The Vanishing of Ethan Carter - Análise
De cortar a respiração.
É bom mudar a rotina e sentir algo diferente, que nos faça relaxar e apreciar a ausência de pressas e confusão. The Vanishing of Ethan Carter apresenta-se de forma subtil, quase sem dar sinais de existência. É uma aposta fora dos parâmetros em vigor e com pouca necessidade de se expor à agitação actual.
Este título apresenta-se desde logo de forma sublime, com uma imagem de fundo do menu do jogo que transfere calma ao nosso interior. O jogo baseia-se na exploração em primeira pessoa através de paisagens tão belas que damos por nós a contemplar tamanha beleza virtual. É impressionante o grafismo aqui presente, não se vê nada igual, ou que chegue perto do que é conseguido. É impressionante.
Somos um detective que investiga o estranho desaparecimento dum rapaz em Wisconsin, e através da capacidade de vislumbrar fragmentos do passado vamos resolver vários enigmas que nos conduzem até ao nosso objectivo. Não existe urgência neste universo, tudo é feito calmamente, recolhendo evidências e interpretar os mistérios que temos em mãos.
A beleza apresentada esconde um pouco o lado mais violento de The Vanishing of Ethan Carter. Não existe violência demasiado explícita, mas é aí que nos atinge de forma inteligente, a subtileza com que passa toda a brutalidade para a mente do jogador é incomum. Somos nós a imaginar o que realmente se passou e a dor que é causada passa a ser nossa.
É evidente a procura de liberdade em todos os momentos, não ficamos presos sem conseguir avançar, podemos explorar livremente todos os recantos e voltar atrás quando assim o desejamos. Caminhamos livremente como se tratasse de um passeio a um dos lugares mais belos à face da Terra.
Outro ponto forte é a maneira como tudo é contado, com uma exposição bem construída, uma voz calma a contar eventos e a descrever situações, divagando por momentos em memórias de vidas comuns. Não é uma história invulgar, mas a forma como é contada com a ajuda dum ambiente impressionante e ligando-se estes dois à forma rica da construção dos puzzles, é este o coração de Ethan Carter.
O jogo não é muito longo, sendo apenas o objetivo principal descobrir o desaparecimento do rapaz em questão, encontrando pistas aqui e ali. Para além disso não temos muito que percorrer e irão acabar de forma rápida se fizerem tudo em modo acelerado, ou no fundo se forem suficientemente inteligentes para decifrar os enigmas com grande facilidade. O estúdio Astronauts, ex-funcionários do People Can Fly, parece ter criado um jogo onde demonstram todo o seu potencial de contar histórias, da sua capacidade de criar mundos ricos em pormenores e belos.
"Surpreendente é que todo este luxuoso grafismo é conseguido com uma exigência em termos de hardware não muito elevada."
Os enigmas propostos vão do mais simples até ao mais complexo. Existe um relacionado com duas casas que depois de o compreender arrancou um largo sorriso dos meus lábios. Mas claro que nem tudo é perfeito, a parte onde entramos numa mina está um pouco fora de todo o contexto visual, é muito pouco impressionante em termos de grafismo.
Surpreendente é que todo este luxuoso grafismo é conseguido com uma exigência em termos de hardware não muito elevada. Correr o jogo a 1440p com uma única GTX670 a 60fps é de realçar. Infelizmente o motor utilizado, Unreal Engin, não suporta SLI.
The Vanishing of Ethan Carter é um título recomendado, que vos irá surpreender. Se querem alterar um pouco a vossa rotina, deixar por momentos de lado apostas que nos conduzem a tiroteios sem fim, não hesitem em adquirir e experienciar momentos de prazer visual.