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The Witcher 2: Assassins of Kings

Perto da perfeição.

Aliado a este mundo negro e imensamente complexo, está um ambiente visual fantástico e graficamente do melhor que vi até hoje. Primeiro a estética e o design visual estão fenomenais, e transmitem uma imediata conexão com o tom negro e provocador do jogo. Excelente alternância entre efeitos de luz e sombras, os edifícios, as masmorras, as cores, tudo parece comunicar à medida que exploramos os vários ambientes. Os pormenores nas ruas indicam um cuidado especial em retratar uma Sociedade medieval suja e degradada, em contraste com torres e castelos imponentes.

Apesar de exigir uma máquina poderosa, a renderização também está fabulosa, mesmo jogando num nível de qualidade gráfica baixo. O jogo utiliza a tecnologia DirectX 9 em vez do novo DirectX 11, ainda assim, os cenários estão absolutamente deslumbrantes, e fundamentalmente nota-se um cuidado especial com o pormenor. Podemos admirar as penas de uma harpia individualmente, se repararem nos muros verão que as pedras não são uniformes e têm diferentes tamanhos, conseguimos ver o reflexo da luz nos objetos a mudar mediante a nossa posição, existe uma enorme variedade de vegetação por todo lado, e nem vou comentar em relação à textura da pele das personagens, nomeadamente das companheiras de Geralt, deixo ao vosso juízo.

Fantástico o pormenor das feridas no corpo de Geralt.

As animações das personagens estão muito bem conseguidas, notam-se algumas expressões faciais a mudar de forma dinâmica conforme os nossos diálogos, algo que saliento é muito difícil de animar mesmo com a tecnologia atual. Ainda assim neste campo existem algumas falhas. Em primeiro lugar o conhecido efeito "novela Mexicana", por vezes o tempo da voz não corresponde da melhor maneira ao movimento dos lábios. Em segundo lugar, algumas animações como subir uma escada, ou abrir uma porta tornam-se irritantes ao fim de algum tempo, já que Geralt insiste em faze-lo com estilo, obrigando a que nos coloquemos na posição certa e esperemos que ele faça a animação de preparação. Por último as animações do combate estão espetaculares, mas são difíceis de controlar. Existiram muitas situações em que os inimigos me apanharam no meio de uma animação de ataque, enquanto eu gritava "não era isso!".

De um modo geral os sons (gritos, espadas, chuva, etc.) estão melhores do que a própria banda sonora em si, no entanto, a música está competente e fiel ao estilo tradicional da fantasia. A interpretação das vozes varia entre o muito bom e o embaraçoso, apesar de alguns sotaques serem engraçados. Já o ator que fez de Geralt parece não ser dado ao lado dramático, muito frio e afirmativo, propositado talvez. Pessoalmente, julgo que The Witcher 2 é para ser jogado com calma, não perder nenhum cenário, ler todos os livros e textos, conversar com os locais, e explorar todos os cantos possíveis. Para além das quest ligadas à linha principal da história o jogo traz algumas side-quests, que apesar de não serem muitas, são longas e por vezes requerem um trabalho árduo com várias etapas. The witcher 2 conta ainda com um sistema de crafting que levará frequentemente o jogador a perseguir materiais raros e quests particulares. Contem também com centenas de armas, bombas, armadilhas, poções, óleos, ervas, e até um conjunto de mini jogos como dice poker, fist fighting e arm wrestling que servem para ganhar algum dinheiro (oren) e passar o tempo.

Exemplo do menu para crafting.

The Witcher 2: Assassins of Kings com mais algum cuidado poderia chegar ao grupo dos melhores de sempre, mesmo sem nada especialmente inovador. O jogo demora a prender o jogador, mas torna-se perigosamente absorvente após algumas horas de jogo. Oferece cerca de metade do tempo de jogo do primeiro, aproximadamente 30 horas, mas tem um replay value fantástico, ou seja, é muito provável que tenham vontade de repetir a aventura, tendo em conta as possibilidades imensas que a história proporciona. Queria evitar falar do final, mas parece-me que o jogo (no tal terceiro ato se ainda se lembram) deixa demasiadas "pontas soltas", muito provavelmente para conteúdo futuro, ou quem sabe, uma sequela. O epílogo varia imenso conforme as escolhas que fizemos durante o jogo, desde os nossos aliados à chegada a Loc Muinne, até mesmo ao destino dos nossos companheiros.

Apesar de se notar alguma preguiça na falta de funcionalismo de alguns menus, e uma curva de dificuldade estranha, The Witcher 2" proporciona uma das experiências mais ricas que tive com um RPG nos últimos tempos, principalmente em termos de caracterização e storytelling. Sim o jogo tem cenas eróticas, não sei se são demasiado fortes, digamos que são do mais erótico que vi em videojogos. Sim os diálogos são carregados de linguagem menos simpática. Sim o jogo trata o jogador como um adulto, recompensa-o como tal, e pune-o de igual forma. Os fãs de hack-and-slash poderão ficar desiludidos, os amantes de RPG vão adorá-lo. Eu vou para a segunda rodada.

9 / 10

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