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The Seven Deadly Sins: Knights of Britannia - Análise

Curto e repetitivo.

A procura por uma elevada acessibilidade torna-o demasiado repetitivo e simples, pesando muito mais do que os poucos bons elementos que tem.

Neste início de ano, a Bandai Namco tem várias propostas diferentes para te apresentar e todas elas com algo em comum: nasceram a partir de animes altamente conhecidas. Desde Gintama a Little Witch Academia, sem esquecer Sword Art Online, a Bandai Namco cada vez mais se posiciona como uma das mais importantes editoras para os fãs das animações feitas no Japão. O mais saudável na aposta da editora Japonesa é verificar que não se foca exclusivamente num só género. Ao longo dos vários jogos, verás estilos diferentes, experiências diferentes, que tentam servir da melhor forma a propriedade na qual se inspiraram. Se Gintama é uma espécie de Musou e Sword Art Online: Fatal Bullet combina third person shooter com action RPG, Little Witch Academia já é um side-scroll beat' em up.

Está saudável postura e dedicação às animes também alcançou Seven Deadly Sins, uma popular manga que foi transformada em anime e que está disponível em Portugal através da Netflix. Se tal como eu viste as aventuras de Meliodas na Netflix e ficaste fã destes pecados mortais, esta adaptação para videojogo, The Knights of Britannia, da Bandai Namco certamente despertou alguma curiosidade. Para este jogo, a Bandai Namco apostou no conceito que acreditou melhor servir o tom da série, especialmente a recriação dos fantásticos combates. Assim sendo, temos um fighting game que relembra o que a Cyberconnect2 fez com a série Naruto Ultimate Ninja Storm. A equipa de desenvolvimento apostou num sistema de combate altamente acessível e numa estrutura simples, algo que poderá ter funcionado contra si mesmo.

Seven Deadly Sins transporta-te para Britannia, um reino onde sete indivíduos foram injustamente acusados de tentar derrubar o reino de Liones, sendo derrotados e mortos pelos Cavaleiros Sagrados. No entanto, uma princesa decide procurar por eles para que a possam ajudar a recuperar o seu reino, acreditando que os rumores estão certos e eles ainda estão vivos. Sem contar, encontra o líder deles, Meliodas, que aceita embarcar numa aventura pelos outros seis e descobrir as suas poderosas armas. Estes sete guerreiros são conhecidos como os mais fortes e temíveis de sempre, mas os Cavaleiros Sagrados não vão permitir que se intrometam no seu caminho.

O jogo vai-te deixar seguir as suas aventuras num formato interactivo, percorrendo um mapa mundo com o Boar Hat (o bar de Meliodas que está em cima de uma porca gigante - a mãe de Hawk, o pequeno porco rosa), entrando em missões principais, batalhas, missões secundárias, trials, e ainda missões extra com Elizabeth para recolher itens. Todas elas tentam de alguma forma capturar a essência de The Seven Deadly Sins, e apesar de algumas diferenças, o gameplay permanece altamente similar.

As missões secundárias e as batalhas são uma espécie de mini-Musou, onde enfrentas um número diverso de inimigos num espaço relativamente pequeno contra uma IA inexistente. São mecos autênticos. Os Trials são mais exigentes, mas apenas porque o tempo é mais curto, enquanto a recolha de itens com Elizabeth te obriga a recolher itens enquanto usas Hawk para atacar os inimigos. Não convence.

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"A acessibilidade não serve como desejado e o sistema de combates acusa essa falta de profundidade."

Estas actividades secundárias repetem-se ao longo do pequeno mapa mundo que percorreras com o Boar Hat, um belo toque para os fãs da propriedade. Ao cumprir estas missões opcionais, ganhas itens e pontos de magia, usados para adquirir novas habilidades num menu específico. Estas habilidades ou buffs permitem-te equipá-las no pequeno elenco de personagens jogáveis para ficarem mais fortes. Quantas mais missões terminas, mais surgem, num sistema altamente repetitivo onde sentirás que estás sempre a fazer o mesmo, nos mesmos cenários. Tudo isto para ficares mais forte para seguires com as missões de história, onde vês recriadas as melhores batalhas e cenas da anime. Tal como praticamente tudo no jogo, é repetitivo e curto, durando pouco mais de 3 horas para ser terminado.

Seven Deadly Sins funciona como uma espécie de Naruto Shippuden Ultimate Ninja Storm, um fighting game simples, altamente acessível, mas com diversas mecânicas que podem ser exploradas para garantir uma certa dose de estratégia. Em Seven Deadly Sins a equipa não consegue algo tão refinado como a CyberConnect2, que passou anos a aperfeiçoar o seu sistema, focando-se na acessibilidade que torna o sistema demasiado simples. Além dos botões de ataque normal e forte, poderás recorrer a um botão de disparo e existem dois tipos de dash (um deles coloca-te imediatamente atrás do adversário) e claro, o ataque especial devastador. Podes executar de forma repetida estes movimentos e a única dose de estratégia é mesmo a stamina do personagem, tens de ter em conta que se ficares sem ela, não podes executar os movimentos. É um sistema de combate demasiado simples, sem profundidade e que se tornará altamente repetitivo muito depressa.

Apesar de diferentes personagens tentarem oferecer uma interpretação própria dos prós e contras do sistema de combate, não existe muito a explorar e o martelar frenético de botões apenas é impedido por alguns elementos, como o número limitado de combos e a necessidade de gerir a stamina. A equipa procurou algo acessível e conseguiu em pleno, mas poderá não ser um elemento benéfico como esperavam.

Este mapa do reino que podes percorrer é um belo toque, mas a experiência é demasiado repetitiva e simples.

Outro elemento que reflecte bem tudo o que é este Knights of Britannia é a sua qualidade visual, demasiado simples. Fica até a ideia de um projecto de orçamento altamente limitado. Enquanto outras séries de jogos inspiradas em anime revelam uma qualidade visual que te confunde, nem sabes se é um videojogo ou uma anime, este Seven Deadly Sins é traído pelo absurdo aliasing, pelos cenários altamente básicos e repetidos exaustivamente pelos quatro cantos do mapa e também pela total ausência de expressões nas faces dos personagens. Os movimentos são fluídos e o tom vibrante ajudam a lembrar a anime, mas era exigido muito mais do que aqui foi feito.

The Seven Deadly Sins: Knights of Britannia apresenta alguns encantos para os fãs da anime, especialmente em algumas situações e imagens que sabem aproveitar o que de melhor a série tem. No entanto, é um jogo demasiado curto, altamente repetitivo e cujo gameplay deixa a desejar. Apesar da acessibilidade ter sido o principal objectivo da equipa, o jogo acaba por se sentir demasiado simples e a pequena lista de movimentos torna o gameplay altamente repetitivo. Esta é a segunda tentativa em adaptar The Seven Deadly Sins para videojogo. Utilizando os moldes da série Naruto Ultimate Ninja Storm era exigido um sistema de combate mais competente e uma estrutura menos repetitiva.

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