Total War: Rome II - Análise
Divide e comanda.
Temos um limite numérico correspondente ao tamanho da nossa civilização para as unidades terrenas, navais e para os agentes que podemos controlar. É possível recrutar tropas "nacionais" em qualquer zona amigável, e mesmo em terreno inimigo temos sempre acesso aos mercenários, ainda que para isso precisem de um tesouro recheado. Toda esta macro gestão está ligada ao tipo de edifícios que construímos em cada settlement, e à tecnologia que pesquisamos até então. Inicialmente estava convencido que o militar era o único caminho a seguir, mas rapidamente percebi que a população estava a passar fome e a ficar progressivamente descontente.
É importante conseguir uma boa sinergia entre os diferentes setlements, não podemos construir todo tipo de edifícios na nossa capital, e por isso é importante ter um dedicado à comida, outro ao recrutamento militar, completar as lacunas com trocas comerciais, e procurar controlar regiões com determinados recursos.
A expansão pode ser conseguida por via diplomática (estados clientes ou aliados) ou por via da força, sendo que um general experiente pode conquistar um settlement sem ser necessário iniciar uma batalha, cercando a área e esperando pacientemente que os recursos escasseiem, levando à rendição da cidade. Pode ordenar diferentes posturas para o seu exército também, ora para se movimentarem mais rapidamente pelo mapa, para fortificar um ponto, ou até para realizar emboscadas aos que por ali passarem.
Certos conflitos podem demorar dezenas de turnos, fazendo mesmo com que alguns generais acabem por morrer ora combate, ora por causas naturais, não fosse o tempo o maior assassino da história. Quando tenho um general muito ambicioso, sei que a sua promoção pode gerar uma intriga política, a minha estratégia é olhar para a idade, se tem mais de 50 anos não me preocupo muito, mesmo que seja demasiado ambicioso não vai durar muitos anos.
"Certos conflitos podem demorar dezenas de turnos, fazendo mesmo com que alguns generais acabem por morrer ora em combate, ora por causas naturais"
Ainda neste momento de gestão do império temos que lidar com um sistema político que sinceramente, contava que fosse mais profundo. As únicas coisas com que sou forçado a interagir diretamente têm a ver com certas intrigas que surgem no seio das famílias, e que requerem uma tomada de posição da nossa parte. Claro que por esta hora, somos mais uma ditadura do que uma república, apenas com Atenas a sobreviver debaixo da minha alçada, ainda assim, lembro-me de terem acusado um general de ter aceitado um suborno, e na altura eu podia ignorar, ou negar prontamente a acusação, sofrendo uma penalidade externa menor.
Até aqui tudo bem, uma curva de entrada amenizada, mais opções de escolha na abordagem ao jogo, tradições, sistema de progressão para praticamente todas as unidades, mais opções para as unidades navais também, e diferenças de fundo entre as várias fações. Mas onde o jogo é mais surpreendente e se nota o maior salto qualitativo, é nas batalhas, o coração dos jogos Total War. Claro que continua a ser possível resolver automaticamente estes conflitos, ou até cercar a cidade até à redição como referi, mas a verdadeira profundidade do jogo está no micro controlo dos batalhões nas batalhas.
O novo motor Warscape oferece uma fidelidade muito superior nestes momentos, com animações individuais que tornam a vista cinemática junto ao solo um regalo para os aficionados. As investidas de cavalaria são especialmente épicas, enviando unidades inimigas pelos ares assim que entram em contacto com o batalhão inimigo. Os generais a fazer discursos motivadores no meio de uma batalha, arqueiros a recuar depois de abordados pikeman, um caos.
Existem agora muitos mais tipos de terreno e vegetação que afecta as várias unidades de maneira diferente e um novo sistema de line of sight que julga aquilo que cada batalhão é capaz de ver mediante a sua posição, abrindo imensas possibilidades para surpreender o inimigo. Eu sou péssimo confesso, nem é pela gestão, é pela paciência que se espera de uma batalha desta magnitude, com confrontos de 40 unidades com a possibilidade de aliar uma investida terrena com navios que disparam incansavelmente sob cidades costeiras e podem também desembarcar unidades nos settlements sob ataque.
"As investidas de cavalaria são especialmente épicas, enviando unidades inimigas pelos ares assim que entram em contacto com o batalhão."
Precisam de uma boa máquina para aproveitar estes momentos na sua máxima glória, mas o jogo é relativamente amigável em termos de requisitos. O único problema que tive nesta matéria está no tempo que demora desde o momento que passamos de turno, até chegar de novo a nossa vez, dá direito a um Alt + Tab depois de passar se não tiverem grande processador e muita RAM.
Para completar, para lá da campanha é possível sermos nós a montar a nossa própria batalha (custom game), escolhendo fação, general, os diferentes tipos de infantaria e cavalaria, traits e até o terreno onde queremos que a batalha tome lugar. Adicionalmente existe uma série de batalhas históricas, estas sim, com o máximo de autenticidade possível, desde o confronto no Nilo à batalha de Cartago.
Vivemos noutros tempos, há uma década isto seria tudo o que Total War: Rome II teria para oferecer, hoje é apenas o começo, no tempo das métricas, é provável que as diferentes unidades vão sendo ajustadas para aumentar a utilização das mais ignoradas, novas fações vão se tornar jogáveis através de conteúdos adicionais, e possíveis bugs e glitches vão ser corrigidos à medida que apareçam. Não tenho dúvidas que fará as delícias dos fãs do primeiro Rome, assim como tem tudo para introduzir novos jogadores à série, Total War é um dos nomes mais fortes dentro dos jogos de estratégia, e uma das experiências mais únicas que junta a perspicácia estratégica dos TBS, com a execução tática dos RTS, preparem-se para conviver com ele por muitos e longos anos.