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Tomb Raider da Netflix é tempo bem investido para fãs dos jogos e não só

A Lenda de Lara Croft ao alcance de mais pessoas.

Tomb Raider: The Legend of Lara Croft é o mais recente exemplo do quão atraída pelos videojogos está Hollywood. Atualmente, vivemos numa era de inúmeras adaptações criadas a partir de experiências interativas que tanto adoramos e bem conhecemos. São uma oportunidade para mais pessoas conhecerem estas personagens e universos, servindo diversos propósitos para cada uma das companhias envolvidas.

Para parte da audiência, é o explorar de personagens que respeitam nos videojogos, num formato não interativo que expande o universo. Para outra parte, é a oportunidade para descobrir novas franquias, conhecer personagens e aventuras pelas quais se podem apaixonar e, desejam as produtoras dos jogos, despertar o interesse para jogar os videojogos existentes, juntando-se à lista de fãs ansiosos pelos próximos.

É fácil olhar para Tomb Raider: The Legend of Lara Croft e perceber que se trata da uma produção da Powerhouse animation, estúdio que produziu as séries de animação Castlevania, Blood of Zeus e Skull Island para a Netflix. Isto poderá tornar-se num dos principais problemas, uma vez que poderás sentir que os modelos das personagens são demasiado familiares.

Enquanto “desenho animado de sábado de manhã”, Tomb Raider: The Legend of Lara Croft resulta muito bem na sua missão de adaptar as aventuras da exploradora para este formato, mas existem alguns problemas a ter em conta.

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Devo dizer que provavelmente gostei de Tomb Raider: The Legend of Lara Croft mais do que a maioria parece gostar, mas como espécie de continuação para a mais recente trilogia (aquela que começou com Tomb Raider de 2013, passou por Rise of the Tomb Raider e concluiu com Shadow of the Tomb Raider), dei por mim entretido a assistir à continuação da jornada desta Lara Croft.

Existem referências à trilogia mais recente, Lara vive assombrada pelos eventos traumáticos pelos quais passou, pela perda de pessoas que adorava, e o perigo no qual coloca os seus amigos também é um tormento que enfrenta. Isto resulta numa jovem mulher que vive em perpétua angústia, afasta os seus amigos e tenta lidar com os fantasmas do passado, mas que dá por si numa jornada pelo globo para tentar salvar a humanidade.

Vais acompanhar uma transformação em Lara, um desenvolvimento de personagem previsível, mas que ainda assim resulta pois mostra-te algo que também viste nos jogos. Por mais tempo que passe sozinha a explorar, Lara também recorre aos amigos e mesmo que os coloque em perigo, ela sabe que precisa deles para ultrapassar algumas situações.

Image credit: Netflix

Tens aqui um vilão que percorre o globo em busca de um segredo mitológico, o que mais uma vez imita os jogos, tens cenas claramente inspiradas por segmentos dos mais recentes videojogos, ao ponto de pensar constantemente nesses momentos de jogabilidade que jogaste, e tens constantes referências a essas produções interativas, seja na recriação de set pieces ou com puzzles que mostram o intelecto de Lara.

A equipa responsável por Tomb Raider: The Legend of Lara Croft também faz questão de mostrar o quão bem conhece a propriedade com a inclusão de algumas personagens. Se Jonah é previsível, a presença de Zip, personagem de Chronicles e Underworld, é algo que poderá surpreender muitos, mas mostra como se preocuparam em explorar bem o universo criado nos jogos.

O verdadeiro problema de Tomb Raider: The Legend of Lara Croft que poderá afastar alguns não está propriamente na capacidade de adaptar os jogos Tomb Raider para animação, uma vez que existem imensas cenas que imitam bem o que vemos nos jogos e as personagens permanecem dentro do que conhecemos.

Image credit: Netflix

O real problema da adaptação está na inconsistência da qualidade dos desenhos. Muitos episódios incluem cenas empolgantes, com ação bem construída e exploração por locais capazes de maravilhar, mas também incluem cenas nas quais a qualidade dos desenhos cai, tal como a animação noutras cenas de ação. Além disso, poderás sentir que Tomb Raider: The Legend of Lara Croft é mais longa do que devia ser.

Tomb Raider: The Legend of Lara Croft fica prejudicada com a inconsistência na qualidade dos desenhos, algumas cenas menos bem conseguidas, mesmo dentro do seu contexto de fantasia, e provavelmente ficaria melhor com menos episódios, mas como forma de expandir o alcance da propriedade, diria que cumpre bem o seu propósito. Construída a partir da mais recente trilogia, a animação respeita a personagem, mostra muita inspiração nestes jogos e dá a conhecer a mais pessoas a Lara Croft que muitos já conhecem dos jogos.

Tomb Raider: The Legend of Lara Croft está longe de ser perfeita, mas constrói os alicerces a partir dos quais uma nova temporada pode fazer melhor. No entanto, diria que os problemas não estão relacionados com a caracterização de Lara ou na aventura em si, mas sim na qualidade e duração da produção. Como uma espécie de desenho animado de sábado de manhã com Lara Croft, a animação mais do que serviu o propósito, despertou em mim vontade de jogar novamente a mais recente trilogia e desejar ainda mais intensamente o próximo jogo.

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