The Sky Crawlers Innocent Aces
Boa caça!
The Sky Crawlers - Innocent Aces consiste na adaptação para videojogo, num exclusivo Wii, do filme de animação homónimo dirigido por Mamoru Oshii (lançado em 2008) sendo este, por seu turno, uma adaptação do romance escrito por Hiroshi Mori. Este é o ponto de partida e o conjunto de premissas que servem de base para um universo de personagens inseridas num contexto narrativo fictício, embora no plano temporal seja evidente a conexão com a segunda grande guerra especialmente condensada na Europa central.
As sequências de animação, produzidas pelo mesmo estúdio encarregue do filme (Production I.G.), acabam por se intercalar com a progressão do jogo, modelando um bom punhado de personagens ao mesmo tempo que deixa para as missões toda a envolvência em torno do herói/protagonista, inicialmente conhecido como Lynx, enquanto asa de uma esquadrilha, depois como Cheetah a partir do momento em que assume o comando do grupo de pilotos e por fim, já depois de concluída a última missão é interpelado como Teacher. A coesão entre os trechos de animação e as missões arriscadas nos céus tocam as expectativas. Em voo os pilotos trocam animadas conversas e posturas em conformidade com o desenrolar da narrativa, mesmo se os objectivos a cumprir revolvem em torno daquilo que é habitual encontrar num jogo da série Ace Combat.
Desenvolvido pela Project Aces (a equipa que praticamente faz o GT5 dos aviões, ou seja, Ace Combat), The Sky Crawlers enquanto peça jogável não deriva em quase nada daquilo que se pode descobrir numa qualquer pretérita produção, num jogo que volta a ser arcade, que é dizer, acessível e simples, ainda que utilize as valências dos comandos da Wii para abrir um naipe de manobras reproduzidas como se estivessem a bordo de uma máquina de combate.
O Wii remote utiliza-se para acelerar e travar. Colocado na horizontal e apontado para a frente permite que o avião estabilize a velocidade cruzeiro. À medida que o movem para uma posição vertical o motor desenvolve mais velocidade. Com a mão esquerda no Nunchuck operam a movimentação total do avião como se estivessem no cockpit, tendo ainda de lidar com os botões de disparo para metralhadora e para a arma alternativa que o vosso avião transporta. A curva de aprendizagem desta interface inovadora nem é assim tão demorada como se poderá pensar. Percorrendo uma e outra vez o manual de operações básicas e avançadas, acabam por se deixar levar pela simplicidade e facilidade de execução dos movimentos. A pouca dificuldade da primeira mão de missões deixa-vos à-vontade para usar este esquema. Porém, em situações que exigem mais firmeza na manobra para caçar os inimigos mais destros, antes de esgotar o tempo limite, cumprindo os objectivos, acabarão por preferir o sistema de movimentação através do botão analógico, bem mais incisivo para os mergulhos e perseguições. Isto se quiserem vencer o duelo final.
De uma forma particularmente atraente – mas também automatizada e um pouco incongruente para os aparelhos em questão – se encetam as perseguições aos inimigos. Diante de um grupo de alvos de imediato o radar aprisiona um dos aparelhos, sendo esse o alvo a perseguir e abater. Logo que estiverem suficientemente próximos, um medidor da técnica TMC enche, podendo activar um movimento automático de colagem e alvo imediato no aparelho perseguido (através de uma cena animada e totalmente automática) restando, por fim, abater o oponente, completamente à mercê. É uma manobra automática que facilita sobremaneira a tarefa do jogador e que contraria a tese dominante neste tipo de jogos em que os abates se operam de forma demorada e repetitiva. Esta particularidade torna tudo mais emocionante, já que concentram a vossa atenção num alvo, devendo perseguir de uma forma consistente. Adversários fracos são abatidos com ligeireza, os esquivos darão um problema acrescido.
A combinação do TMC com as manobras manuais (de evasão ou ataque) permite gerir o ataque e defesa com outra segurança. Sendo o TMC essencialmente uma manobra ofensiva, as restantes manobras podem ser activadas através do d-pad e orientam de imediato o avião para um plano de voo que vos deixa à margem de ataques adversários. Nalgumas situações terão mesmo de recorrer ao conjunto de oito direcções automáticas, ainda que possam fugir das balas adversárias, despistando os inimigos com recurso à via comum.
O teor das missões não escapa ao mais tradicional da casta. Escoltar um avião que transporta um importante engenheiro, aniquilar bases inimigas, destruir uma imponente fortaleza no Vesúvio e, mais à frente, algumas missões envolvem um ataque a uma espécie de mega aparelho de combate aéreo, para depois fechar o circuito de 17 missões através de um emocionante duelo/desfecho ao pôr-do-sol. Os aparelhos de voo não representam modelos da época, da segunda guerra mundial, antes permanentes derivações de engenharia aérea, que oscilam do mais tradicional caça até ao pesado bombardeiro. É possível equipá-los com uma arma suplementar e à medida que abatem adversários que tripulam aviões especiais como que adquirem novas peças que tornam os aparelhos à disposição mais competitivos e preparados para os confrontos.
Sem grande concorrência no género para a Nintendo Wii, Innocent Aces não defrauda, antes pelo contrário, segue pelas mesmas linhas que têm categorizado as sequelas da série Ace Combat, através de um sistema de combate bastante acessível seja da forma mais tradicional, seja pela inovação ilustrada nos comandos, servindo-se de um contexto e argumento que mesmo para os desconhecedores do livro e do filme alcança um conjunto de reviravoltas que impelem uma progressão até ao limite