Tom Clancy's Ghost Recon: Future Soldier - Análise
Os Soldados do Futuro.
Já passaram cerca de 5 anos desde que Ghost Recon: Advanced Warfighter 2 foi lançado o qual reforçou a posição singular do primeiro numa indústria que iria vibrar com o género, mas que na altura estava ainda a dar os primeiros passos. Já na altura GRAW foi pioneiro na implementação de um enquadramento credível na sua narrativa, as novelas políticas de Tom Clancy traziam para os jogos enredos a lembrar o que se ia vendo em séries na TV, assim como nos deu uma vertente mais tática ao género de ação na terceira pessoa. Se no seu enredo GRAW nos deu algo arrojado, na sua gameplay deu-nos algo que poderia ser equiparado a outros, como Gears of War na altura, mas que não era propriamente igual, era algo seu.
Arrebatador e singular em 2006, reforçado em 2007, pode Ghost Recon regressar em 2012 e manter-se igualmente relevante para a indústria ou terá perdido demasiado tempo para voltar a conquistar uma posição entre a elite do género? Essa é uma tarefa e um desejo que a Ubisoft pretende alcançar e para isso colocou a Red Storm Entertainment a trabalhar em conjunto com a Ubisoft Paris (outra veterana na série) e com a Ubisoft Bucareste, uma estreante em Ghost Recon. Por outro lado, Future Soldier representa uma espantosa oportunidade para o debate sobre se as séries anuais podem verdadeiramente manter o fulgor ou se o descanso pode fazer bem à série e aos fãs.
Os Soldados do Futuro:
Ghost Recon: Future Soldier faz precisamente o que o título nos diz, coloca-nos no papel de soldados do futuro, com arsenal e engenhocas a condizer, cujas missões devem ser cumpridas com rigor e como se fossem fantasmas, já que caso algo corra mal o envolvimento e aprovação do governo Norte Americano será sempre negado. Para dar um tom mais pessoal ao enredo, e facilitar a apresentação das personagens principais deste pelotão de quatro, Future Soldier foca-se bem no ser humano por detrás da máquina de guerra, mas sem alguma vez incomodar o jogador com isso, sempre com estilo.
Mas aqui é mesmo pessoal, uma equipa de Ghosts é eliminada numa missão que parecia completamente rotineira mas que corre mal e o governo Norte Americano e os restantes colegas não olham para isto de ânimo leve. As consequências são uma ativa investigação e perseguição das pistas que vão surgindo e a partir daqui segue-se uma viagem em redor de quatro continentes que rapidamente vai alternando entre o conflito furtivo e bélico, com o tom épico que eventos políticos de consequência mundial podem incutir. Tom Clancy a par do seu melhor desde que foi transportado para os videojogos.
Desde os primeiros instantes que o jogador vai perceber que estes Ghosts não são bem iguais e desde os tempos de Mitchell que muita coisa mudou. Se Advanced Warfighter tinha um ritmo mais lento e tático, Future Soldier aposta num ritmo mais elevado e mais dinâmico e quando facilmente poderia correr o risco de perder a personalidade GRAW, Future Soldier implementa mecânicas de jogo que o distinguem e o fazem manter-se como um Ghost Recon. Vai ser o combinar de diferentes elementos de jogo que vão criar uma personalidade própria para o mais recente da Ubisoft e que nos vão conquistar com a sua facilidade e diversão.
Future Soldier é um jogo de ação na terceira pessoa com a mecânica bem característica que quando o jogador prime o botão para usar a sua arma a visão passa para a primeira pessoal, dando uma melhor perspetiva sobre a ação. Isto oferece ao mesmo tempo uma maior ligação com as personagens que a perspetiva na terceira pessoa permite e oferece um campo de batalha mais envolvente como um jogo de ação na primeira pessoa nos dá. Tudo feito de forma altamente fluída e que se vai sentir do mais natural que alguma vez vimos. A isto temos ainda que juntar um sistema de cobertura que é altamente essencial na filosofia do jogo, juntamente com um altíssimo castigo sobre atitudes irresponsáveis e assim estão reunidas as pedras base do jogo.
Recuperando o sistema de cobertura dinâmico estreado em Splinter Cell: ConViction, Future Soldier contorna a monotonia que se vai instalando neste elemento tão marcante no género nesta geração. Isto quer dizer que o jogador pode encostar-se a um posto de proteção e alternar de forma dinâmica com outro para progredir rapidamente entre pontos de cobertura de forma sucessiva. Para isto basta apontar a câmara para o local desejado enquanto em cobertura para em seguida começar a correr para o destino com um efeito bem intenso. Isto não é propriamente novo mas aqui é feito com toda uma graciosidade que imprime alto dinamismo na gameplay e sentimos prazer na ação e sentimos que existe razão e recompensa quando feito.
Future Soldier não é um jogo de ação peito aberto e a componente furtiva ganha muito maior destaque do que o recurso constante à cobertura pode passar. Várias missões forçam à cautela, a que não sejam vistos, e a camuflagem entra em ação. Sempre que esteja agachado ou deitado, a camuflagem entra em ação e isto vai permitir que confundam os inimigos. É desta forma que Future Soldier tenta imprimir um espírito mais tático a esta fórmula tão conhecida e é assim que tenta incentivar o jogador a ser mais estratega. Flanquear adversários, ser sorrateiro e furtivo no campo de batalha, optar entre conflitos abertos ou assassinar alvos específicos na calada, Future Soldier deixa que o jogador decida como quer prosseguir mas avisa-o que existem riscos e recompensas nos diferentes comportamentos.
Se Advanced Warfighter fazia destaque dos comandos que o jogador poderia exercer sobre a sua equipa, Future Soldier livra-se disso e dá-nos o que podemos chamar de controlo tático dinâmico. Isto quer dizer que não mais fazemos a micro-gestão do esquadrão antes das missões ou que somos forçados a ditar o seu comportamento a todo o momento. Aqui a inteligência artificial é responsável pelos outros três elementos, bem competente diga-se, e o jogador ganha poder tático sobre eles com simples ações que como são básicas no seu uso do jogo se tornam intuitivas e naturais.
"Future Soldier deixa que o jogador decida como quer prosseguir mas avisa-o que existem riscos e recompensas nos diferentes comportamentos."
Sempre que o jogador está a ver algum inimigo, veículo ou colega deitado no chão, pode marcar esse ponto desejado e a sua equipa reage de acordo. Se quiserem podem marcar alvos que a equipa posiciona-se para os eliminar e é só comandar que disparam. Isto caso não estejam em conflito aberto. Nesse caso podem assinalar qual o inimigo que querem ver os tiros concentrados ou simplesmente assinalar alvos estratégicos para foco de fogo. Isto vai permitir que a IA os flanqueia ou concentre o seu fogo para que o jogador possa progredir.
Isto resulta num jogo que se sente na mesma tático e com foco no planeamento estratégico no campo de batalha, é preciso atenção a pontos importantes nos cenários, mas sem os constrangimentos de outrora. É tudo muito intuitivo e natural, muito imediato, pois se na maioria dos casos estamos a fazer mira para disparar, marcar um inimigo é fácil e não precisa de tarefas adicionais, por exemplo. Por outro lado, este comportamento é mesmo premiado pois a forma como a inteligência artificial reage é motivador.
Para aumentar a longevidade, e especialmente revigorante quando combinado com a possibilidade de jogar a campanha em cooperativo até quatro, temos objetivos secundários que nos permitem ganhar bónus para as armas e para a personalização. Em todas as missões temos um conjunto de quatro objetivos secundários que vão desde varrer determinada zona em determinado espaço de tempo a não levantar alarmes, e estes objetivos imprimem mesmo a vontade de tentar diferentes comportamentos e de testar novas abordagens.