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The Messenger - Análise - Retro Gaiden

Uma homenagem que acerta em cheio.

Espera uma baixa dificuldade e design de níveis simples, envoltos em bom humor, bons bosses e sequências muito divertidas.

O verão de 2018 está a ser verdadeiramente sensacional para os indies e este The Messenger da Sabotage Studios é mais uma boa amostra deste actual brilho que cobre a nossa indústria. Desenvolvido por uma pequena equipa de 9 Franceses, The Messenger é um título desenvolvido por fãs que cresceram com os mesmos clássicos com que tu cresceste - o que os motivou a desenvolver a sua própria homenagem. É fácil olhar para este título e sentir que podia muito bem ser um jogo dos anos 80 ou 90, uma espécie de Ninja Gaiden ou Shinobi que tanto adoras.

Desde o primeiro trailer que fiquei encantado com The Messenger e com a premissa de jogar algo ao estilo desses já referidos clássicos. Os indie são uma porta muito bem-vinda para jogos de menor envergadura cujas raízes estão em décadas já passadas. Algo muito especial numa altura em que as donas de várias aclamadas propriedades intelectuais preferem não voltar a tocar nelas. Cabe aos fãs assumir a responsabilidade.

The Messenger transporta-te para um Japão Feudal onde monstros vagueiam e a tua missão é muito simples: chegar ao cume da montanha para entregar uma mensagem deixada pelo Herói do Oeste. Para lá chegar, terás de enfrentar diversos bosses e descobrir que nem tudo é tão simples quanto parece. The Messenger está carregado de bom humor e existem imensas referências que brincam com outros jogos.

Essa jornada é executada através de um gameplay altamente simples e que recria os clássicos - saltar e golpear com a espada os inimigos. No entanto, todos os jogos precisam da sua mecânica especial, que te desafia e o torna mais dinâmico. Em The Messenger, essa mecânica é a possibilidade de executar um duplo salto após golpear com a espada. Todo o design de níveis e até bosses está assente nessa fundamental acção e acredita que quando encadeias vários movimentos seguidos, vais-te sentir um autêntico ninja.

Uma estética carregada de nostalgia

A Sabotage conseguiu em pleno fazer com que sintas satisfação nessa mecânica e é uma forma de combinar os clássicos do passado com mecânicas mais dinâmicas da actualidade. The Messenger é todo ele um combinar do passado com o presente, algo que podes sentir na aquisição de novas habilidades ou ferramentas (planador para flutuar por entre buracos no chão ou o gancho horizontal para chegar a algumas plataformas).

Com esta mecânica do duplo salto, o planador e o gancho, The Messenger mantém-se na mesma simples, mas já preparado para te desafiar através dos seus níveis e posicionamento dos inimigos. Isto é tudo o que se espera de um jogo destes. No entanto, não é bem o que acontece, pelo menos na grande maioria do jogo.

Apesar dos últimos níveis mostrarem um lado dinamicamente sensacional deste The Messenger, tal como os bosses, a grande maioria dos níveis desenhados pela Sabotage é incrivelmente simples. Mesmo que morras algumas vezes, assim que dominares os conceitos básicos e se estiveres habituado a jogos do estilo, The Messenger não terá qualquer dificuldade. Esta foi a maior desilusão que senti com o jogo, especialmente porque os últimos níveis sobem mesmo a parada, tornam-se desafiantes, brincam com os teus reflexos e jogam com o ritmo - tudo o que desejavas desde o início.

Só os últimos níveis revelam um design verdadeiramente desafiante

Será fácil sentir que The Messenger é uma bela homenagem aos clássicos, nesse aspecto cumpre-o, mas também poderás sentir que se fizesse um pouco mais, se a Sabotage tivesse ariscado mais no design de níveis, The Messenger poderia figurar como uma referência. Num momento em que existem imensos indies a apostar numa experiência similar, a adorável e bem humorada nostalgia não são suficientes.

Apesar das suas inspirações virem do passado, The Messenger está repleto de mecânicas actuais. Desde constantes checkpoints para não tornar a experiência frustrante (a Sabotage revela uma grande capacidade para gerir os checkpoints de acordo com a dificuldade das áreas) à presença de uma loja com um vendedor misterioso, The Messenger apresenta ainda a possibilidade de comprar power-ups. Melhorias para tornar este mensageiro mais forte. Se estás curioso, posso dizer-te que não funciona inicialmente como um Metroidvania, não podes recuar a outros níveis. Somente depois de o terminar é que poderás vaguear livremente pelos níveis e tentar descobrir os segredos ou o que deixaste para trás.

Os bosses são o melhor do jogo

Bom humor e nostalgia

O enredo caricato que dá charme a esta Retro Gaiden resulta muito bem para a personalidade deste The Messenger e só é pena que passadas as pouco mais de 7 horas necessárias para chegar ao fim, sintas que o design não te desafia como desejado. Quando pensas num jogo destes, pensas em dificuldade, pensas em secções desafiantes e momentos que te fazem sentir especial após os ultrapassares.

The Messenger tornar-se muito mais interessante quando o terminas e te diz que tens mais para fazer (quando podes saltar livremente entre níveis), mas quando lá chegares poderás estar já um pouco desanimado com o que poderia ter sido feito antes. Aqui, The Messenger abre-se para novas mecânicas nos níveis (como cruzamento de níveis e mecânicas dimensionais), indo mais além do que uma mera jornada nostálgica.

The Messenger é um jogo que não faz nada de mal, até tem imensa coisa boa, mas que podia ir mais longe. Assim que o vi sabia que tinha de o jogar e constatar que combina um design actual com a sensação do passado foi uma das melhores sensações. No entanto, somente os últimos três níveis ostentam um design que realmente glorifica o conceito, com sequências que testam os teus reflexos e velocidade. Os bosses são fantásticos e o humor também é, mas com um pouco mais de esforço, a Sabotage Studio podia ter criado uma referência e não apenas um satisfatório indie.

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