Tony Hawk's Pro Skater HD - Análise
Dois jogos icónicos reciclados num só.
Com Tony Hawk: Shred, a longa série da Activision com início no final da década de 90, ficou oficialmente ligada a uma máquina de suporte de vida. Nunca nos doze anos de vida da série houve um ponto tão baixo, e ficou claro que medidas teriam que ser feito para que Tony Hawk não seguisse o mesmo caminho de Guitar Hero. A solução apresentada pela Robomodo, produtora que atualmente está encarregue da série, foi regressar às origens, algo já proposto por aqueles que acompanharam a série durante anos a fio.
Foi assim que nasceu Tony Hawk's Pro Skater HD, um remake dos dois primeiros jogos que seleciona os melhores níveis de ambos. De fora ficaram os periféricos introduzidos em Ride/Shred para dar lugar à jogabilidade clássica de comando na mão. No papel, parece uma fórmula de sucesso. Mas é importante não esquecer o factor nostalgia. No seu lançamento, os dois primeiros Tony Hawk Pro Skater eram o pináculo no género, mas mais de uma década se passou entretanto, e os videojogos evoluíram.
Como Tony Hawk's Pro Skater HD é um remake, e não a habitual conversão para alta-definição, a Robomodo poderia limar algumas arestas para que a jogabilidade se adaptasse melhor aos padrões atuais. Um aspeto crucial seria implementar controlo da câmera no analógico direito, porém, inexplicavelmente, nada foi feito. Em níveis mais abertos e com espaço entre obstáculos, a inexistência do controlo da câmera não é um incómodo que estrague a experiência, mas em níveis estreitos e em sentido descendente, como o Downhill Jam ou Mall, pode criar frustração.
Tony Hawk's Pro Skater HD segue ao risco a estrutura familiar dos primeiros jogos. Em cada nível existem objetivos para cumprir, e em cada sessão de dois minutos, terão completar o maior número de objectivos possível. Estes objetivos passam por colecionar a letras S-K-A-T-E espalhadas pelo nível, alcançar uma pontuação elevada, colecionar objetos específicos para cada nível, descobrir um DVD secreto, entre outras tarefas que podem estar ou não relacionadas com a modalidade do skate. Os objetivos não são acumulativos, isto é, no caso de colecionar as letras S-K-A-T-E não podem apanhar três letras e deixar as outras para a sessão seguinte.
No final dos anos 90, Tony Hawk era altamente viciante e divertido. Tony Hawk's Pro Skater HD mantém alguma dessa essência, mas existe uma insistência em demasia nos colecionáveis, e sem a possibilidade de controlar a camera para poder olhar livremente para um nível, fica preso ao passado do passado. A Robomodo revestiu o jogo de um capa em alta-definição para ter um aspeto aceitável nas televisões HD, porém, não consegue esconder a idade. A física denuncia-o de imediato com as quedas estúpidas e inexplicáveis.
Com um legado como o da série Tony Hawk's Pro Skater, havia muito para aproveitar ou reciclar em Tony Hawk's Pro Skater HD. Torna-se difícil aceitar que apenas sete níveis tenham sido incluídos - Warehouse, School II, Mall, Hangar, Marseille, Downhill Jam e Venice Beach. Torna-se ainda mais difícil sabendo que níveis de Tony Hawk Pro Skater 3 serão lançados em forma de conteúdo adicional. Quem jogou os primeiros dois jogos, rapidamente completará todos os objetivos dos sete níveis que dão forma ao modo carreira. O que resta para fazer depois? Não muito.
Com o modo carreira completado, podem testar o nível da vossa habilidade nos modos "Big Head Survival" e "Hawkman", sendo o primeiro um modo em que a cabeça do skater não pára de crescer, e a única solução para a diminuir é continuar a fazer combos. "Hawkman" é mais difícil, e requer colecionar esferas coloridas espalhadas num local específico num determinado tempo, mas para isso terão que estar a meio de um manual, grind ou em pleno ar. E depois há o online em que podem competir diretamente contra três jogadores pela melhor pontuação.
A Robomodo poderia ter feito mais com o que tinha em mãos. Acrescentar novos objetivos não era difícil e ajudaria a manter o jogo fresco, mesmo para aqueles que já conhecem a fundo a série. Refinar a física e a jogabilidade era uma necessidade absoluta para que o HD no título representasse mais que os gráficos. E oferecer mais que sete níveis, era uma obrigação para que os 1200 pontos MS pedidos fizessem sentido.
Onde o trabalho da Robomodo se faz notar é no campo visual, onde Tony Hawk's Pro Skater renasce por completo. Os gráficos originais parecem ter sido descartados na totalidade para dar lugar aos que foram utilizados em Ride/Shred, que são naturalmente superiores e preferíveis. De notar também que o estúdio fez um esforço para manter parte da banda sonora original, e sete músicas presentes em Tony Hawk's Pro Skater 1 e 2 foram reutilizadas. As outros sete músicas são novas.
É lamentável que o caminho fácil tenha sido o escolhido. Há muito que os fãs anseiam por um regresso ao espírito de Tony Hawk's Pro Skater, pelo que este remake HD é um chamariz. Apesar do trabalho feito pela Robomodo deixar a desejar, quem anseia por um Pro Skater para as consolas desta geração ficará razoavelmente satisfeito com Tony Hawk's Pro Skater, graças aos dois primeiros jogos terem sido excepcionalmente bons quando foram lançados que ainda hoje, sem grandes retoques, conseguem entreter.