. Neste campo War in the North falha redondamente. A caracterização das personagens é pobre, os diálogos são desinteressantes e aborrecidos, as nossas decisões têm pouca ou nenhuma relevância no desenrolar dos acontecimentos, durante toda a aventura somos apenas máquinas de desferir golpes mortais nas hordas de inimigos que o jogo vai atirando para cima de nós.
Se tivesse que descrever o aspeto de War in the North em apenas uma palavra diria, inacabado. Os ambientes estão agradáveis e bastante variados, sempre em consonância com o estilo medieval característico de O Senhor dos Anéis. Nota-se a falta de polimento de algumas texturas quando admiradas de perto, assim como alguns bugs estranhos como criaturas presas no ambiente. Por sua vez as animações variam entre o bom e o esquisito. Os desmembramentos dos inimigos no combate são sem dúvida gratificantes, mas as expressões faciais e animações gerais de algumas personagens são robóticas, por vezes até algo desconexas e arrepiantes (os perigos típicos de cair no "uncanny valley").
O som é adequado ao tema de aventura. Não reconheci nenhuma das músicas celebrizadas nos filmes, mas de um modo geral, a música adequa-se ao contexto. Já as vozes são para esquecer, sem emotividade, por vezes até com um tom desadequado. Se querem utilizar um sistema escolha/consequência com diálogos, façam-no de forma adequada, caso contrário arruína a experiência por completo. Isto é válido para todos os RPG deste tipo.
Para concluir, fiquei com a clara sensação que War in the North foi acabado à pressa. O gameplay é simples, com risco zero por parte dos produtores. A narrativa tinha potencial, mas não se consegue destacar durante os eventos, e por isso acabamos por simplesmente não nos importarmos com as nossas próprias ações. Sinceramente tem mais de "hack-and-slah" do que de RPG, e é claramente para ser jogado em Co-op. Nem quero pensar como seria se o tivesse jogado sozinho.