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Titan Attacks - Análise

Guerra dos mundos.

Space Invaders deveria fazer parte de um manual de introdução aos videojogos para novatos. Titan Attacks dá um bom contributo.

Inspirado claramente nas arcades clássicas de Space Invaders dos anos 80 (Taito, 1978), Titan Attacks mostra-nos porque jogos com mais de trinta anos continuam a ser alguns dos melhores representantes de uma era perdida. Sem muito por onde pegar em termos visuais e sonoros, nessa época os programadores esforçavam-se por criar conceitos únicos e suficientemente engenhosos de modo a conquistar a atenção do jogador por muito tempo. Isso ajuda-nos a perceber porque jogos como Tetris, Pac-Man, Space Invaders, Donkey Kong e Super Mario Bros praticamente não precisam de reinvenções. Os originais continuam a desempenhar muito bem as suas funções e são exemplos de grandes jogos jamais criados.

Não obstante, gostamos de os visitar com regularidade, de a eles voltar nem que seja para acrescentar um novo fundo ou cenário, novos temas musicais, novos poderes e modos de jogo mantendo no entanto a tradição conceptual, porque sendo o conceito um modelo perfeito à época e hoje, alterá-lo poderia ser fatal. O que a Carbon e Puppy Games nos lembram nesta "recuperação" de Space Invaders é justamente aquela sensação arcade de permanecer muito tempo em jogo. Passa-se isso com Tetris e Pac-Man. Apesar da maior velocidade na deslocação dos fantasmas e das peças que caem cada vez mais depressa, queremos continuar a responder com a mesma prontidão e eficácia com que começamos o jogo só para atingir aquele score, a pontuação que nos leva ao topo da tabela de recordes.

Irão lutar no planeta dos invasores, Titan.

Em Titan Attacks nada disso é disfarçado e o jogo não cai naquela estrutura de modos de jogo exagerados que prejudicam um pouco a identidade de um clássico ou afectam a sua jogabilidade só para manter o jogador distraído por mais alguns minutos. Embora não haja neste jogo uma apropriação do clássico Space Invaders, as referências são óbvias. Titan Attacks pretende homenagear o clássico e é isso que acaba por cumprir, desenvolvendo algumas vertentes do conceito, com pequenos "twists" e apetrechos que visam essencialmente uma melhoria da experiência.

Combatendo os alienígenas do Sistema Solar, o jogador enfrenta sucessivas vagas de inimigos, cada vez mais poderosos, diversificados e com novos poderes. A jogabilidade é a mesma do clássico, a tal que nos põe a comandar um canhão apontado ao céu capaz de alvejar com sucesso os inimigos invasores em marcha descendente. O que não falta hoje em shooters e jogos de acção, seja em termos cooperativos, individuais ou para vários jogadores é o modo "horde" que encontra em Space Invaders um primeiro exemplo.

Ao todo o jogo apresenta 5 diferentes mundos (desde o planeta dos invasores, Titan, até Saturno, Terra e Marte) perfazendo 100 árduos e consecutivos níveis de acção, só interrompidos entre eles para reabastecer o tanque de combate com escudos, bombas especiais, melhores munições, entre outros acessórios, a troco de somas monetárias obtidas a partir da destruição dos inimigos. A pontuação melhora com a obtenção de multiplicadores e outros bónus, e também podemos optar por uma estratégia que nos leva a poupar dinheiro de forma a adquirir "power ups" mais potentes.

E também na lua.

A variedade de inimigos é interessante, com alguns asteróides e outros inimigos que saltam das suas naves, podendo ser alvejados durante a queda. Muitos largam bónus, mas também se movimentam nos céus com outra desenvoltura, fintando os nossos projécteis e dificultando a nossa tarefa. Sobreviver é a chave para o sucesso e pouco mais temos a fazer do que ter pontaria firme e uma boa capacidade de evasão, a requerer grandes reflexos. Além disso, ao continuarem em jogo sem sofrer qualquer tiro o multiplicador de pontos aumenta.

Comparada com outras versões, a que aqui trazemos para a 3DS mostra um grafismo menos exuberante. Nada que perturbe quem jogou o clássico das arcades ou alguma das suas seguintes aparições em plataformas domésticas. No entanto, sente-se a falta de mais pormenores e detalhes que eventualmente tornariam o jogo mais agradável à vista. Titan Attacks cumpre bem a missão a que os produtores se candidataram ao revitalizar um clássico de sempre. O desafio e o conceito estão lá e isso é o mais interessante, mas no meio de tantas versões já lançadas depois da arcada, tudo depende do vosso interesse em voltar a enfrentar sucessivas vagas de inimigos oriundos de outro planeta, aceitando desembolsar uns ainda significativos 10 euros por esta versão digital. Mas combate mais clássico que o de Space Invaders não há, o ponto de partida dos "shmups", tão adorados pelos hardcore gamers.

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