Titanfall 2 - Análise
Future Warfare.
Depois de mudarem por completo o género dos jogos de acção na primeira pessoa com Call of Duty: Modern Warfare, Jason West e Vince Zampella voltam a liderar uma equipa que apresenta um novo padrão. Se o primeiro Titanfall serviu para introduzir o universo de ficção científica e futurista, no qual mechs gigantes eram pilotados por humanos em combates devastadores, a sequela glorifica o género FPS e relembra-nos de outros tempos, em que uma boa campanha coexistia lado a lado com uma componente multijogador que não pretendia apenas copiar os outros, tentava marcar com o seu cunho pessoal.
É precisamente isso que Titanfall 2 faz, um novo atestado às capacidades deste colectivo talentoso, agora Respawn Entertainment, que mais uma vez decide as exigências pelas quais serão regidas as futuras incursões no género. Sem sentir que me estou a entregar ao exagero, posso descrever a campanha de Titanfall 2 como a mais entusiasmante e divertida que joguei no género desde o Modern Warfare original, e o seu multijogador decididamente não está a copiar ninguém. Antes pelo contrário, não tardará a ser copiado, mas isto é apenas um belo elogio que a série Titanfall inevitavelmente começará a receber. Na verdade já recebeu até.
Titanfall 2, ao contrário do primeiro, acede aos pedidos dos jogadores e apresenta-nos uma campanha. Ao longo de 6 incríveis horas, vão desfrutar de um ritmo inigualável, e acima de tudo vão passar por algo que ascende acima do já banal épico em que tudo explode apenas para deleite visual. A Respawn Entertainment foi mais longe, combinando estilo com substância, pegou nos seus conceitos de gameplay, como o salto duplo e a corrida nas paredes, e moldou os padrões dos FPSs para de maneira altamente orgânica introduzir elementos de plataformas. De forma alguma sentem que Titanfall 2 tem duas caras, sentem que faz parte do seu ADN e que de outra forma não poderia ser.
Quando Jack Cooper aterra num planeta distante para ver o seu mentor morrer, longe estava de esperar que iria começar uma épica campanha ao lado do Titan, os robôs gigantes, chamado BT-7274. E que empolgante e energética é esta campanha. Recuperando os tons que lhes valeram a aclamação em Modern Warfare, a Respawn Entertainment dá-nos uma série de eventos que decorrem sem tempos mortos, com muita dinâmica, e com um gameplay que vai desafiar e conquistar o jogador. Uma vez que o ambiente é futurista, as corridas pelas paredes, o duplo salto, e até o pilotar do Titan fazem parte dos acontecimentos na campanha, e é tudo isto e mais que tornam a proposta tão aliciante.
"A sua campanha não tem momentos mortos e desafia constantemente o molde tradicional do género."
Em vários momentos teremos que entrar no Titan e combater inimigos de maior porte, teremos bosses em alguns níveis, que ganham personalidade através de uma história que compreendemos bem à primeira, e o design de níveis merece parabéns. A mistura orgânica dos diferentes aspectos do jogo cativam e se num momento estamos a disparar para todos os lados, no outro estamos a correr pelas paredes ou entre plataformas suspensas, enquanto tentamos chegar ao outro lado. Existem vários momentos incríveis ao longo da campanha de Titanfall 2 e facilmente nos deixam acreditar que é a melhor que jogamos em quase 10 anos.
Alguns níveis contêm mecânicas muito bem pensadas, que alteram por completo o que nos rodeia, e apesar das armas não serem substancialmente diferentes dos outros jogos do género, o combate no Titan trata dessa necessidade por algo diferente. Quando entramos no robô gigante, o gameplay muda e fica mais lento, com armas mais poderosas (existem 7 tipos de modos, com as suas armas e habilidades). Enquanto controlamos Cooper, o gameplay é o que seria de esperar: rápido, dinâmico, altamente fluído, e com um controlo de armas que recorre a um pequeno aim assist para melhorar o ritmo. É a típica campanha cinematográfica com momentos de espantar, suportada por um gameplay evoluído e que não se sente forçado, pelo contrário, totalmente natural e fluído.
Titanfall 2 molda o tradicional design em corredor dos FPSs actuais com os seus conceitos gameplay, pegando em momentos típicos de um jogo de plataformas, ou do parkour de Mirror's Edge se preferirem, e tornando-os parte de si. A forma natural com que o faz, permite que se diference dos demais, deixando a sensação que os FPSs finalmente evoluíram. E pelas mesmas mãos. Titanfall 2 enverga um dinamismo natural, uma história interessante, e faz do seu gameplay a sua melhor arma.
A campanha permite ainda recolher diversos capacetes de piloto, escondidos pelos vários níveis, e pode ser jogada com desafios adicionais, mas depois disso o principal foco será o multijogador, que como os fãs do primeiro sabem, é algo completamente diferente do resto. Não só nos permite sem quaisquer interrupções, alternar entre combate com o soldado e o Titan, como todo ele foi pensado nesta dupla. Se tivermos em conta que o primeiro foi um jogo unicamente multijogador, temos de pensar que os seus conceitos que moldaram o género foram adaptados à campanha de bela forma, tornando o molde mais divertido e evoluído.
"Os conceitos inerentes à propriedade intelectual permitem também ao multijogador destacar-se dos demais, com toda uma naturalidade."
É precisamente o que encontram aqui, o gameplay singular de Titanfall, evoluído com novos modos de jogo e ajustes para que se torne ainda mais divertido. Enquanto muitas séries procuram introduzir à força um ou vários elementos gameplay para evoluírem, o próprio conceito de Titanfall já o permite por natureza. Soldados que correm pelas paredes, salto duplo, e combate em robôs gigantes são três referências de Titanfall que quando combinadas com o famoso gameplay por impulso, onde os comandos respondem de imediato e os movimentos são altamente fluídos, temos os condimentos para uma receita de sucesso.
Titanfall 2 permite uma elevada dose de personalização, desde o piloto ao Titan, em elementos como roupa, camuflagem, skins para as armas, e ainda diferentes habilidades que se enquadram melhor a diferentes estilos de jogo. Tudo isto ganho ao longo de vários modos de jogo que também eles bebem da natureza de ficção científica da propriedade. Sejam modos em que apenas combatemos com pilotos ou outros em que apenas usam os Titans, modos tradicionais como Captura a Bandeira ou Todos Contra Todos Equipas, Titanfall 2 tem todos os tradicionais, adaptados ao seu gameplay e conceitos. A isto, acrescenta modos específicos, imaginados pela Respawn e que tiram proveito das diferentes facetas do jogo.
Os modos de maior escala, que correm nos mapas maiores, e que nos colocam a enfrentar outras equipas para conquistar objectivos, como o Bounty Hunt da beta, são mesmo os mais divertidos e os que vão tornar Titanfall 2 mais apelativo. Modos altamente dinâmicos que constantemente forçam o jogador a deslocar-se e que vão beneficiar quem mais investir no jogo. Tal como na campanha, Titanfall 2 é um jogo cuja variedade de movimentos deve ser combinada para combater melhor (desde deslizar pelo chão, correr pelas paredes, usar habilidades como ficar invisível, ou simplesmente saltar entre plataformas) e também no multijogador vencerá quem tiver melhor cadência de movimentos.
Titanfall 2 é um jogo super-divertido, com uma campanha que estabelece os moldes para futura referência. A forma tão natural como combina um gameplay variado e dinâmico numa série de acontecimentos cinematográficos, e ainda consegue uma história interessante, é de louvar. Pegando no molde tradicional, e revolucionando-o com as suas ideias, a Respawn Entertainment faz com que o nome Titanfall, patrocinado também pelos seus valentes robôs que nos colocam em lutas intensas, fazem com que os adeptos dos shooters rápidos, dinâmicos e futuristas tenham agora uma nova referência.