Tradutores de jogos Nintendo queixam-se da falta do seu nome nos créditos
Impedidos de falar. Receio de serem "boicotados".
Os tradutores contratados por empresas externas queixaram-se de não terem sido creditados em jogos de grande sucesso da Nintendo, como The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, Animal Crossing: New Horizons e Super Mario RPG. De acordo com um relatório publicado na Game Developer, profissionais anónimos que trabalharam em projetos da Nintendo afirmam ter sido excluídos dos créditos e impedidos de falar sobre o seu trabalho durante dez anos devido a acordos de confidencialidade. Obrigado Eurogamer.
Um tradutor, que prestou serviços à Nintendo através das empresas Localsoft e Keywords, afirmou que aceitava esta situação como "parte do acordo", mas sublinhou que tal não torna a prática justa. Acrescentou ainda que a falta de explicações razoáveis por parte destas empresas para a omissão de tradutores externos nos créditos reforça a perceção de injustiça.
Outro tradutor explicou que a política da Nintendo é não listar os nomes dos tradutores externos nos créditos dos jogos, o que também os impede de incluir este trabalho nos seus currículos. Esta política, segundo ele, passa despercebida em grandes títulos como Animal Crossing ou Breath of the Wild, devido à presença de tradutores internos nos créditos.
A prática de não creditar os tradutores externos foi considerada "desanimadora" por alguns profissionais, embora não seja surpreendente. Um tradutor comentou que esta situação é comum quando se trabalha com agências de tradução e que, apesar de estar aborrecido, acabou por aceitar a situação como parte do seu trabalho quotidiano. Além disso, muitos evitam levantar a questão por receio de serem "boicotados" e perderem oportunidades de trabalho.
Não é claro se a decisão de omitir os créditos é inteiramente influenciada pelas políticas da Nintendo ou pelas das agências de tradução externas. O Eurogamer, que já investigou a exclusão dos trabalhadores de localização dos créditos dos jogos, descobriu que a culpa é geralmente partilhada entre as agências e as empresas contratantes. O artigo também salientou a falta de transparência das agências e a procura de lucro como fatores que contribuem para esta situação.
O Eurogamer contactou a Nintendo, a Localsoft e a Keywords para comentar o relatório de hoje.