The Men of Yoshiwara: Kikuya - Análise
Fotonovela erótica.
Yoshiwara é uma espécie de "red light district", um distrito do prazer e sonho onde as mulheres encontram uma oportunidade para conviver com um referente do outro sexo. Numa ilha onde não nascem homens, os poucos que ali chegam são enviados para Yoshiwara. Garbosos, conversadores, envergando indumentárias do período Edo, convivem com senhoras que pretendem satisfazer os seus prazeres libidinosos. Algumas mulheres procuram só o prazer e amor, outras querem engravidar e ter bebés. Mas não será tudo um sonho?
Entre os lançamentos recentes para a Nintendo Switch, está The Men of Yoshiwara: Kikuya, um romance gráfico (o termo fotonovela também poderá funcionar), embora no Japão seja habitual classificar o género como "otome". São muito invulgares, para não dizer raras, as produções deste calibre que viajam até ao nosso território. O jogo começou como um otome lançado para os "smartphones", em 2014, pela D3Publisher (Gyakuten Yoshiwara ~Kikuya Hen ~), em formato free to play. Os jogadores acedem gratuitamente ao prólogo mas têm que pagar por cada uma das ramificações.
Em 2015 o jogo foi lançado com todos os conteúdos para a plataforma Steam, legendas em inglês, seguindo-se uma edição para a PlayStation Vita (exclusiva para o Japão e por isso sem suporte em inglês). Há pouco mais de uma semana, a Nintendo Switch recebeu uma versão idêntica à plataforma Steam, com a história completa, os seis diferentes caminhos, as histórias paralelas, as sequelas e os encontros amorosos.
Neste título a personagem principal é uma mulher, filha de uma agente de viagens, que acaba por entrar em Yoshiwara de uma forma inesperada, ao tentar resgatar um casal. Isso levá-la-á ainda mais longe no distrito, até às profundezas de um espaço tão mítico quanto idílico. Cruzar-se-á com diferentes rostos e personagens, personalidades e idiossincrasias. A arte é apelativa e interessante desde o primeiro instante, com destaque para as indumentárias, e os cenários, bem elaborados e de acordo com esse Japão feudal do período Edo.
Os diálogos e monólogos são permanentes e tudo se desenrola por intermédio de quadros e imagens que apresentam os interlocutores. É uma produção um tanto extravagante e delirante, embora algumas personagens mantenham o traço e o comportamento desde que as conhecemos até ao desfecho. Depois do prólogo podemos escolher um de seis homens, sendo que se distinguem quanto à sua personalidade, encontrando diferentes motivações. O quadro de opções é bastante flexível, mas tudo depende da forma como vai rolar. Quase sempre a protagonista entra por caminhos diletantes, podendo apaixonar-se com alguma facilidade.
Apesar de alguma previsibilidade na forma como a história de desenrola, o sexo nunca é apresentado de forma explícita. As relações são mais eróticas e menos carnais. Todos os caminhos apresentam as suas matizes e peculiaridades. A relação nunca é a mesma consoante a personagem com a qual interagimos, mas há constrangimentos e limites insuperáveis, um guião a cumprir. Certas frases e passagens poderiam beneficiar de uma melhor adaptação ao inglês. É a sensação que fica, embora de um modo geral este não seja um problema.
A componente interactiva é escassa e quase todo o tempo é passado a folhear diálogos. Apesar das opções e decisões a tomar em determinados momentos, tudo é textual e a interacção resume-se a tocar no ecrã para avançar mais depressa nos diálogos (em modo automático o posicionamento das palavras é muito lento) e seleccionar as opções. É um "otome" puro. Percebe-se que a produtora não arriscou em criar algo muito diferente. O ponto mais interessante é o conceito narrativo e o caminho percorrido a partir de algumas personagens, mas não há muito mais a acrescentar. Valerá pela descoberta e pela apresentação como um todo, o que permite explorar convenientemente seis personagens, mas compreendam que Men of Yoshiwara é sobretudo um livro interactivo, dotado de uma arte e estética vibrantes.