The Sexy Brutale - Análise
Mais do que as aparências sugerem.
Antes de te entregar RiMe, um dos lançamentos indie mais aguardados de 2017, a Tequila Works apresenta The Sexy Brutale. Este é um jogo destinado aos que gritam que estão fartos de jogar o mesmo todas as semanas, um jogo altamente intrigante que procura aguçar a curiosidade dos jogadores que querem explorar conceitos diferentes. Numa colaboração com a Cavalier Game Studios, a Tequila apresenta neste The Sexy Brutale um título com potencial para figurar entre os melhores indies de 2017, algo muito respeitável. No entanto, poderás estar a perguntar o que é este Sexy Brutale? A resposta é bem simples: um jogo de aventura e quebra-cabeças com uma proposta verdadeiramente deliciosa. Especialmente para os que gostam de puxar pelo cérebro e ir além do óbvio.
Se alguma vez pensaste em como seria um jogo com o conceito do filme "O Feitiço do Tempo" (o clássico protagonizado por Bill Murray), a Cavalier pensou o mesmo e apresenta-nos uma proposta singular. Como já deu para entender, este é um jogo de quebra-cabeças com um loop temporal envolvido, na verdade é a base do seu gameplay. No papel de Lafcadio Boone, entras numa mansão de incrível luxo com o objectivo de impedir que os 10 convidados sejam assassinados. Entre os criados perigosos e os inúmeros mistérios da imensa luxuosa mansão, vais descobrir segredos, escutar conversas, obter acesso a novos quartos, salvar vidas e adquirir habilidades especiais para conseguir fazer coisas que anteriormente não conseguias.
O processo é relativamente simples. Quando o dia começa, sempre ao meio dia e termina à meia-noite, exploras os locais aos quais tens acesso para descobrir a vítima. Através da escuta de conversas, observação dos seus actos e rotinas, e ao assistir à sua morte vais adquirir praticamente todo o conhecimento que precisas para a salvar. Claro que não é tudo assim tão simples e os quebra-cabeças nem sempre são tão directos. É preciso escutar a mansão, investir tempo a seguir os actos de alguns convidados e por vezes até entrarás numa espécie de tentativa e erro. O melhor de tudo é que ficas com a sensação que nenhuma acção é desperdiçada.
Se seguires um convidado poderás estar a fazê-lo demasiado cedo ou sem qualquer resultado, mas poderás eventualmente escutar algo de interesse e quem sabe obter informação importante. No geral, o jogo está desenhado para que as informações e soluções necessárias estejam por perto do local onde o convidado é assassinado. O complicado está na gestão do tempo e como o local em que acordas ao reiniciar o loop temporal pode afectar a tua progressão para salvar a vítima. Especialmente porque não podes ser visto por ninguém enquanto estás na tua missão de salvamento. Tens de espreitar por portas para ver e ouvir pois jamais poderás estar numa sala em que outra pessoa está. Se isso acontecer, tens de fugir.
A melhor forma de explicar todo o conceito deste gameplay misterioso é mesmo dar um exemplo, e posso fazê-lo com a primeira vítima. É uma espécie de tutorial. Depois de assistir ao assassinato, Boone sabe como a vítima é morta, sabe qual é a arma do crime mas isso não lhe diz como impedir o que vai acontecer. Ao explorar os quartos em redor, podes descobrir uma forma de interferir com a arma do crime e impedir que o crime aconteça, criando uma versão alternativa dos acontecimentos. Após salvar a pessoa, Boone pode ficar com a sua máscara e obter um poder especial. Isto vai-se repetir ao longo das 6 horas de jogo que The Sexy Brutale providencia (para obter todos os Troféus/Conquistas será preciso um pouco mais).
Com o novo poder, podes aceder a novas áreas da mansão e terás sempre de ter em conta o tempo e escolher bem os locais onde queres acordar da próxima vez. Se acordares longe do local onde queres chegar, poderá tornar-se complicado realizar todas as tarefas necessárias para salvar a pessoa antes do crime acontecer. Esta engenhosa premissa e as mecânicas gameplay introduzidas para a sustentar funcionam muito bem. Combinadas com um elenco interessante e a constante aura de mistério em todos os acontecimentos, The Sexy Brutal decididamente figura como uma experiência singular e diferente.
Na assistência ao conceito criado pela Cavalier, a Tequila ajudou a criar a arte e a afinar o gameplay, dois dos melhores argumentos que este The Sexy Brutale tem a seu favor. No entanto, a história e os personagens em si também merecem elogios. Nada é evidente, aparente ou óbvio. Existe uma constante sensação de intriga, de mistério, de surpresas e que nada é normal. De igual forma, Sexy Brutale pode-se orgulhar de desafiar a mente do jogador com belos quebra-cabeças assentes em mecânicas simples mas que funcionam bem. Seja na combinação de itens para abrir acessos, seja no timing de Boone em alguns locais, seja na ligação entre diferentes elementos dos cenários para criar reacções ou seja na procura de informações para aos poucos e poucos estabelecer a forma de salvar o convidado, Sexy Brutale é um jogo muito intrigante.
O único problema em Sexy Brutal é mesmo a performance, que ocasionalmente pode sofrer de uma performance rude que interfere com os controlos. Num jogo desta natureza não precisas de comandos com uma grande resposta mas ocasionalmente, quando queres abrir portas ou interagir com itens, o rácio de fotogramas pode cair a pique e as tuas acções não são registadas. É a única nódoa na performance de um jogo cujo aspecto simples mas interessante serve na perfeição o cortejo de máscaras e mentiras que é The Sexy Brutale.
Se gostas de jogos diferentes, com propostas muito singulares e únicas, jogos capazes de te desafiar a investigar e procurar respostas além do óbvio, The Sexy Brutale poderá rapidamente conquistar-te. Apesar de algumas soluções mais fáceis de encontrar, especialmente quando começas a sentir como o jogo funciona, The Sexy Brutale é dos indies mais divertidos e interessantes que joguei durante este ano de 2017.