Tomb Raider Underworld
Nada temer e tudo explorar.
Tomb Raider ganhou fama por várias razões e uma delas foram os seus puzzles. Inteligentes, desafiantes e bem implementados, ofereciam ao jogador uma componente que andava de braços dados com a exploração. Foi um dos elementos que o celebrizou e é já marca em qualquer Tomb Raider. Frequentemente colocada em comparação com a aventura de um certo Drake, os fãs de Lara argumentam que são experiências diferentes e com razão. Em Tomb Raider a acção é deixada para segundo plano e dá privilégio à exploração e aos puzzles. De outra forma não poderia ser e em Underworld os puzzles marcam forte presença e toda a construção de níveis está assente de forma a os destacar e servir.
A forma engenhosa como somos levados a tentar ultrapassar o desafio proposto continua tão agradável como nos melhores da série. Aliás, esta será uma das componentes que eleva Underworld a um patamar que o permite colocar-se entre os melhores jogos que esta série já nos deu, os puzzles são inteligentes e os momentos “ah, então era assim” ou “se eu fizer isto depois dá para ir ali” continuam tão abundantes quanto nos melhores exemplos que Lara alguma vez nos deu.
No entanto nem tudo é belo nesta aventura e independente de serem fãs ou não, algo muito importante pois se o forem logo à partida isso dá-vos a pre-disposição para enfrentar os problemas do jogo, devem ter em conta que quanto mais cedo se mentalizarem que a câmara precisa de constantes ajustes, mais cedo podem começar a desfrutar de Underworld. Quase tão importante quanto movimentar a personagem, pois senão não existe progressão, devem fazer o mesmo para a câmara, exactamente pelo mesmo motivo, para haver progressão. A Câmara consegue surpreender e por momentos pode levar-nos a pensar que melhorou mas apenas para no momento a seguir provar que é tão incompetente quanto já sabia-mos. É uma pena que a câmara possa ter um impacto tão negativo no jogo mas irá depender muito do vosso domínio sobre ela o proveito que tiram do jogo.
A pobre prestação da câmara aliada a frequentes erros, também conhecidos como bugs, podem ser verdadeiros exercícios de paciência. Confesso que fiquei mais rouco a insultar a exploradora do que a cantar durante as sessões de Guitar Hero: World Tour mas por vezes as situações incómodas eram demasiado irritantes. Para piorar temos ainda as inexplicáveis restrições de que Lara é alvo de forma a evidenciar a restrita progressão nos níveis. Uma vez que Lara é tão acrobática e tão versátil e hábil, continua a ser estranho que não consiga executar certas acções e que esteja de tal forma restringida ao ponto de que em alguns momentos não podemos abordar uma situação de forma diferente pois não irá funcionar. Apenas seguidos os mecanismos e funcionalidades estabelecidas é que vamos conseguir progredir e uma certa sensação de mecanização se instala e perguntamos até que ponto não é tudo muito automatizado.
Um dos melhores exemplos pode ser encontrado precisamente numa das novas habilidades que Lara pode fazer. Mesmo que agora ela possa saltar de parede em parede, desde que estejam próximas o suficiente, ela não o consegue fazer em todas e somente nas previamente estabelecidas. Mesmo que executar tal habilidade oferecesse maior facilidade para ultrapassar a situação, estamos restringidos à forma como a progressão foi estipulada.
No entanto em nada esta aventura vos irá decepcionar e mesmo com as ocasionais, se bem que na mesma irritantes, falhas ficam perante um jogo cujos aspectos positivos prevalecem sobre os aspectos negativos e assim que terminarem a aventura, ainda vão ter mais coisas para fazer. Para todos os que se queiram provar como os melhores exploradores, após terminarem o jogo, possível de ser feito entre oito a dez horas, vão ter acesso a um modo de caça ao tesouro no qual podem percorrer os níveis com os puzzles já resolvidos de forma a procurar pelos tesouros e relíquias não descobertas.
Se alguns aspectos triunfam e outros falham, existem um que sempre se mostrou de elevada qualidade e praticamente sem mácula, a banda sonora. Ao longo dos anos já se tornou num dos seus marcos e em Underworld a qualidade é tanto impressionante quanto óbvia. A forma como os temas criados conseguem captar a essência da série e ao mesmo tempo misturar-se com os cenários e situações, cria uma harmonia como em poucos. Quando entram num imponente cenário e sentem um subir de adrenalina e entusiasmo, o mais certo é que a banda sonora esteja a contribuir para o efeito. Sobre as vozes apenas podemos referir que cumprem o seu papel e que algumas já nos são familiares mas não existem destaque a realçar.
Tomb Raider Underworld é especialmente dedicado aos fãs, até porque para estes as falhas pouco vão importar e é algo a que já estão habituados. Mantém-se como uma experiência diferente da maioria que se pode encontrar no mercado e até pode mesmo ser considerado como um dos melhores na série mas infelizmente ainda não é o jogo que muitos poderiam esperar. No entanto, todos os que adoraram Legend e Anniversary tem motivos para sorrir pois a diversão é garantida.