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The Witcher 2: Assassins of Kings Enhanced Edition - Análise

A lenda de Geralt numa nova plataforma. Conseguirá manter o seu legado?

Para os jogadores do PC o lançamento de The Witcher 2: Enhanced Edition pode não ter a mesma relevância que o lançamento original há quase um ano atrás, porém, para os jogadores da Xbox 360 esta é a primeira oportunidade de desfrutar do jogo e da série.

Não é vergonha nenhuma dizer que não conhecem The Witcher, que apesar da sua aclamação crítica, passou facilmente despercebido pelo público em geral. Além do mais, o primeiro título só foi lançado para PC, deixando de lado as consolas. Uma versão para as consolas, Rise of the White Wolf, chegou a estar em desenvolvimento, mas acabou por ser cancelada devido a problemas entre a CD Projekt e estúdio encarregue dessa versão.

Com o lançamento da Enhanced Edition, agora com a sequela, o CD Projekt RED aproveitou a ocasião para desenvolver uma versão para a consola da Microsoft. Apesar das suas origens no PC, o estúdio RED fez questão de criar algo mais que um simples port. Nesta questão a parte que poderia dar mais problemas seriam os controlos - jogar com rato e teclado é bem diferente de o fazer com um comando - mas a adaptação ao comando da Xbox 360 foi bem conseguida e em nenhum momento existe sensação de limitação por esta transição de controlador.

Mas esta diferença entre controlador é apenas um pequeno pormenor. A maior diferença que vão encontrar entre a versão PC, e que já era esperada, é a qualidade gráfica. Naturalmente o PC consegue obter texturas de elevada qualidade e uma melhor resolução o que dá um aspeto incrível ao mundo do jogo. Não é por isto que a versão Xbox 360 não merece mérito. Para uma consola lançada em 2005, contrastando com a constante evolução hardware do PC, os resultados obtidos em The Witcher 2 são surpreendentes e superiores a outros RPG como Skyrim ou Dragon Age. Poderão ler uma análise aprofundada à tecnologia do jogo no artigo do Digital Foundry.

Uma estória de fantasia medieval que ficará na vossa memória

Este mundo de fantasia medieval criado pela CD Projekt (baseado no livro do mesmo nome) goza de uma vivacidade que nunca antes tinha experiênciado em nenhum outro RPG. The Witcher 2 conquista o jogador ao abandoná-lo de uma forma quase fria e cruel num mundo desconhecido. Claro que quem jogou o primeiro não sentirá o efeito, contudo, é quase certo que quem vai desfrutar o jogo na Xbox 360 não o jogou. Mas a forma como a estória é contada em The Witcher 2 beneficia os estreantes. Como o protagonista perdeu a memória, parcelas da estória do primeiro são mostradas à medida que o enredo do segundo se desenvolve.

Como introdução à série, tudo aquilo que The Witcher 2 Enhanced Edition oferece é um vídeo a explicar o que são os Witchers. Embora o fator de ser largado num mundo desconhecido desperte as emoções de aventura e perigo, não posso deixar de apontar que o CD Projekt RED poderia ter apostado num outro vídeo que explicasse os eventos do primeiro ou que oferecesse algum contexto, porque como já referi, The Witcher 2 será a introdução da série para muitos jogadores da Xbox 360.

O que são os Witchers?

Desta forma, a estória é difícil de acompanhar. São muitos nomes e caras para memorizar, e o jogo assume que o jogador já está familiarizado com tudo. Naturalmente, quanto mais a estória se aprofunda melhor vão ficam a conhecer o mundo de The Witcher. Mas mesmo no final, fiquei com a sensação que muito tinha ficado por explicar. Não fiquei com ideia de ter ficado de barriga cheia, isto é, não ter aproveitado por completo tudo o que este RPG tem para oferecer porque nunca tive a oportunidade de jogar o primeiro.

Ainda assim, é claramente visível que é uma das referências no género. O mundo é credível e cheio de cultura para absorver. Entrar numa taberna é uma autentica experiência cultural de ficção, ouvimos o barulho das conversas sem conseguir distinguir nenhuma delas e no fundo uma bela música tocada por alaúdes e flautas. Nas mesas estão amigos a conviver ou os bêbados a beber. No fundo estão os homens de barba rija à pancada. E como não podiam faltar, as meninas caso queiram uma experiência picante.

Só para adultos?

The Witcher 2 auto-declara-se como uma estória para adultos, e os motivos estão bem à vista. Não há complexos quando chega a altura de mostrar cenas de sexo, onde é possível ver o corpo feminino em pleno. E ao contrário de Mass Effect, não é algo que apenas acontecesse no final do jogo num quarto quase escuro. É de louvar que finalmente haja um videojogo mainstream que não tenha vergonha do corpo humano e que prove que as pessoas crescidas também jogam. E não é um caso em que as cenas de sexo sejam introduzidas forçosamente, acontecem naturalmente.

O subtítulo, Assassins of Kings, descreve de forma resumida The Witcher 2. O fantástico vídeo de introdução, feito especialmente para esta Enhanced Edition, mostra um Witcher careca e musculado a assassinar o Rei Demavend. De alguma forma, Geralt é acusado dos crimes deste outro Witcher e embarca numa jornada para provar a sua inocência. Pelo meio, acaba por se envolver numa guerra entre os Reis do Norte que lutam pelo domínio total da região.

Mas The Witcher é também uma estória de amor, entre Geralt e Triss, e que amadurece com o desenrolar do jogo. É ao mesmo tempo uma estória de amizade, traição e luta contra a tirania dos mais poderosos sobre os mais fracos, e há ainda tempo para humor pelo meio, havendo imensas referências a outros jogos (Assassin's Creed) ou até filmes (Lord of the Rings). Enfim, existem todos os ingredientes corretos para uma bela estória de fantasia medieval inesquecível.